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Alerta: ácaros podem fazer estrago na lavoura de algodão

Fotos: UFRGS

Milleide Silveira Santos
Gyovanna de Paula Silva
Bolsistas – Embrapa Algodão
Bruna Mendes Diniz Tripode
Analista – Embrapa Algodão
José Ednilson Miranda
Pesquisador – Embrapa Algodão

A ocorrência de ácaros fitófagos nas lavouras promove danos significativos no algodão, pois a infestação pode causar perdas diretas de até 40% na produtividade de algodão e comprometimento da qualidade da fibra (o que pode inviabilizar a comercialização do lote de plumas onde o problema foi detectado).

Ataques da praga provocam inicialmente sintomas de clorose nas folhas, por comprometerem a atividade fotossintética. A seguir, surgem manchas avermelhadas entre as nervuras, necrose e queda das folhas. Isto ocorre porque os ácaros se alimentam do conteúdo interno das células da folha do algodoeiro.

Plantas injuriadas

Plantas injuriadas têm seu ciclo encurtado, já que a planta é induzida a produzir e amadurecer precocemente suas estruturas florais. Em casos de ataques tardios, a planta tenta compensar o ataque com a produção de novas estruturas, porém, estas não amadurecerão a tempo de se abrirem na forma de capulho e com fibras também amadurecidas.

Aí, então, a planta terá em seus ramos, ainda que no momento da colheita, capulhos imaturos que vão gerar fibras de má qualidade, frágeis e quebradiças. Fibras de má qualidade podem comprometer o lote de algodão e dificultar sua comercialização.

Condições para o ataque

No algodoeiro ocorrem com mais frequência duas espécies de ácaros, o ácaro rajado (Tetranychus urticae) e o ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus).

No caso do ácaro rajado, tempo seco, quente e com baixa umidade relativa do ar são as condições mais favoráveis para sua rápida proliferação. Locais com ocorrência de veranicos sofrem com surtos populacionais dessa espécie porque as plantas estarão com estresse hídrico.

Além disso, o ácaro-rajado em condições favoráveis pode ser fortemente tolerante ao controle químico, com resistência a inseticidas e, inclusive, a alguns acaricidas.

Por outro lado, o ácaro-branco prospera em condições de tempo nublado e chuvoso. Ambientes sombreados e com temperaturas altas são ideais para a proliferação e reprodução da espécie, que, por conseguinte, aumentam sua população.

Amostragens

Para estratégias de controle dos ácaros, é recomendado previamente a realização de amostragens periódicas e frequentes na área de cultivo, técnica necessária para a detecção e identificação desses ácaros-praga.

Inspeções são feitas pela detecção das injúrias causadas por cada tipo de ácaro, com objetivo de observar a presença da praga e, com o auxílio de lupa de bolso, identificá-la.

Após a amostragem, o controle deve ser feito com inseticidas-acaricidas, acaricidas específicos e/ou com controle biológico. Quando os surtos populacionais são detectados no início da infestação, em reboleiras, o controle localizado é uma prática econômica.

Nos casos de aumento da população de ácaros para o restante da área, a presença de ácaros em 30% das plantas vistoriadas determina o nível de controle.

Produtos eficientes

Os acaricidas comerciais mais eficientes para o controle químico no algodoeiro são à base de abamectina, propargite, acefato e diafentiurom, todos já bem conhecidos do agricultor. No entanto, acefato não é seletivo e diafentiurom é medianamente seletivo a inimigos naturais de pragas.

Novas moléculas surgiram no mercado, com destaque para produtos do grupo químico dos pirazóis (como tolfenpyrad, clorfenapir e fenpiroximato) e das isoxazolinas (isocicloseram), os quais apresentam alta eficiência de controle de ninfas e adultos.

Controle biológico

Hoje, já existem no mercado brasileiro, bioinsumos comerciais à base de ácaros predadores. Ácaros da família Phytoseiidae são importantes predadores naturais de ácaros fitófagos.

Produtos contendo ácaros predadores, como Phytoseiulus macropilis e Neoseiulus californicus, apresentam alta eficiência de controle dos ácaros-pragas, com as vantagens de serem específicos, atóxicos e seletivos, não causando desequilíbrios de insetos-pragas e não agridem o meio ambiente.

Identificação dos ácaros

Os ácaros podem ser identificados pelas amostragens periódicas, as quais devem ter intervalos de, no máximo, cinco dias, entre os 20 dias após a germinação das plantas e a fase de abertura de capulhos.

As amostragens vão determinar os focos de ocorrência dos ácaros e ações tempestivas impedem a dispersão dos ácaros para a área total.

Desafios

Amostragens não representativas ou efetuadas em intervalos muito longos acabam escondendo o problema e infestações iniciais de ácaros em reboleiras se dispersam rapidamente para toda a área, obrigando a tomada de decisão de controle em área total, o que é caro e menos eficiente, além de promover perdas pelo ataque dos ácaros.

Estas amostragens são especialmente importantes nos momentos em que o clima está favorável à ocorrência do ácaro rajado ou do ácaro branco.

A utilização de inseticidas do grupo dos piretroides também compromete o manejo de ácaros, uma vez que tais produtos são incitadores de locomoção de ácaros. Maior movimentação significa mais possibilidade de dispersão. Além disso, aplicações de inseticidas neonicotinoides causam aumento da população de ácaros.

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