Maria Flaviana de Lima
Denilson Ferreira da Silva Junior
Graduandos em Agronomia – Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF, Garça SP)
Marcelo de Souza Silva – Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor – FAEF – Garça – SP –mrcsouza18@gmail.com
A mosca-branca (Bemisia tabaci) se destaca como uma praga de grande importância para a agricultura, em função da sua capacidade de danos e por ser polífaga, ou seja, se alimentar de várias culturas. Seu ataque pode grandes prejuízos, sejam diretos ou indiretos. Ao se alimentar, os insetos realizam a sucção da seiva das plantas e injetam toxinas, além de atuarem como vetores de doenças (vírus e bactérias).
A mosca-branca traz diversos prejuízos, são classificados como diretos e indiretos. Os diretos são respectivos à sucção de seiva e injeção de toxinas, que provocam o amadurecimento irregular dos frutos, que se tornam internamente esbranquiçados e com aspecto esponjoso.
E os indiretos, com a liberação de uma substância açucarada (honeydew), que provoca a proliferação do fungo Capnodium sp. (fumagina) na superfície de folhas, o que diminui a área fotossintética da planta e, consequentemente, sua produtividade, ou pela transmissão de viroses, que é o dano mais sério causado por esse inseto.
Propagação
Desde seus primeiros relatos, há mais de 100 anos, a mosca-branca vem ganhando notória importância a nível mundial, sobretudo nas regiões de clima tropical e subtropical, pois apresenta grande capacidade de adaptação a novas plantas hospedeiras e regiões geográficas, fato que contribuiu com seu hábito polífago e cosmopolita.
O transporte internacional de material vegetal e de pessoas, bem como o aumento da produção e das áreas agrícolas, tem contribuído para a sua propagação geográfica.
No Brasil, após introdução do biótipo B, a propagação e o aumento no tamanho da população de mosca-branca foram favorecidos consideravelmente, o que levou ao aumento da atenção dos produtores quanto às táticas de controle para frear seu avanço sobre as lavouras de importância econômica.
Controle
A principal forma de controle ou a maneira mais tradicional de manejar a mosca-branca se dá por meio de produtos químicos, que podem gerar problemas consideráveis se forem utilizados sem auxílio de profissional devidamente habilitado ou em situações de dosagens exageradas e de modo irracional, causando prejuízos, principalmente relacionados à contaminação ambiental, afetando a saúde dos produtores e consumidores.
Além disso, a mosca-branca apresenta rápida capacidade de desenvolver resistência às diferentes classes de inseticidas, tornando seu manejo um grande desafio aos agricultores.
O manejo mais comum no controle da mosca-branca é baseado no método químico, com o emprego de inseticidas sintéticos. Porém, há relatos de resistência do inseto a inseticidas de diversos grupos químicos disponíveis no mercado, o que pode ser evidenciado pelo aumento dos casos de surtos registrados nas regiões produtoras.
Manejo sustentável
Neste sentido, a utilização de outras ferramentas de controle vai ao encontro de uma necessidade atual. O uso de vários extratos vegetais com potencial inseticida, dentre eles o extrato de neem, vêm sendo adotados, tendo sido comprovado seus efeitos positivos no controle da mosca-branca. Isso se deve, especialmente, à eficácia do seu princípio ativo, que causa poucas perturbações ao meio ambiente.
Observa-se a intensificação das pesquisas visando inserir novas alternativas de controle no manejo de insetos-praga na agricultura, como por exemplo, uso de inseticidas naturais de origem botânica, com destaque para os derivados do neem (Azadirachta indica).
Potencial de uso
O neem e seus subprodutos (óleos/extrato) apresenta excelente potencial inseticida, sendo um dos mais conhecidos e utilizados, já existindo no mercado algumas formulações à base de extratos orgânicos (enriquecidos ou não).
O neem apresenta substâncias biologicamente ativas (Azadiractina) capazes de produzir efeito repelente no manejo da mosca-branca. No entanto, o método a ser utilizado é muito importante para o sucesso do resultado, tendo em vista a importância de aspectos como a dosagem, a época de aplicação, a quantidade e a intensidade do produto a ser aplicado.
O que de fato representa mais uma boa característica dos extratos vegetais provenientes do neem é que, além de sua capacidade de repelir pragas indesejáveis na cultura, ainda apresenta efeito deletério sobre mosca-branca, principalmente nas fases de ninfa, em que ela é pouco móvel.
Na cultura do feijoeiro, alguns estudos já indicam que o efeito do óleo de neem reduz a taxa de oviposição da mosca-branca, além de propiciar alta mortalidade de ninfas.
Manejo
A implantação dessa técnica pode ser realizada por extratos aquosos (feitos na hora com folhas e/ou frutos), que podem ser pulverizados nas folhas das plantas na face inferior e superior.
O extrato deve ser triturado com água e armazenado durante 24 horas, depois filtrada com tecido fino (“VOIL”), em seguida acrescenta-se água até obter a concentração de água de 5%.
Aplicações em concentrações maiores podem trazer resultados mais promissores em algumas culturas, sendo mais conveniente à necessidade do produtor na repelência, interrupção da alimentação ou oviposição da mosca-branca.
Essa forma alternativa de manejo possibilita uma redução de mosca-branca presente em diversas culturas, sendo que o princípio ativo do neem (Azadirachtina) apresenta um amplo espectro de ação.
Eficiência contra mosca-branca
A utilização de óleo de neem na cultura do feijoeiro acarretou eficiência de controle em torno de 85% para ovos e 95% para ovos e ninfas, respectivamente, sendo observado ainda aumento da produção da cultura do feijoeiro, visto que a mosca-branca é um fator limitante na produtividade.
A ausência de registro para muitos produtos às diferentes culturas atacadas pela mosca-branca é um fator limitante para o desenvolvimento e, consequentemente, a produtividade dessas culturas. Mas, é importante deixar claro que, por se tratar de um extrato novo no mercado, com estudos recentes sobre eficácia, há muitos erros frequentes no entendimento de produtos à base de neem, havendo muitos equívocos no entendimento da ação do óleo, visto que seu efeito está mais relacionado com a capacidade de reduzir a ingestão de alimento pelos insetos, ou seja, uma ação supressora de apetite ao invés da condução direta da morte desses organismos.