Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)
Minas Gerais é o principal produtor de batata do Brasil – responde por 35% da safra, e a situação no país não é muito diferente do que ocorre pelo mundo. Fatores climáticos podem ser decisivos para a qualidade e a produtividade, sendo que o preço praticado nos últimos meses está bem mais alto que a média, algo ocasionado pelos dias encobertos e pelas chuvas fora de época. Mesmo com excelentes preços, muitos produtores se queixam de não terem obtido lucros, devido à baixa produtividade e ao custo alto.
As algas marinhas
As algas marinhas favorecem a divisão celular pelo fato de serem ricas em estimulantes naturais e nutrientes, o que melhora o enraizamento dos vegetais. Também podem propiciar a produção de fitoalexinas indutoras de resistência das plantas às doenças e pragas, fortalecendo os mecanismos de resistência dos vegetais.
Atuação das algas
Para entender as causas dos benefícios da inclusão de extratos à base de algas marinhas no sistema agrícola de produção, é necessário conhecer o que são tais organismos. Algas marinhas são seres vegetais, unicelulares ou pluricelulares que fazem fotossíntese.
Nutrem-se dos elementos ativos do mar e contêm boas concentrações de sais minerais, sendo fonte natural de macro e micronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Fe, Mn, Cu e Zn) e aminoácidos (alanina, ácido aspártico e glutâmico, glicina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, tirosina, triptofano e valina).
São fontes das vitaminas A, B1, B3, B6, B12, C, D e E e de outras substâncias, como glicoproteínas (a exemplo do alginato), que podem funcionar como bioestimulantes vegetais. As algas marinhas são ricas em estimulantes naturais como auxinas (hormônios do crescimento que governam a divisão celular), giberelinas (que induzem à floração e ao alongamento celular) e citocininas (hormônios da juventude).
O emprego das algas marinhas no sistema produtivo pode propiciar a produção de fitoalexinas (indutoras de resistência das plantas às doenças e pragas), fortalecendo os mecanismos de resistência das plantas. As algas são fontes de antioxidantes, substâncias produzidas a partir do metabolismo secundário das algas, que estimulam a proteção natural dos vegetais contra pragas e doenças. Favorecem a vida microbiológica do solo e tornam as plantas menos vulneráveis às variáveis abióticas, como temperatura, raios ultravioletas, salinidade, seca etc.
As algas marinhas representam uma abundante e natural fonte de potenciais elicitores, que apresentam atividade direta contra fungos e bactérias. Eles inibem o desenvolvimento de micélios e a multiplicação de bactérias, aumentam a produção de antagonistas no solo e estimulam o crescimento das plantas.
Assim, a razão dos benefícios causados à produção agrícola quando da inclusão no sistema produtivo das algas é, sem dúvida, a sua rica composição.
A bataticultura
Particularmente em relação à batata, os efeitos das algas são evidenciados, sobretudo, no enraizamento e na tuberização, consideradas épocas de acentuada divisão, expansão e diferenciação celular.
 RaÃzes mais vigorosas são fundamentais às plantas: são os órgãos responsáveis pela fixação do vegetal ao meio e pela absorção de nutrientes e água (o sistema radicular pode ser considerado a boca da planta). Os bioestimulantes naturais, presentes nos extratos, induzem à divisão e ao alongamento das células, com maior desenvolvimento do sistema radicular.