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quinta-feira, abril 25, 2024
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Algas marinhas proporcionam mais floração e produção de feijão

Autores

Talita de Santana Matos
talitasnatos@gmail.com
Elisamara Cadeira do Nascimento
elisamara.caldeira@gmail.com
Doutoras em Agronomia/Ciência do Solo – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor em Nutrição Mineral de Plantas e professor do departamento de Fitotecnia – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
glauciogenuncio@gmail.com

Crédito Luís Veigas

As algas constituem um grupo de organismos vivos que tem mostrado efeitos favoráveis sobre culturas no campo, sendo utilizadas como bioestimulantes e fertilizantes naturais – estes já vêm sendo utilizados na agricultura por muitos anos. Vários estudos têm demostrado efeitos positivos destes extratos sobre o crescimento, desenvolvimento e, consequentemente, observa-se aumento nos rendimentos das colheitas no campo.

Dentro deste grupo destaca-se o extenso grupo das macroalgas, que inclui algas verdes (divisão Chlorophyta), marrons ou pardas (Phaeophyta) e algas vermelhas (Rhodophyta), de acordo com os pigmentos que possuem.

Diversos compostos extraídos de macroalgas que apresentam atividades protetoras às plantas pertencem à classe dos polissacarídeos, importantes por apresentar uma enorme variação estrutural, podendo conter raros carboidratos e grupamentos sulfatos.

Apresentam, também, compostos com atividades biológicas pertences à classe de lectinas, terpenos e compostos fenólicos, além de, geralmente, conterem macro e micronutrientes, aminoácidos, vitaminas, citocininas, auxina e ácido abscísico, que funcionam como substâncias promotoras do crescimento.

No campo

Dentre os resultados do uso de extratos de algas, destacam-se alguns efeitos sobre o controle de doenças, indução de resistência, aumento na germinação e, consequentemente, formação de plântulas mais vigorosas, mitigação do estresse por fatores abióticos, redução da fecundidade das fêmeas de nematoides, melhoria da saúde do solo, aumento da capacidade de retenção de umidade por meio da promoção do crescimento de microrganismos benéficos do solo, além de benefícios no crescimento e rendimento das culturas agrícolas.

Estudos realizados com aplicação de extratos de algas em sementes, adicionados ao solo ou pulverizados nas culturas em estágios vegetativos e floração, demonstraram aumentos na germinação de sementes, crescimento de plantas e no rendimento de várias culturas.

Estes resultados podem estar relacionados com o aumento na absorção de nutrientes e maior desenvolvimento radicular, melhorando a formação de raízes laterais e aumentando o volume total do sistema radicular, garantindo maior volume de solo explorado.

O uso do extrato de algas induz a atividade da amilase (que são enzimas responsáveis pela transformação de amido em açúcares, disponibilizando a energia armazenada na semente para o desenvolvimento do eixo embrionário) independente de giberelina (hormônio que induz a germinação), aumentando, desta forma, o potencial germinativo.

Aumentando a porcentagem de germinação, há a formação de estandes mais uniformes, com plântulas mais vigorosas, propiciando melhor estabelecimento em campo e potencialmente diminuindo as perdas na produção.

No feijão

Sementes de feijão ‘Alvorada’ imersas em solução contendo extrato de Ascophyllum nodosum apresentaram 28,45% de plântulas emergentes a mais que o controle (plantas imersas em água pura). Após 15 minutos de imersão no extrato, o vigor de sementes do feijão foi aumentado, exibindo índice de velocidade de emergência superior.

Avaliando o potencial da macroalga verde Ulva fasciata, no controle de doenças, os pesquisadores encontraram que o extrato bruto metanólico desta alga inibiu o crescimento micelial de Colletotrichum lindemuthianum, agente causador da antracnose em feijão, verificando a redução dos sintomas em 38%.

Em outro estudo, avaliando o potencial em induzir resistência à ferrugem causada pelo fungo Uromyces appendiculatus em três diferentes cultivares de feijão carioca, apresentando níveis de resistência diversos, a pulverização do extrato não afetou o número de pústulas cm-2 da ferrugem, entretanto, promoveu uma redução média de 23,8% no diâmetro das mesmas em plantas de feijão.

Em pesquisa realizada em Florianópolis (SC) foi verificado que, após a aplicação de um produto à base de Ulva spp. (concentração de 50%), houve redução no número de pústulas de ferrugem (Uromyces appendiculatus) por cm2 em 76,7%; 67,0% e 63,5% na folha primária, primeiro trifólio e segundo trifólio dos feijoeiros, respectivamente.

Hora de escolher

Existem diversos produtos no mercado, e a escolha, época e forma de aplicação vão depender do acompanhamento e da realização das práticas de manejo mais adequadas ao desenvolvimento da cultura, visando a máxima eficiência a fim de traduzir os benefícios para a produtividade.

Os efeitos benéficos da aplicação de extrato de algas já foram comprovados por diversos estudos. Ainda assim, outros estudos ainda precisam ser realizados a fim de elucidar o modo de ação metabólica destes compostos.

Os resultados positivos são possivelmente oriundos da ação complementar das diversas moléculas presentes nestes extratos. É importante enfatizar que estes extratos não são aplicados isoladamente, sendo difícil garantir se os efeitos observados são do extrato, do outro composto ou gerados pela combinação de ambos.

Além disso, é fato que estes efeitos são dependentes de fatores como: dose, época, modo e frequência de aplicação do produto; espécie da alga, tipo de extrato; estado nutricional e idade da planta e espécie e cultivares em que o produto é aplicado.

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