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Algas marinhas em trigo

Nilva Terezinha Teixeira Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (Unipinhal) nilvatteixeira@yahoo.com.br

Trigo – Fotos: Grupo Leópolis

As algas marinhas são organismos uni ou pluricelulares que, para sobreviverem em ambiente agreste, desenvolvem um rico conteúdo, destacando-se sais minerais (entre os quais os nutrientes de plantas), proteínas, vitaminas glicoproteínas, como o alginato, aminoácidos. estimulantes naturais como auxinas (hormônio do crescimento que atua sobre a divisão celular), giberelina (que induz floração e alongamento celular), citocininas (agem sobre a divisão celular, aumentam os teores de clorofila e retardam a senescência).

Os extratos de algas podem atuar como antiestressantes, uma vez que beneficiam o sistema antioxidante, aumentando a tolerância do vegetal frente a circunstâncias ambientais adversas e aumentando a capacidade de recuperação após o estresse, o que pode potencialmente incentivar ou, ao menos, manter a produção das plantas, mesmo sob condições não ideais de cultivo.

Ainda, estudos com algas marinhas demonstraram que a sua aplicação nas plantas estimula a atividade respiratória e fotossintética, processos fundamentais para o desenvolvimento e produção vegetal, já que otimiza a atividade das enzimas do ciclo de Krebs e a síntese da clorofila.

Em destaque

Entre as algas marinhas, uma das mais empregadas na agricultura é a Ascophyllum nodosum. Estudos com a referida alga, em diversas espécies vegetais, demonstraram aumentos de desenvolvimento radicular e de produtividade.

Entretanto, outras espécies, como a Ecklonia máxima e a alga calcária Lithothamnium, também têm mostrado efeitos positivos quanto aos teores de clorofila, desenvolvimento radicular e produtividade em diversas culturas, como trigo, tomate, milho, soja e pimentão.

Ainda, as algas melhoram a agregação do solo, minimizando a erosão e otimizando a aeração, aumentando a capacidade de retenção e de movimentação da água, o que melhora o aproveitamento da água, de nutrientes e o enraizamento.

Os alginatos presentes nas algas proporcionam, quando os derivados de algas são incluídos nos cultivos, liberação lenta de nutrientes e a manutenção de umidade no solo, o que favorece o desenvolvimento vegetal e, consequentemente, a produção.

As algas marinhas estimulam a formação da clorofila, a taxa fotossintética e respiratória, enquanto as auxinas e giberelinas, presentes nas algas, estimulam a divisão celular equilibrada.

Então, pode-se considerar que as algas marinhas, pela ação no condicionamento do solo e benefícios ao metabolismo vegetal, podem propiciar raízes mais abundantes e vigorosas e favorecer o desenvolvimento vegetativo e produção das culturas.

Produtividade do trigo

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Como toda a espécie vegetal, as algas proporcionam raízes bem formadas e volumosas e desenvolvimento inicial vigoroso, contribuindo não só para o arranque inicial e estabelecimento do estande ideal (e minimizando as necessidades de ressemeaduras/ replantes), como também são importantes para a futura produção.

Por outro lado, o perfilhamento é importante para a formação das futuras espigas e, consequentemente, para a formação de grãos e respectivo enchimento. Mas, como as algas marinhas e seus derivados podem beneficiar todo o processo em questão? Podendo beneficiar a multiplicação celular.

Como foi referido, as algas marinhas são organismos ricos em princípios nutritivos e a inclusão de produtos que as contém, nos cultivos, pode propiciar benefícios. O uso via sementes, ou em pulverização no solo por ocasião da semeadura, pode melhorar a velocidade e a taxa de germinação de sementes e o desenvolvimento inicial da cultura: a presença de auxinas, giberelina e citocininas estimula a divisão e crescimento celular, processos fundamentais para o enraizamento e o desenvolvimento vegetativo.

Por outro lado, a presença de aminoácidos pode estimular o enraizamento e vegetação inicial: são importantes para a formação de proteínas, que formarão os novos tecidos e atuarão como enzimas (essenciais para qualquer transformação bioquímica que ocorre nas plantas). Ainda, devido ao efeito das algas na melhoria da agregação das partículas do solo, o seu uso propicia agregação do solo, beneficiando a porosidade, a aeração e retenção de água, o que também otimiza o arranque inicial da lavoura.

E os alginatos presentes nas algas proporcionam maior retenção de umidade no solo, o que é básico para o processo germinativo e desenvolvimento vegetal. Como já se relatou, as algas marinhas estimulam a síntese de clorofilas, respiração (ou seja, o Ciclo de Krebs e a cadeia respiratória). E qual seria a importância da ação sobre tais processos?

As clorofilas são os pigmentos fundamentais para a fotossíntese que, por sua vez, é o processo responsável pela transformação do gás carbônico, que as plantas absorvem da atmosfera, em açúcares que, por meio de reações bioquímicas, formam todos os outros componentes orgânicos vegetais: como proteínas, óleos, vitaminas, ácidos nucleicos, etc.

A respiração é geradora de energia para qualquer organismo aeróbico. O Ciclo de Krebs é a sequência central do metabolismo. Além de estar ligado à geração de energia, entre seus componentes estão intermediários para a síntese de aminoácidos que formarão as proteínas e outras substâncias fundamentais para o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo dos vegetais.

Então, justifica-se a aplicação de produtos contendo algas marinhas, no transcorrer do desenvolvimento da cultura, como o perfilhamento, na formação das espigas e enchimento dos grãos. Também são importantes na construção da produção. Pode-se aplicar, no desenrolar da lavoura, via foliar ou fertirrigação.

Porém, tem que se considerar que os formulados contendo algas marinhas não substituem a adubação: são um complemento. Pode, porém, permitir uma redução de doses de adubos, pois melhoram o aproveitamento dos nutrientes.

Equilíbrio

As doses a serem aplicadas dependem do formulado escolhido e da forma de aplicação: via semente, fertirrigação ou foliar. O uso deve ser supervisionado por técnico especialista e a recomendação deve ser seguida, sob pena de resultados adversos.

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