O Brasil é uma potência mundial no agronegócio e é o maior produtor global de soja, açúcar, café e laranja. Apesar disso, o país investe pouco na comunicação do setor, como apontam diversos especialistas no evento Comunicação em Foco: Agora é a Vez do Agro, promovido pelo Master em Gestão e Marketing do Agronegócio da ESPM.
“A comunicação ainda não é tratada como prioridade nas empresas de agronegócio. Metade dos setores de comunicação no agronegócio tem no máximo três pessoas e mais da metade dos departamentos são liderados por analistas — o que indica o baixo prestígio da comunicação nessas empresas”, afirma Nicholas Vital, jornalista especializado em agronegócio.
Além dos baixos investimentos dentro das organizações, a alta fragmentação do setor é outro obstáculo apontado pelos especialistas. “O agronegócio é um setor grande, mas muito fragmentado. Exatamente por isso construímos o movimento Todos a Uma Só Voz, para conectar a cadeia produtiva do agronegócio, construindo uma narrativa unificada e fortalecendo a imagem do setor para a sociedade”, diz Ricardo Nicodemos, diretor do movimento.
Para Roberto Araújo, engenheiro agrônomo e líder em educação na CropLife Brasil, o caminho para acertar na comunicação do agronegócio está na valorização da ciência. “Uma boa comunicação do agronegócio com a sociedade deve valorizar a ciência, a pesquisa e a tecnologia aplicadas com sustentabilidade. Temos que criar redes de cooperação para difundir mais as boas práticas do setor, contar mais as histórias de sucesso e combater a desinformação, que não leva em conta dados científicos sobre o setor”, afirma.
De acordo com Andreia Lima, superintendente do Banrisul Agro, essas redes de cooperação não devem existir somente do agronegócio para a sociedade, mas também na própria capacitação entre os produtores. “Há grande diversidade dentro do agronegócio. Por isso, a estratégia de comunicação para os produtores também tem que levar em conta conteúdos de capacitação tecnológica e tendências futuras, com atenção especial para cada cultura. Aqui, a comunicação também tem um papel fundamental”, diz.
Cleiton Vargas, vice-presidente de Farming Solutions da Yara Américas, sustenta que o agronegócio terá que reinventar sua comunicação em um cenário muito diferente das últimas décadas. “Nos próximos 50 anos, precisaremos produzir mais alimentos que nos últimos 10 000 anos combinados. Toda essa quantidade será produzida em um planeta com cada vez menos espaço, menos recursos e com problemas climáticos e ambientais. Nesse cenário, é preciso comunicar como o agronegócio fará mais com menos e elevando a qualidade dos produtos”, diz.