Autor
Thales Barcelos Resende
Engenheiro agrônomo e doutorando em Agronomia/Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
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A irrigação no Brasil é atualmente utilizada em aproximadamente 3,5 milhões de hectares, o que corresponde a 4% da área cultivada em nosso País. A cafeicultura, uma atividade extremamente rentável, contribui com quase 300 mil hectares irrigados.
Nas lavouras cafeeiras que contam com sistema de irrigação, é comum o proprietário optar pela utilização de uma ferramenta denominada fertirrigação, que consiste na aplicação de adubo via sistema de irrigação. Esta atividade faz com que a aplicação de fertilizantes seja mais fácil e rentável, pois uma pessoa é capaz de adubar vários hectares sem sair do lugar, ou seja, da casa de irrigação, onde estão localizadas as instalações como: filtros de água, bombas, painéis de controle e a bomba de fertirrigação.
O sistema de fertirrigação pode ser de três tipos: tanque de derivação, venturi e bombas injetoras. Em propriedades cafeeiras, o mais comum é o sistema do tipo bomba injetora, por não depender de condições de declive e pressões exteriores ao sistema de irrigação.
Para a aplicação é necessário um reservatório (caixa de água, tanque de inox, entre outros) para realizar a diluição do adubo que será jogado na lavoura, e o sistema de fertirrigação acoplado ao próprio sistema de irrigação, que fará a injeção do adubo no sistema para que este seja transportado e aplicado na lavoura.
Um ponto importante de se levar em consideração é a fonte de adubo a ser jogado, pois este deve possuir uma pureza maior que os fertilizantes convencionais utilizados, para garantir maior homogeneidade na aplicação e evitar entupimento de gotejadores, que podem comprometer a aplicação do fertilizante.
As fontes de nitrogênio mais utilizadas para este sistema são ureia, nitrato de amônio, sulfato de amônio, nitrato de cálcio e potássio, ambos na sua forma purificada.
Pesquisas
Quanto à época de aplicação dos fertilizantes nitrogenados para a cultura do café via fertirrigação, estudos realizados pela UFLA (Universidade Federal de Lavras) chegaram a resultados interessantes, em que a aplicação mais eficiente é aquela realizada em 12 parcelamentos, ou seja, uma vez por mês durante o ano. Isso aumenta a eficiência da adubação nitrogenada, pois não ocorrem perdas por volatilização (perdas mais comum de nitrogênio) devido à falta de água.
Assim, é preciso levar em consideração que na fase de formação de uma lavoura a exigência nutricional da planta é menor quando comparada a lavouras já em produção. Isso ocorre pela relação fonte-dreno, em que na formação o dreno de nutriente é baixo, enquanto na fase produtiva a exigência de nitrogênio é calculada em relação à carga que a lavoura possui, pois o fruto é um dreno alto, e por isso quando pensamos em lavouras irrigadas a produtividade é maior que a de lavouras em sequeiro.
Diversos trabalhos de pesquisa demonstram que o aumento médio de produtividade com o uso da irrigação (médias de pelos menos três safras) tem sido de 50%, quando comparado com lavouras de sequeiro, mesmo em regiões aptas para o cultivo do café, como o Sul de Minas.
Custo
O custo de implantação de um sistema de irrigação por gotejamento tem um valor inicial de R$ 7.500,00, enquanto a tecnologia de irrigação por pivô com lepas fica em R$ 6.500,00, sendo diluído com o aumento da área.