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Ácaro-rajado – Como obter um controle eficiente

Autores

Alexandre Pinho de Moura
alexandre.moura@embrapa.br
Jorge Anderson Guimarães
jorge.anderson@embrapa.br
Doutores em Entomologia e pesquisadores da Embrapa Hortaliças
Dyenne Christielle Pascoa Leal
Graduanda em Agronomia – Faculdade ICESP de Brasília e bolsista da Embrapa Hortaliças

Pertencente à família das rosáceas, o morangueiro (Fragaria x ananassa Duchesne) é uma hortaliça de grande aceitação pelos mercados consumidores. No Brasil, a produção anual dessa hortaliça gira em torno de 100 mil toneladas, sendo os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, além do Distrito Federal, os maiores produtores.

Condições ideais

O morangueiro é uma planta herbácea, rasteira, perene, adaptada a clima frio, que possui alta demanda hídrica durante todo o ciclo, sendo cultivada principalmente em regiões com altitude em torno de 1.000 m, onde ocorrem condições climáticas mais apropriadas para seu cultivo.

A temperatura ambiental da localidade de cultivo influencia diretamente na qualidade dessa hortaliça, uma vez que temperaturas elevadas aumentam a acidez do fruto, tornando-o sem sabor, sem aroma e com consistência mole.

Plantas de morangueiro utilizadas para o cultivo nas regiões centro-sul do País são menos exigentes ao frio, permitindo o plantio em temperaturas amenas. Os canteiros destinados ao cultivo do morangueiro devem ser cobertos com “mulching” plástico para evitar que o fruto mantenha contato com o solo, reduzindo a ocorrência de apodrecimento do fruto, o crescimento de plantas invasoras e atuando na manutenção da umidade do solo.

É importante salientar, no entanto, que algumas das condições ambientais e de cultivo que favorecem o bom desenvolvimento da cultura do morangueiro podem propiciar a ocorrência de alguns problemas fitossanitários, dentre eles, o ataque do ácaro-rajado, Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae), considerado praga-chave e fator limitante para a cultura do morangueiro.

Ocorrência do ácaro-rajado

Adultos do ácaro-rajado medem cerca de 0,3 mm de comprimento, ou seja, são animais muito pequenos e que, em algumas circunstâncias, podem passar despercebidos na lavoura até que sua população já tenha atingido níveis elevadíssimos.

O ácaro-rajado é beneficiado pela presença de poeira, principalmente em cultivos de morangueiro localizados próximos a estradas. Quando da realização de plantio escalonado dessa cultura, sua disseminação é realizada facilmente por intermédio do vento, de uma lavoura mais velha para uma mais nova.

Temperaturas elevadas e condições de baixa umidade relativa do ar favorecem o crescimento populacional dessa espécie. Temperaturas por volta de 30°C são consideradas ótimas ao desenvolvimento do ácaro-rajado, enquanto que em baixas temperaturas o ácaro-rajado apresenta pouca atividade.

Injúrias causadas ao morangueiro

O ácaro-rajado ocorre, geralmente, em reboleiras no cultivo, atacando a face inferior das folhas do morangueiro, onde se alimenta por meio da sucção da seiva. As folhas atacadas apresentam manchas difusas de coloração avermelhada, que progridem para necrose, com posterior queda acentuada e prematura de folhas.

Em ataques severos o ácaro-rajado pode causar a morte das plantas. O fruto, quando atacado, fica endurecido, seco e com coloração marrom.

Monitoramento do ácaro-rajado

Com vistas a identificar a presença do ácaro-rajado na lavoura, bem como avaliar seu nível populacional, deve-se realizar seu monitoramento uma a duas vezes por semana, por meio da contagem do número de adultos presentes por folíolo, com o auxílio de uma lupa de aumento de 10x.

Deve-se coletar um folíolo por planta de morangueiro, avaliando-se cinco plantas por ponto amostral, em um total de 20 pontos de amostragem por talhão, totalizando 100 plantas avaliadas.

Em períodos de maior incidência da praga, como em épocas de baixa umidade relativa do ar e temperaturas elevadas, deve-se aumentar a frequência das amostragens, dando-se maior atenção aos sinais de clorose, à presença de folhas secas e de teias.

Métodos de controle

Vale lembrar que o sucesso no controle do ácaro-rajado em morangueiro depende não apenas da aplicação de uma das medidas a serem descritas a seguir, mas da aplicação de todas elas em conjunto, de forma integrada, de modo a favorecer o rápido e bom desenvolvimento da cultura e desfavorecer a chegada da praga à lavoura e/ou seu estabelecimento e crescimento populacional.

