Danilo Eduardo Rozane
Engenheiro agrônomo, doutor e professor na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho“ (Unesp), campus de Registro e no Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
danilorozane@registro.unesp.br
Danilo Ricardo Yamane
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando – Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Produção Vegetal) na Unesp
Arthur Bernardes CecÃlio Filho
Engenheiro agrônomo, doutor e professor na Unesp, campus de Jaboticabal
William Natale
Engenheiro agrônomo, doutor e professor visitante pleno na UFPR
A atividade citrícola, sob um mercado globalizado e competitivo, e em função principalmente de problemas fitossanitários e desequilíbrios nutricionais, exige, para a efetiva permanência do empresário agrícola no campo, o emprego de todas as ferramentas e inovações tecnológicas disponíveis que possibilitem a obtenção de elevada produtividade, com redução de custos, e minimização de riscos de contaminação do ambiente, levando-se em consideração também a qualidade do produto colhido.
Neste sentido, a citricultura tem adotado diversas inovações tecnológicas e de manejos culturais ao longo dos últimos anos, destacando-se: maior adensamento no plantio, o que condicionou a necessidade da adoção da poda mecanizada, diversificação no uso de porta-enxertos, aumento das áreas manejadas com irrigação/fertirrigação, intensificação no emprego e manejo de corretivos e fertilizantes, sistematização no manejo integrado de doenças e pragas, com a utilização de menores volumes de calda e novos defensivos químicos, maior controle na análise para detecção de resíduos nos frutos, e rastreabilidade da produção.
Novo software
O software ‘CND-Citros’ possibilita a avaliação do estado nutricional das plantas a partir do método CND (“CompositionalNutrientDiagnosis“), ou seja, Diagnose da Composição Nutricional, de forma gratuita, rápida, prática e eficaz.
Assim, o empresário agrícola, de posse dos resultados da análise química de tecido foliar de seus talhões, poderá utilizar o software para interpretar o balanço de nutrientes de suas áreas, comparativamente às áreas de elevada produtividade.
O software ‘CND ” Citros’ é resultado de ampla integração público-privada, que reuniu esforços de professores, pesquisadores, técnicos, produtores e da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho“, campus de Jaboticabal e de Registro, da Universidade Federal do Ceará e do professor-pesquisador da UniversitéLaval, do Canadá, com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NÃvel Superior (CAPES).
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Vantagens
O conhecimento do estado nutricional das plantas permite determinar fatores relacionados à nutrição mineral que estão afetando a produção/rentabilidade e, assim, contribui para a adoção de programas racionais de adubação.
Uma maneira econômica e eficaz de avaliar o estado nutricional das culturas é empregar a análise química do tecido vegetal, confrontando os resultados com normas pré-estabelecidas desenvolvidas a partir de talhões de alta produtividade. Esse é o objetivo do programa “CND-Citros“, que emprega o conceito CND.
O conceito CND expressa o balanço da composição dos nutrientes do tecido vegetal na forma de valores relativos, que é a informação numérica básica para estabelecer o diagnóstico do estado nutricional das plantas.
É importante destacar que o “CND-Citros“ foi desenvolvido e pode ser empregado somente para a avaliação do estado nutricional de laranjeiras, pois utiliza parâmetros desta frutÃfera.Além da cultura do citros, parcerias e pesquisas estão sendo desenvolvidas para inúmeras outras frutÃferas, a fim de ampliar o adequado diagnóstico nutricional.
Neste sentido, já estão disponíveis para uso gratuito softwares semelhantes para as culturas da goiaba, manga, uva, atemoia, tomate e milho doce. E vem mais por aÃ.
Disponibilidade
O software está disponível para qualquer produtor. Para utilizar gratuitamente o ‘CND-Citros’ basta acessar o site http://www.registro.unesp.br/sites/cnd/
Ao entrar no site, existe um tutorial explicando os detalhes. Mas, de todo modo, para uso do software, basicamente basta seguir as etapas seguintes:
1 ” Tendo em mãos a análise química de folhas, transcreva os teores dos nutrientes nos campos correspondentes.
2 ” Após preencher todos os campos, clique no botão “Calcular“. Caso queira corrigir o valor de algum campo, é só clicar em “Alterar“ e proceder a correção. Após concluir esta análise é possível efetuar uma nova análise clicando no botão “Novo“.
3 ” Após clicar no botão “Calcular“, serão exibidos os Ãndices de equilíbrio para cada nutriente, bem como o CND-r², que representa o Ãndice de desequilíbrio nutricional global da amostra. Serão também gerados gráficos para facilitar a interpretação dos resultados em forma de radar/polar e de barras, representando, para cada nutriente, os Ãndices calculados. Em relação à população de alta produtividade, amostras com Ãndices positivos indicam ‘excesso’, e Ãndices negativos ‘deficiência’. Por outro lado, podem ser considerados como ‘adequados’ os Ãndices que tendem a zero.
4 ” Após visualizar os gráficos pode-se clicar no botão “Formulário“ e preencher todos os campos julgados relevantes para estabelecer o histórico da área.
É oportuno salientar que para o sucesso na avaliação do estado nutricional de laranjeiras pelo software “CND-Citros“, recomenda-se que a análise foliar seja realizada segundo os passos:
â–º A amostragem foliar deve ser feita em área homogênea quanto à topografia, tipo de solo, práticas de manejo, combinação da variedade copa/porta-enxerto, idade da planta, etc.
â–º Cada amostra deve conter 100 folhas, que corresponde à amostragem aleatória de 25 árvores por talhão homogêneo, coletando-se quatro folhas recém-maduras por planta (terceira ou quarta folha, de ramo com fruto terminal de 02 a 04 cm diâmetro), localizadas na altura mediana da copa e distribuÃdas nos diferentes quadrantes, geralmente no período de fevereiro a março.
â–º Coletar apenas folhas completas (limbo + pecÃolo), totalmente expandidas e sadias (sem a presença de doenças e não afetadas pelo ataque de insetos ou outros agentes).
â–º Cada amostra deve ser acondicionada em sacos de papel ou em embalagem fornecida pelo laboratório de análise. As folhas amostradas deverão ser remetidas o mais rápido possível a um laboratório credenciado para análise dos teores dos nutrientes na folha.
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