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Adjuvantes otimizam eficiência da aplicação aérea

Crédito Shutterstock

Vitor Muller Anunciato
vitor.muller@gmail.com
Roque de Carvalho Dias
roquediasagro@gmail.com
Engenheiros agrônomos e mestre em Proteção de Plantas e doutorandos em Agronomia – UNESP/FCA
Leandro Bianchi
leandro_bianchii@hotmail.com
Samara Moreira Perissato
samaraperissato@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres em Produção Vegetal e doutorandos em Agronomia – UNESP/FCA
Ronaldo Machado Junior
Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e doutorando em Genética e Melhoramento – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
ronaldo.juniior@ufv.br

Os adjuvantes são um conjunto de substâncias ou compostos sem propriedades fitossanitárias, exceto a água, que são utilizados com a finalidade de aumentar a eficácia, facilitar a aplicação e diminuir os riscos do uso dos defensivos agrícolas.
Esses podem surtir diferentes efeitos, como a estabilização do pH da calda, evitar a formação de espuma, diminuir a tensão superficial da calda, ajudar na aderência e espalhamento da gota na folha, entre outros fatores, efeitos esses já conhecidos da pulverização terrestre e aérea.
Na pulverização aérea as categorias de volume de calda são divididas em alto volume, vazão que varia de 40 a 60 litros por hectare, cobrindo de 30 a 40 hectares por hora; baixo volume, com vazão de 10 a 30 litros por hectare, realizando a aplicação de 60 a 70 hectares por hora; ultrabaixo volume, em que a vazão é menor que cinco litros por hectare e pode-se realizar a aplicação em 80 a 120 hectares por hora.
E, por fim, o baixo volume em óleo (BVO®), com vazão que varia de dois a 20 litros por hectare, cobrindo até 140 hectares por hora. Essa última técnica possui alta eficiência na velocidade de pulverização, além da utilização do óleo atuando como protetor das gotas contra os efeitos de altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar, condições climáticas comuns em todo o Brasil.
Tradicionalmente os óleos são utilizados para melhorar a penetração e a absorção dos defensivos no alvo, porém, em altas concentrações pode promover uma relativa redução do potencial de evaporação das gotas.
Assim, quanto maior for o percentual de óleo na calda, menor será sua fração sujeita à evaporação durante a aplicação, por exemplo, no BVO® é utilizado de 5,0 a 10% de óleo no volume da calda.

Qual escolher?

O tipo de óleo a ser utilizado no BVO® e sua concentração devem ser referenciados por uma recomendação do fabricante, contudo, em sua maioria são utilizados óleos vegetais, devido a sua característica de serem biodegradáveis e possuírem menores efeitos tóxicos nas plantas, diminuindo o impacto ambiental e econômico da utilização dos mesmos.
De modo geral, utiliza-se o óleo de soja, puro ou aditivado. “Aditivar” o óleo vegetal com emulsificante é necessário para que o este seja capaz de se misturar com a água, facilitando a mistura dos defensivos agrícolas principalmente quando esses são formulações SC (soluções concentradas), SAC (soluções aquosas concentradas) e PM (pós molháveis), componentes mais difíceis de misturar com os óleos vegetais puros.
A prática no campo Estudos realizados pelo Centro Brasileiro de Bioaeronáutica (CBB) mostram que a utilização do BVO® com vazão de 10 litros ha-1 no controle de doenças de final de ciclo e ferrugem asiática da soja tem um ganho de 5,0 a 7,5 sacas de soja em relação ao controle realizado com técnicas de AV com vazão de 30 litros ha-1.
Outro resultado muito importante da utilização do BVO® é o controle do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis), quando comparado com a AV. A principal diferença é que altos volumes de caldas tendem a ter uma porcentagem maior de gotas grossas, entre 200 e 400 micras, e a porcentagem de gotas finas, produzidas nessas aplicações, não consegue obter o potencial do controle satisfatório para o controle da praga.
Além disso, gotas menores à base de água sofrem os efeitos climáticos e evaporam com maior facilidade, diminuindo a eficiência da aplicação. Essa diferença pode chegar a 39% a mais de mortalidade de bicudo quando utilizado o BVO®.
A técnica, quando utilizada com equipamento e calibragem corretos, forma uma neblina homogênea com gotas finas, 80 a 200 micrômetros, que por estarem em mistura básica de óleo emulsificado ou óleo degomado mais 2,5% de emulsificante possuem maior resistência à volatilização e garantem maior eficiência da aplicação.

