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Biorreguladores antecipam a colheita

Letícia Galhardo JorgeBióloga e doutoranda em Botânica (Fisiologia Vegetal) – IBB/UNESPleticia_1307@hotmail.com

Bruno Novaes Menezes MartinsEngenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura – FCA/UNESP e professor do Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP)brunonovaes17@hotmail.com

Pepino – Foto: Shutterstock

Os biorreguladores são compostos orgânicos, não nutrientes, semelhantes aos hormônios endógenos, que quando aplicados nas plantas em baixas concentrações promovem, inibem ou modificam processos morfológicos e fisiológicos dos vegetais, melhorando a produtividade.

São exemplos comuns as auxinas, giberelinas, citocininas, etileno, retardadores e inibidores vegetais. Além desses, existem outros grupos que estão sendo estudados por possuírem efeitos semelhantes aos dos biorreguladores comuns, como é o caso dos brassinosteroides, jasmonatos, salicilatos e poliaminas, porém, ainda são pouco utilizados na agricultura.

Atuação

As auxinas são essenciais para o crescimento vegetal, e a sua sinalização funciona praticamente em cada aspecto de desenvolvimento da planta.

As giberelinas podem promover o alongamento intenso dos entrenós em plantas anãs; a germinação de sementes; regulação da transição da fase juvenil para a fase adulta; influenciar a iniciação floral e a determinação do sexo; promover o desenvolvimento do pólen e o crescimento do tubo polínico, além de promover o estabelecimento do fruto e a partenocarpia.

As citocininas têm efeitos em muitos processos fisiológicos e desenvolvimento vegetal, incluindo a senescência foliar, a dominância apical, a formação e atividade de dreno, o desenvolvimento vascular e a quebra de dormência da gema, além de desempenharem papéis importantes na interação das plantas com fatores bióticos e abióticos, abrangendo os estresses salino e pela seca, os macronutrientes e as relações simbióticas com bactérias fixadoras de nitrogênio e fungos micorrízicos.

O etileno regula uma ampla gama de respostas em plantas, incluindo a germinação da semente e o crescimento da plântula, a expansão e a diferenciação celular, a senescência e a abscisão foliar e floral, além de respostas aos estresses bióticos e abióticos, incluindo a epinastia.

O ethephon, capaz de liberar etileno nas plantas, é o biorregulador mais utilizado na agricultura. Em estudo, plantas de pepino com quatro folhas definitivas, pulverizadas com ethephon, 400 mg L-1, anteciparam a antese da primeira flor feminina, possibilitando a colheita precoce dessas plantas. Já o ethephon, 200 a 400 mg L-1, foi capaz de aumentar o número de frutos produzidos e melhorar a qualidade dos mesmos.

Respostas das plantas

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Tem-se sugerido a utilização do ethephon no melhoramento genético do pepino. O florescimento feminino permite precocidade e aumento na produção de sementes. As respostas do pepino monoico às aplicações de ethephon são afetadas pelo sistema genético que controla a tendência feminina, sendo que o biorregulador tem influência sobre o gene, estimulando a mudança da expressão do sexo em direção ao feminino.

Em relação aos inibidores vegetais, o ácido abscísico impede o crescimento de plantas, além de induzir a senescência e a abscisão. Já os retardadores de crescimento retardam a elongação de ramos, diminuindo a divisão celular no meristema subapical.

Sendo assim, os biorreguladores são capazes de promover efeitos importantes nas plantas, de forma a alterar o desenvolvimento e a produtividade dos cultivos.

Não se engane

Os efeitos isolados dos hormônios vegetais foram bastante estudados e já conhecidos, sendo apresentados efeitos positivos e negativos de acordo com as quantidades aplicadas, períodos de aplicação, região de aplicação e culturas.

É importante que a aplicação seja realizada no estágio de desenvolvimento recomendado para cada cultura. Quanto à dose, é necessário que o produtor siga as recomendações do fabricante do produto. O custo por hectare de produto aplicado é relativamente baixo, uma vez que a quantidade diluída é pequena, quando comparada à quantidade de calda aplicada.

Em termos de produtividade

Em estudo, plantas de pepino com quatro folhas definitivas, pulverizadas com ethephon, 400 mg L-1, anteciparam a antese da primeira flor feminina, possibilitando a colheita precoce dessas plantas.

Já ethephon, 200 a 400 mg L-1, foi capaz de aumentar o número de frutos produzidos e melhorar a qualidade dos mesmos.

A aplicação de ethephon em pepino resultou na produção de flores femininas de forma sucessiva na haste principal, até o 19 º nó, causando um aumento no número destas flores em relação ao controle.

Tanto cultivares de pepino ginoico quanto monoico, como aqueles de elevada predominância de flores masculinas, responderam com aumento de flores femininas à aplicação de ethephon. Esse biorregulador promove a localização das flores femininas em nós mais basais, podendo, ainda, causar uma floração mais concentrada.

O ethephon tem também um efeito considerável na frutificação do pepino, pois em cultivares monoicos a produção de frutos é consequência direta da floração feminina. Verificou-se, também, aumento do número de frutos com aplicação de ethephon no início do florescimento.

Recomendações

A aplicação de ethephon pode ser realizada na concentração de 125 mg L-1, em pulverização, quando a planta já tiver desenvolvido duas folhas verdadeiras, com a finalidade de induzir a produção precoce de flores femininas.

Este tratamento modifica a expressão do sexo floral, facilitando a produção de sementes híbridas. Ethephon estimula a formação de flores femininas e entrenós curtos, onde, normalmente, somente flores masculinas são formadas em pepinos e abóboras ginóicos.

Vale lembrar que a modificação da sexualidade é temporária, necessitando-se fazer novas pulverizações. Além disso, pode ocorrer uma inibição temporária do crescimento dessas plantas, resultando em encurtamento dos entrenós.

Além do pepino, outras culturas apresentaram efeitos significativos com a aplicação de diversos biorreguladores. As auxinas, promotoras do crescimento, são utilizadas para a propagação de espécies vegetais.

A aplicação do ácido indolilacético (IAA) aumentou a produtividade de morango. Imersão de tubérculos-semente de batata cultivar em giberelina 10 mg L-1 promoveu precocidade e melhorou o estande na emergência das brotações.

A aplicação de benziladenina (BA) mostrou ser eficiente na quebra da dormência de sementes de pessegueiro. As citocininas também auxiliam na manutenção do metabolismo vegetal, podendo ser utilizadas na conservação pós-colheita de hortaliças folhosas.

Erros e acertos

Podemos citar como erros frequentes: concentrações inadequadas do produto em questão; época de aplicação inadequada. A temperatura e a umidade do ambiente irão determinar a velocidade com que a solução aplicada à superfície foliar irá secar. Além disso, o ângulo de contato entre a solução e a superfície foliar também devem ser levados em consideração.

Deste modo, quanto mais espalhada for a gota da solução, maior será o contato dessa com a superfície foliar e, portanto, maior será a possibilidade de absorção da mesma.

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