Pela primeira vez no país, tecnologia, mobilidade e agricultura familiar se unem em um grande acordo estratégico de colaboração comercial que tem por objetivo financiar e desenvolver tecnologias sustentáveis. Trata-se da parceria inédita entre a Autopass – empresa brasileira privada de soluções para mobilidade e bilhetagem eletrônica –, a CONAFER (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais) e a Sthorm – centro de inteligência brasileiro, com parceiros internacionais, que se dedica ao desenvolvimento tecnológico e às descobertas científicas para resolver problemas globais.
“Pela primeira vez no Brasil é estabelecida uma aliança estratégica e comercial para proteger a biodiversidade, fomentar a mobilidade social, o desenvolvimento tecnológico sustentável, o fortalecimento das cadeias de produção agrícola supridas por pequenos produtores rurais e de agricultura familiar e povos originários e a transição para uma bioeconomia regenerativa e cíclica, fundamentada em princípios de finança regenerativa”, explica Rodney Freitas, CEO da Autopass.
A iniciativa será anunciada a lideranças globais e tomadores de decisão durante a COP28, 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que acontece até 12 de dezembro em Dubai, Emirados Árabes.
Como funciona – Uma parcela do valor da bilhetagem eletrônica emitida pela Autopass será transformada em ativos financeiros – créditos de bioma – que gerarão recursos para que os grupos citados possam proteger a biodiversidade em que estão inseridos. A parceria também garantirá dignidade para que os povos originários e tradicionais permaneçam em seu território.
Ou seja: quanto maior a utilização do sistema de bilhetes eletrônicos no transporte público que a Autopass oferece em São Paulo, mais recursos serão disponibilizados para o projeto. É a conexão sustentável entre a vida urbana e a sustentabilidade rural.
Como é calculada a emissão dos ativos de conservação de bioma – Por meio da PlanetaryX – plataforma de tecnologia climática que utiliza Inteligência Artificial e blockchain para emitir ativos comercializáveis –, será possível fazer um cálculo estimativo do valor para se manter intocável determinada área com sua fauna e flora. A partir daí serão emitidos ativos financeiros que vão gerar recursos para que a população a ser beneficiada diretamente possa se comprometer com a conservação do bioma em suas comunidades e propriedades.
Segundo estimativas das empresas parceiras, a emissão de Ativos de Conservação de Bioma (BCAs) que possam ser emitidos em terras de associados à Confederação (terras cadastradas e regulares), tem potencial de gerar US 72 bilhões anuais a serem distribuídos para essa população, muitas vezes em situação vulnerável. A verba deverá ser utilizada na proteção da biodiversidade com viabilidade econômica.
Atualmente, a CONAFER reúne mais de 1,8 milhões de propriedades associadas, o equivalente a quase 20% do território brasileiro, impactando mais de 8 milhões de pessoas, o que inclui comunidades indígenas de 157 etnias diferentes. Como referência, a área de reserva natural sob gestão do CONAFER equivale aos territórios, somados, de Alemanha, França, Inglaterra e Espanha.
Pablo Lobo, fundador e CEO da Sthorm, explica que “com essa aliança, uniremos conhecimento científico avançado e práticas sustentáveis para enfrentar problemas ambientais críticos, de pandemias a mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que trabalhamos para assegurar a biodiversidade e a sustentabilidade econômica das comunidades que dependem desses ecossistemas.”
A PlanetaryX – que tem Bob Richards como seu cofundador e diretor científico, também cofundador da Singularity University – é um dos maiores projetos de preservação de biodiversidade e combate ao desmatamento presente na COP28, além de ser o primeiro projeto que efetivamente remunera o pequeno produtor rural, ribeirinhos e comunidades indígenas, engajando esses grupos na proteção dos biomas.
Monitoramento e combate a incêndios – Outra ferramenta que irá integrar essa parceria é a Hãmugãy, plataforma para monitoramento e combate a incêndios florestais no Brasil, desenvolvida pela CONAFER. A aliança prevê que Hãmugãy tenha uma interface integrada com a plataforma de emissão de BCAs da PlanetaryX para levantar informações direto dos locais onde os ativos serão emitidos, fazendo com que os BCAs sejam os primeiros ativos de conservação e regeneração de biomas a disponibilizar dados concretos das comunidades originárias em que habitam aqueles que protegem florestas e biomas remanescentes, constituindo “o primeiro canal direto com os verdadeiros guardiões da vida, do planeta”, comenta Pablo Lobo.