Em 2022, as 73 cooperativas apoiadas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) exportaram diretamente US$ 7,4 bilhões, o que representa 2,2% do total de exportações brasileiras. O número é significativo, mas ainda abaixo do potencial dos cooperativados, que representam 10% da população brasileira. Com o intuito de estimular a internacionalização do setor, a ApexBrasil e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) assinaram um novo Acordo de Cooperação técnica entre as instituições.
Na última quarta-feira, 9 de agosto, durante a Semana da Competitividade da OCB, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, e o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, realizaram a assinatura do instrumento de cooperação que renova a parceria iniciada em 2020. O objetivo do acordo é promover as exportações do cooperativismo, por meio de intercâmbio de informações, promoção comercial e qualificação das cooperativas para exportação.
Jorge Viana destacou a relevância do encontro para a ApexBrasil. “Nesses sete meses de gestão, eu participei de centenas de eventos. Mas esse, para mim, é o mais importante que eu participarei”, afirmou. Viana salientou a sintonia da OCB com a agenda ESG (ambiental, social e de governança), umas das pautas prioritárias da Agência atualmente, tendo em vista o papel das cooperativas no desenvolvimento econômico das comunidades locais, de maneira sustentável e equilibrada.
Outra pauta em que as organizações coincidem é na busca por maior equidade de gênero. A Diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza, que esteve presente na solenidade, ressaltou que a OCB foi uma das primeiras organizações a apoiar o Programa Mulheres e Negócios Internacionais, lançado pela Agência no início do ano. “Não é à toa que nesse novo acordo há um capítulo dedicado à questão de gênero, para que a ApexBrasil apoie mais mulheres cooperadas e cooperativas lideradas por mulheres, estimulando a participação feminina no processo exportador”, reforçou.
O caminho das exportações
Um dos mecanismos de apoio da ApexBrasil na internacionalização das cooperativas é a reserva de vagas em ações de promoção de negócios internacionais. Em 2022, 11% das vagas em feiras do agronegócio promovidas pela Agência destinaram-se a cooperativas iniciantes nas exportações. Como resultado, quase 7% dos embarques dos produtos agrícolas apoiados pela ApexBrasil foram de cooperativas, que conseguiram exportar para Europa, Oriente Médio, China, América do Sul e África do Sul.
Além disso, no âmbito do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), um dos atuais núcleos de atendimento para capacitação para exportação está voltado exclusivamente para cooperativas. Em parceria com a OCB, foram destinados cerca de R$ 820, 8 mil para preparar para exportação 50 empreendimentos cooperativos do agronegócio.
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, confirmou a importância dos mercados internacionais para as cooperativas. “Vocês construíram uma base do cooperativismo, e agora está na hora de colocar o pezinho para fora. A internacionalização do cooperativismo brasileiro é um caminho sem volta. Nós temos que ter cada vez mais estruturas globais”, incentivou Freitas.
Ana Repezza também destacou os benefícios da exportação. “Existem evidências internacionais e na própria base de empresas da ApexBrasil que mostram que empresas e cooperativas que exportam empregam mais e pagam melhores salários. Comércio exterior é, antes de tudo, um grande programa de geração de empregos e distribuição de renda”, observou.
Jorge Viana lembrou, ainda, das oportunidades internacionais que estão surgindo, fruto da diplomacia presidencial de Lula e dos esforços do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). “Desde o início do ano, foram abertos 26 novos mercados no mundo com o trabalho do governo, o que representa um grande espaço para os produtos das cooperativas. Não podemos nos acomodar só com o mercado interno, e a ApexBrasil pode ajudar nisso. A OCB e a ApexBrasil, juntas, farão um intenso trabalho para promover as exportações do cooperativismo. Contem comigo!”, reafirmou.
Das cooperativas brasileiras para o mundo
No evento da Semana da Competitividade, organizado pelo Sistema OCB, diversas cooperativas tiveram a oportunidade de expor seus produtos, inclusive algumas que já tiveram êxito nas exportações. Esse é o caso da Coopemapi, situada no Norte de Minas, que trabalha com mel, proveniente da agricultura familiar. Segundo o presidente, Luciano de Souza, toda a linha de mel orgânico é exportada, para países como Alemanha, Bélgica, Coreia do Sul e Estados Unidos.
Souza explica que o consumo médio de mel no mundo é muito superior ao verificado no Brasil: enquanto alguns países chegam a uma média anual de 1,2kg por pessoa, no Brasil esse volume é de apenas 90g. Por isso, o mercado internacional é tão interessante para o setor. O mel de qualidade exportado pela cooperativa chega nos destinos com preço alto, de R$ 200 por kg do produto fracionado, e tem feito sucesso com os consumidores estrangeiros.
A participação em feiras, como a Apimondia, Biofach e Anufood, com apoio da ApexBrasil, tem sido o caminho para a cooperativa chegar nesses compradores qualificados. “Se a gente não tiver promoção, a gente não consegue comercializar, por isso a ApexBrasil é tão importante. Também buscamos a Apex porque estamos fazendo um trabalho em prol da sustentabilidade, com reflorestamento e impacto social. E é isso que a gente quer mostrar para o mundo”, ressaltou Souza.
O norte do país foi representado pela Coopeacre, organização voltada para a comercialização de produtos extrativistas e da agricultura familiar do Acre, que reúne 35 cooperativas e associações das cadeias produtivas de borracha, castanha, frutas e café. Existente há 21 anos, a Coopeacre já exporta suas castanhas para EUA, Emirados Árabes Unidos e alguns países da Europa. Com ajuda da ApexBrasil, a exportação de castanhas já aumentou muito e, agora, o desafio é exportar também as frutas, como acerola, açaí, graviola, caju, cajá, abacaxi, goiaba e maracujá.
O presidente da cooperativa, José de Araújo, destaca o crescimento das exportações. “Nós já exportávamos castanha, mas muito timidamente. Com ajuda da ApexBrasil, participamos de várias feiras e temos várias outras programadas. Na última, conseguimos vender 8 contêineres de castanhas que estavam estocadas. Agora só precisamos industrializar para entregar, porque vender nós já vendemos praticamente tudo. A partir de 2024, devemos começar a exportar as frutas. Estamos fazendo grandes investimentos na nossa cooperativa e vamos contar muito com as exportações. Para isso, a ApexBrasil é fundamental”, destacou.
Já representando as cooperativas lideradas por mulheres, esteve no evento a Bordana, empreendimento de 30 mulheres para a produção de itens bordados de decoração. A cooperativa foi atendida pelo PEIEX e já logrou exportar peças individuais, mas agora, segunda a idealizadora, Celma Grace, querem mais. “Fizemos a capacitação do PEIEX e estamos cada dia nos preparando mais para exportação. Exportar está no nosso planejamento estratégico. Tenho certeza de que com o apoio da ApexBrasil, e com esse convênio com a OCB, conseguiremos!”, celebrou.