Thiago Alberto Ortiz
thiago.ortiz@prof.unipar.br
Franciely S. Ponce
francielyponce@gmail.com
Silvia Graciele Hülse de Souza
silviahulse@prof.unipar.br
Engenheiros agrônomos, doutores em Agronomia e professores – UNIPAR (campus Umuarama-PR)
O inverno é o momento ideal para investir na cobertura do solo, visto que as culturas de verão não fornecem palhada suficiente. Essa prática é amplamente adotada no sistema de plantio direto, onde as plantas servem de matéria-prima para formar a matéria orgânica que promove a estruturação do solo.
Entre as espécies mais utilizadas para cobertura estão a aveia, o nabo forrageiro, o azevém, a ervilhaca, o tremoço, o centeio, o milheto e o trigo, entre outras. O sistema possibilita aumentar o tempo de persistência do material vegetal sobre o solo. No entanto, para a formação de uma boa palhada, é importante conhecer a quantidade e a durabilidade produzida pelas espécies utilizadas, a fim de maximizar o aproveitamento e a eficiência.
Na prática
A palhada no solo nada mais é do que a manutenção da matéria orgânica originada pelos restos culturais, como galhos, folhas e raízes, que formam uma cobertura no solo. Ao invés de retirar esses restos culturais e realizar o revolvimento do solo, eles são conservados, visando aumentar a disponibilidade de matéria orgânica para a próxima cultura, sem precisar revolver o solo para o início de uma nova safra.
Sob a ótica das práticas de manejo do solo, a palhada é um elemento desejável nas lavouras, pois oferece funcionalidades importantes para a proteção do solo.
Sistema Plantio Direto (SPD)
Denominado Sistema Plantio Direto (SPD), este método apresenta três pressupostos básicos: o não revolvimento do solo, a rotação de culturas e a cobertura permanente do solo com palha.
Um dos fatores que contribui para o efetivo sucesso do sistema de plantio direto é a rotação de culturas que proporcionem elevada adição de diferentes tipos de resíduos culturais ao solo. Por isso, escolher corretamente a cultura a ser inserida no sistema é de suma importância, levando em consideração, entre várias características, a geração de biomassa e a arquitetura do sistema radicular, proporcionando uma elevada adição de diferentes tipos de resíduos culturais ao solo.
Obstáculos à frente
Algumas regiões produtoras no Brasil enfrentam dificuldades quanto à efetivação do Sistema Plantio Direto (SPD), como a falta de opções de culturas para a rotação e a insuficiência da cobertura do solo. Isso pode comprometer a qualidade das lavouras manejadas com SPD, descaracterizando-as como agricultura de baixo carbono e como um sistema de produção agrícola que visa minimizar as emissões de gases por meio da conservação do solo, da redução do uso de combustíveis fósseis e fertilizantes químicos e/ou do sequestro de carbono da atmosfera.
Por isso, tem-se preconizado a adição de elevadas quantidades de resíduos culturais, compensando a rápida decomposição, a fim de manter a superfície do solo protegida durante o maior período de tempo, além de contribuir para o aumento do teor de matéria orgânica do solo. Uma elevada produção de massa vegetal de leguminosas tem sido indicada, pois essas espécies favorecem maior disponibilidade de nitrogênio às culturas cultivadas em sequência.
Ganho para o produtor
Para as culturas vegetais, a relação grão/palhada, assim como os fatores climáticos, a relação carbono/nitrogênio, as características composicionais (lignina, celulose, etc.) e a intensidade de degradação promovida pela biota do solo, são muito importantes para inferir na produção de cobertura do solo e sua longevidade.
O manejo de lavouras com a cobertura do solo por meio de palhada contribui para minimizar, ou mesmo evitar temporariamente, o impacto da gota da chuva sobre os agregados superficiais do solo, possibilitando incrementos importantes para a estruturação e estabilidade dos agregados. Desta forma, favorece-se a infiltração hidrológica, diminuindo o escorrimento superficial, já que a desagregação determinada pelo impacto da gota de chuva contribui para o selamento superficial dos poros do solo, favorecendo o seu encrostamento, o que reduz sensivelmente as taxas de permeabilidade.
Vantagens para o Produtor
Outra vantagem para o produtor, no que diz respeito à segurança alimentar e ao desenvolvimento sustentável, é a menor demanda por agrotóxicos e/ou insumos químicos, como herbicidas e fertilizantes. O manejo correto da palhada auxilia no controle de plantas daninhas, promove melhorias significativas na ciclagem de nutrientes e dissipa a radiação solar que chega ao solo, reduzindo a evaporação da água e a amplitude térmica. Essas condições são essenciais para o bom desenvolvimento das culturas em meio à biota do solo.