Nilva Terezinha Teixeira – Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (Unipinhal) – nilvatteixeira@yahoo.com.br
O cultivo de limão vem ocupando um espaço a cada ano maior, na citricultura. Trata-se de uma exploração relativamente mais simples que o das laranjas e tangerinas, sendo um produto de exportação interessante.
O Brasil é um dos grandes produtores de tal fruta e, a cada ano, o nosso país produz frutos de melhor qualidade. O Estado de São Paulo lidera o volume produzido, seguido por Minas Gerais e Bahia.
Assim, a procura por novos insumos e tecnologias para melhorar a produtividade, em quantidade e qualidade, na referida cultura é fundamental. Entre os insumos ofertados pelo mercado estão os fertilizantes compostos por algas marinhas, que podem aumentar o enraizamento, o desenvolvimento vegetativo, a resistência biótica e abiótica das plantas, a produtividade e a qualidade do produto colhido. Porém, tal afirmação tem respaldo?
Para se ter a resposta a tal questionamento, é necessário se conhecer o que são as algas marinhas.
Quem são elas
Algas marinhas são organismos vegetais, unicelulares ou pluricelulares, e que fazem fotossíntese. Na sua composição há inúmeros elementos minerais, entre os quais os nutrientes de plantas, vitaminas A, B1, B3, B6, B12, C, D e E e outras substâncias, como glicoproteínas (os alginatos, por exemplo), aminoácidos e hormônios análogos aos produzidos pelos vegetais e alginatos, o que confere estímulo ao desenvolvimento, produção vegetal e maior resistência aos fatores bióticos e abióticos.
Também são fontes de antioxidantes, substâncias produzidas no metabolismo secundário das algas, que estimulam a proteção natural dos vegetais contra pragas e doenças.
Vantagens
O emprego de formulados compostos de algas marinhas no sistema produtivo pode, também, proporcionar a produção de fioalexinas, que funcionam como indutores de resistência das plantas às pragas e doenças e melhoram a vida microbiológica do solo.
Tornam as plantas menos vulneráveis às variáveis abióticas, como temperatura, raios ultravioletas, salinidade, seca, etc. Entre os componentes bioativos das algas marinhas estão, ainda, o polissacarídeo laminarana (polímero de beta glucana) com propriedades fungistáticas, bactericidas e inibidoras de desenvolvimento de nematoides e elicitores, moléculas que estimulam as respostas de defesa de plantas contra patógenos.
Opções
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No mercado de insumos agrícolas existem opções de produtos contendo algas marinhas, principalmente extratos de Ascophylum nodosum e de Ecklonia máxima, que são extremamente bioativas.
Outra opção no mercado agrícola são as algas calcárias (Lithothamnium calcareum), que são ricas em cálcio e contribuem para o melhoramento físico, químico e biológico do solo, possuem ação corretiva de acidez do solo, melhorando a assimilação dos elementos fertilizantes, assim como aumentam a atividade biológica dos microrganismos neste ambiente, disponibilizando fósforo e ativando o desenvolvimento de bactérias autotróficas responsáveis pelo processo de nitrificação.
Tais organismos são seres fossilizados e podem apresentar até 46% de CaO, 4,2% de MgO, uma reatividade de 99% e um PRNT de 92,6% e rápida ação na liberação do cálcio e magnésio e na correção da acidez e no condicionamento do solo.
Tais algas são ricas em nutrientes de plantas e bioestimulantes naturais. Levam também, consigo, uma rica fauna marinha que muito vai contribuir para vida microbiológica do solo agindo, inclusive, na decomposição da matéria orgânica.
Viabilidade
Assim, a introdução de produtos com algas marinhas nos cultivos propicia:
ð Enraizamento mais eficiente: como as algas marinhas favorecem a divisão celular, por serem rica em estimulantes naturais e nutrientes, o emprego melhora o enraizamento dos vegetais, o que possibilita o melhor uso do solo, de água e de nutrientes;
ð Melhor retenção de água no solo: a alta concentração de alginato nas algas faz com que elas armazenem água nas células e permaneçam hidratadas por todo o período que passam expostas ao sol, o que também é um aspecto interessante. O alginato desempenha no perfil o papel de reter água e agregar as partículas do solo, proporcionando um ambiente ideal para o desenvolvimento das raízes e absorção dos nutrientes;
ð Redução de abortamento de flores e frutos: pela composição rica em hormônios análogos aos produzidos pelos vegetais;
ð Maior resistência a condições adversas (frio, salinidade, estresse hídrico, pragas e doenças, etc.), devido ao efeito de sua presença na formação de fitoalexinas e no enraizamento;
ð Correção da acidez do solo (algas calcárias);
ð Fornecimento de nutrientes às plantas: pelo seu conteúdo de sais minerais.
ð Estímulo à fotossíntese: a sua aplicação, pela riqueza em estimulantes naturais, aumenta os teores de clorofila, pigmento responsável por tal processo;
ð Estímulo à respiração: o que gera mais energia.
Pode-se considerar, de acordo com o referido, que qualquer espécie vegetal, inclusive em pomares cítricos como o de limão, pode ter melhorias no enraizamento, no desenvolvimento inicial, no desenvolvimento vegetativo, na floração, pegamento dos frutos e na produtividade com a introdução de formulados com algas marinhas no processo produtivo.
As algas marinhas podem, também, atuar na recuperação e na resistência de estresses bióticos e abióticos. Mas, o êxito da inclusão depende de indicação e acompanhamento de especialistas. Somente assim se alcançará êxito com o uso de tais produtos.
As doses a aplicar e a forma de aplicação dependem do formulado escolhido pelo produtor e indicado por especialista.