Dentre as medidas de controle recomendadas, destacam-se a utilização de mudas sadias, livres de ácaros, insetos e/ou doenças, oriundas de fornecedores idôneos. Antes da implantação da lavoura deve-se cultivar plantas ao redor da área de cultivo que possam ser utilizadas como quebra-ventos ou barreiras vivas.

Deve-se evitar o escalonamento de plantio em áreas próximas. O plantio de novas lavouras deve ser realizado sempre no sentido contrário ao vento predominante, de modo a desfavorecer o deslocamento da praga dos cultivos mais velhos para os mais novos, haja vista o ácaro-rajado utilizar o vento como forma de dispersão.

Recomenda-se evitar o plantio do morangueiro nas proximidades a outras plantas hospedeiras do ácaro-rajado, tais como as culturas da berinjela, jiló, maxixe, pepino, pimentão, vagem, etc. É importante realizar sucessão e rotação de cultivos com culturas que não sejam hospedeiras do ácaro-rajado.

Ao final de cada ciclo de cultivo, realizar a destruição e a incorporação de restos culturais, bem como evitar a manutenção de cultivos abandonados.

Manejo biológico

Deve-se, também, sempre que as condições ambientais do local do cultivo permitir, realizar o controle biológico do ácaro-rajado por meio do uso dos ácaros predadores Neoseiulus californicus McGregor e Phytoseiulus macropilis (Banks) (Acari: Phytoseiidae), considerados agentes de controle bastante eficientes, pois alimentam-se de ovos, larvas, ninfas e adultos do ácaro-rajado.

A espécie N. californicus deve ser liberada nas lavouras de morangueiro no início das infestações do ácaro-rajado, sendo efetuada em reboleiras. Por outro lado, P. macropilis somente deve ser liberado nas lavouras em altas infestações do ácaro-rajado, uma vez que em baixas infestações da praga essa espécie de ácaro predador migra para outras áreas na busca por alimento em abundância.

Cuidados

Essas espécies de ácaros redadores já são produzidas massalmente e comercializadas por empresas especializadas no Brasil. Conforme mencionado anteriormente, a utilização destes predadores é bastante dependente do clima da localidade onde o cultivo está implantado, principalmente da umidade relativa do ar.

Para que o controle do ácaro-rajado por meio do uso desses predadores ocorra de forma eficiente, é necessário que a umidade relativa do ar seja de, no mínimo, 60%, considerada favorável ao seu desenvolvimento e à sua atuação como agente de controle biológico.

Além disso, também se faz necessária a existência de fontes alternativas de abrigo e de alimento nas proximidades do cultivo, como plantas que produzem flores, para que estes ácaros possam se manter, mesmo que em baixos níveis populacionais do ácaro-rajado.

Manejo químico

No que diz respeito ao controle químico do ácaro-rajado, este apenas deve ser realizado em caráter emergencial, quando forem observados, em média, 10 ácaros por folíolo, por meio do uso de acaricidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a cultura do morangueiro.

É importante ressaltar que se deve realizar a rotação dos acaricidas em relação ao seu modo de ação, de forma a evitar a seleção de populações do ácaro-rajado resistentes a esses compostos.

Deve-se, também, respeitar as doses e períodos de carência de cada um dos acaricidas registrados para o controle do ácaro-rajado na cultura do morangueiro, principalmente para aplicações realizadas durante o período de frutificação da cultura, de modo a se evitar a presença de resíduos desses compostos nos frutos, quando da colheita.

Alternativamente e de forma complementar às medidas de controle descritas anteriormente, pode-se efetuar o controle do ácaro-rajado por meio da pulverização de calda sulfocálcica ou de óleo mineral, de óleo vegetal emulsionável ou de inseticida à base de extrato de sementes de nim, na concentração de 0,5%.

Dois são mais que um

A utilização conjunta do ácaro predador N. californicus e de acaricidas no controle do ácaro-rajado é possível, uma vez que essa espécie de agente de controle biológico apresenta tolerância a vários desses compostos. Por outro lado, P. macropilis deve ser utilizado, preferencialmente, em áreas de produção orgânica ou de produção integrada, onde a aplicação de acaricidas e de outros agrotóxicos não é realizada ou ocorre de maneira moderada, respectivamente, já que essa espécie se mostra suscetível a vários desses produtos.

Por ser uma praga que ocorre em reboleiras, recomenda-se realizar seu controle, por meio da aplicação de agrotóxicos, de forma localizada no cultivo, ao invés de controlá-la em área total, causando menos impacto negativo sobre os agentes de controle biológico presentes no plantio, bem como reduzindo os gastos com agrotóxicos e a presença de resíduos nos frutos.

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