Algas antiestressantes para o feijoeiro

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Crédito: Sebastião Araújo

João Roberto de Mello Rodrigues

Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e pesquisador da Epamig (Campo Experimental de Lavras)

jrmello@epamig.br

A alga Lithothamnium calcareum pertence ao grupo das algas vermelhas ourodofíceas, da família das Coralineacea, sendo de aspecto calcário, pois absorve o carbonato de cálcio e o magnésio.

São utilizadas em seu estado natural, após passarem por processo de lavagem, desidratação e moagem. O calcário pode ser usado na correção e fertilização do solo, nutrição animal e humana e empregado na indústria de cosméticos.

A alga Lithothamnium é fonte de cálcio e magnésio, com presença de ácido húmico bioativo, fontes naturais de bioestimulantes.

Bioestimulantes são uma mistura de hormônios com compostos de natureza química diferente, tais como aminoácidos, vitaminas, sais minerais etc. Por afetarem de alguma forma o desenvolvimento vegetal, são compostos amplamente utilizados na agricultura, especialmente em condições de estresses abióticos, como: seca; calor; radiação; salinidade; baixa fertilidade do solo e geadas; e estresses bióticos, como: doenças; nematoides e pragas.

Podemos considerar os extratos de algas também como agentes antiestressantes, uma vez que afetam o sistema das plantas, aumentando a tolerância do vegetal frente a condições ambientais adversas e melhorando a capacidade de recuperação após o estresse, o que pode potencialmente incrementar ou, ao menos, manter a produção das plantas, mesmo sob condições não ideais de cultivo.

Para o feijoeiro

Em avaliação do Lithothamnium como corretivo da acidez do solo e fonte de nutrientes para o feijoeiro, os autores Paulo César de Melo e Antônio Eduardo Furtini Neto observaram praticamente o mesmo efeito que o calcário dolomítico comercial na correção da acidez e na saturação por bases, utilizando-se a dose para V a 70%.

O Lithothamnium promoveu, nos três solos, a elevação dos teores de cálcio e magnésio, aumento nos valores de pH e saturação por bases e consequente redução na saturação por alumínio, podendo o produto ser utilizado como corretivo e fertilizante. Esses efeitos promoveram melhores condições de nutrição, crescimento e produção do feijoeiro.

Após a realização deste trabalho, torna-se possível estudar com maior profundidade as espécies que se mostraram promissoras, isto é, U. fasciata, B. seaforthii e Lemna sp.. Há, também, a necessidade de mais estudos na identificação dos compostos envolvidos nos processos de controle da doença e elucidar com exatidão os modos de ação desses compostos na planta e/ ou no fungo, o que nos mostra a possibilidade de uso na prevenção de doenças.

Tendências

O produtor brasileiro tem um grande desafio, frente à baixa fertilidade dos solos tropicais e alto valor dos fertilizantes.

Como recurso marítimo abundante na costa brasileira, as algas marinhas exibem grande potencial de utilização na agricultura, promovendo a produção de alimentos saudáveis com a melhoria de rendimento comercial por meio de estímulos de fluxo de fonte para dreno e crescimento e raízes finas, com melhor aquisição de nutrientes.

Quando diminuímos o uso de adubos químicos e defensivos com a troca por algas, há menor custo produtivo. E, na agricultura orgânica, esta é uma fonte de macro e micronutrientes aceita.

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