Erros frequentes

Devido à grande diversidade existente nos procedimentos e modos de preparo das diferentes caldas de pulverização, algumas delas podem apresentar problemas de estabilidade no tanque e alta variação de pH, podendo influir no resultado biológico dos tratamentos.
A falta de estabilidade dessas caldas está relacionada ao fato de que os óleos se separam dos solventes contidos nas formulações comerciais dos defensivos quando misturados para aplicação, podendo influenciar na qualidade da aplicação pela interação entre as características dos líquidos a serem aplicados e os mecanismos de formação da pulverização, como vazão, formação e distribuição das gotas e padrão de distribuição volumétrico, resultando em tratamentos de baixa eficiência, aumentando os riscos de deriva e contaminações ambientais.
Para evitar erros de incompatibilidade no preparo das caldas de pulverização deve-se seguir uma ordem de adição dos componentes, orientando-se pelas recomendações das bulas e do agrônomo responsável.
De maneira geral, deve-se iniciar a mistura pela adição do óleo, emulsificante e produtos que possuam a formulação CE (Concentrados Emulsionáveis), pois esses são facilmente absorvidos pelo óleo e ajudam na absorção dos outros produtos mais difíceis de se misturar e, por último, adiciona-se a água.
Destaca-se, também, a mistura prévia em água de produtos que sejam PM (pós molháveis), micronutrientes ou nitrato de potássio e essa mistura com água deve ser adicionada por último. Recomenda-se o uso de uma agitadora e medição do pH da calda, visando garantir a eficiência biológica da aplicação.
Não é recomendada a pulverização de mistura que não apresente homogeneidade após um minuto de preparo, já para aquelas que se separam entre cinco a 30 minutos é necessária a circulação contínua da calda.

Como implantar a técnica

A técnica normalmente é aplicada pela contratação de empresas especializadas, sendo essas responsáveis por 68% da frota nacional de aviões agrícolas. Para aqueles que possuem avião particular, são necessárias algumas adaptações para a utilização do BVO®, como os atomizadores, que devem ser do tipo rotativo, com excelente formação de gotas ou o atomizador tela, que possui maior maleabilidade em relação ao volume de calda aplicado.
Atomizadores rotativos de disco (ARD) podem produzir até 90% do volume do líquido pulverizado, em gotas finas, contra 70% dos atomizadores rotativos de tela e 44% dos bicos hidráulicos, além de uma formuladora piloto, para garantir a qualidade da mistura da calda que se deseja aplicar.
Sensores de inversão térmica, laser altímetro e estações meteorológicas são equipamentos que facilitam e otimizam a utilização da pulverização BVO® – biblioteca especializada e treinamento do pessoal devem ser adquiridos.
Verificar a quantidade de gotas finas também é de extrema importância para a efetividade da técnica. A verificação é realizada com um kit medidor de gotas finas, ou papel hidro sensível.

Manutenção

A manutenção e calibração dos equipamentos é semelhante à calibração efetuada para aplicações nos sistemas convencionais. Sendo o BVO® um sistema de aplicação indireta com gotas finas, as faixas de cobertura são muito maiores do que as convencionais, logo, não há necessidade de ajustes finos no que diz respeito à faixa de deposição.
Uma vez calibrada a aeronave, deve–se evitar as aplicações com ventos de velocidade inferior a 3,0 km/hora e os voos baixos, a fim de escapar de faixas sem tratamento, assim como velocidades de vento superiores a 15 km/hora, que podem provocar efeito deriva.

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