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Algas proporcionam mais eficiência para os fungicidas

Autores

Tais Santo DadazioEngenheira agrônoma, mestra e doutora em Proteção de plantas e professora de Fitopatologia – FIB e UNISALESIANOtais.dadazio@hotmail.com

Roque de Carvalho DiasEngenheiro agrônomo, mestre em Proteção de Plantas e doutorando em Agronomia – UNESP/FCA roquediasagro@gmail.com

Leandro TropaldiEngenheiro agrônomo, mestre em Agricultura, doutor em Proteção de Plantas e professor – UNESP – Dracenal.tropaldi@unesp.br

Lavoura _ Crédito: Case IH

A legislação enquadra o uso de extratos de algas como bioestimulantes, sendo formulações de fertilizantes para aplicação foliar e em fertirrigação. Bioestimulantes podem ser definidos como uma série de substâncias e compostos que, quando aplicados no solo ou nas plantas, promovem melhoria no vigor, sanidade e reduzem os danos por estresse.

A aplicação de algas marinhas como fertilizantes ocorre desde o século XIV, no entanto, sua utilização para o controle de doenças nas lavouras é mais recente. Atualmente, são utilizados principalmente como agentes antiestressantes, visto que proporcionam uma maior tolerância em situações ambientais adversas.

Benefícios

A aplicação exógena de extratos de algas pode promover melhorias no estabelecimento e germinação de sementes, maior crescimento na produção de plantas, maior resistência aos estresses bióticos e abióticos, como altas temperaturas, seca e incidência de doenças fúngicas. Há trabalhos que mostram maior eficiência em pós-colheita, aumentando a vida útil dos produtos.

Os extratos de algas são obtidos de diversas espécies de algas, sendo as principais Ascophyllum nodosum, Durvillaea potatorum, Ecklonia maxima e Laminaria spp.. Seus extratos são comercializados e empregados na cadeia agrícola, e seu uso tem sido frequente devido ao baixo impacto ambiental e aos benefícios.

Essas algas apresentam em sua composição uma série de hormônios vegetais, como as citocianinas (hormônio da juventude e do retardamento da senescência), auxinas (hormônios do crescimento que governam a divisão celular), ácido abscísico (alongamento celular e germinação) e giberelinas (induz floração e alongamento celular), que agem em diversos estágios de desenvolvimento das plantas.

Além disso, sua biomassa pode conter uma série de macro e micronutrientes, como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, boro, ferro, manganês, cobre e zinco.

Mais eficiência para os fungicidas

A utilização dos extratos de algas no controle de doenças de plantas é algo recente, porém, há um aumento crescente nas pesquisas realizadas nessa área. Elas podem ter efeito sobre os fitopatógenos por meio da atividade antimicrobiana, indução de mecanismos de defesa vegetal e promoção do crescimento das plantas.

Sua aplicação pode ter efeito direto sobre os patógenos, reduzindo totalmente ou parcialmente a incidência e a virulência das doenças, bem como proporcionar melhores condições para o desenvolvimento de organismos benéficos que estão no solo e auxiliam no desenvolvimento vegetal ou são antagonistas aos agentes fitopatogênicos.

As algas ainda podem produzir metabólitos secundários que apresentam atividade biológica, substâncias essas que podem ser potenciais para o controle das doenças. A grande vantagem da utilização do extrato de algas é que essas substâncias possuem baixo índice de toxicidade e não geram resíduos tóxicos, o que permite sua utilização em sistemas mais sustentáveis.

Espécies

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No Brasil, há cerca de 800 espécies de macroalgas identificadas na flora litorânea e que apresentam potencial para serem utilizadas na agricultura. Na Europa e nos Estados Unidos, há uma série de produtos comerciais à base de extrato de algas que são usados como bioestimulantes, bioprotetores, fertilizantes e condicionadores de solo (Abreu et al., 2008). Dentre essas algas, A. nodosum tem se destacado pelo seu uso na agricultura, por ser rica em macro e micronutrientes, aminoácidos e hormônios, substâncias que podem acelerar o metabolismo das sementes, levando ao aumento do crescimento e produtividade.

A aplicação do fungicida em conjunto com as algas marinhas aumenta a eficiência da aplicação e pode até reduzir a dose do defensivo. Isso ocorre devido aos efeitos positivos das algas, tendo em vista que, além de favorecerem o desenvolvimento vegetativo das plantas, elas ainda cumprem a função de indutoras de resistência a fitopatógenos.

Culturas beneficiadas

Há relatos da eficiência do uso de extratos de algas na agricultura, em diversas culturas, tais como batata, café, citrus, cenoura, feijão, mamão morango, soja, tomate e trigo. Na cenoura, com o uso de algas marinhas a planta mostra uma maior resistência à podridão das raízes e outras pragas da folha.

Paiva et al., 2011, testaram o efeito do extrato da alga Ascophyllum nodosum no controle de Rhizopus stolonifer, agente causal da podridão mole na cultura do morango em pós-colheita. Os autores indicaram um potencial de utilização do extrato de algas para controle da doença.

Para a cultura do mamão foram realizados testes in vitro com diversos extratos de algas para o controle da antracnose (Colletotrichum gloeosporioides). Extratos das algas Hypnea musciformis, Laurencia dendroidea e Ochtodes secundiramea foram efetivos para reduzir o crescimento vegetativo do fungo, enquanto a espécie O. Secundiramea conseguiu reduzir o índice de velocidade de crescimento em 91 e 100%, nas concentrações de 1 e 2 ppm, respectivamente (Machado et al., 2011).

Experimentos

Experimentalmente, quando as folhas de feijoeiro estavam infectadas com ferrugem (Uromyces appendiculatus) e foram pulverizadas com a alga Ulva spp. (concentração de 50%), houve redução na incidência da doença de até 76% (Martins, 2006).

Quando Peres et al., 2012 avaliaram o efeito de 10 espécies de algas contra os fungos Colletotrichum lagenarium e Aspergillus flavus, seis dessas espécies suprimiram o crescimento de C. lagenarium, dentre elas Stypopodium zonale, Laurencia dendroidea, Ascophyllum nodosum, Sargassum muticum, Pelvetia canaliculata e Fucus spiralis. No entanto, nenhuma espécie conseguiu controlar A. flavus.

Porém, ainda há a necessidade de que mais estudos de campo sejam realizados, uma vez que grande parte dos testes são laboratoriais ou em casa de vegetação. Também é importante que sejam desenvolvidos nas condições tropicais do nosso País, para que se tenha mais resultados concretos e possa se explorar mais essa área, visto que nosso País apresenta uma grande quantidade de algas que podem ser efetivamente utilizadas.

Os efeitos que os extratos de algas podem apresentar sobre fatores bióticos e abióticos das plantas são dependentes de vários fatores, tais como aqueles relacionados ao produto, como dose, época, modo e frequência de aplicação; à alga, tais como a espécie, época de colheita e modo de obtenção dos extratos; ao estado nutricional e idade da planta; e à cultivar e espécie em que o produto é aplicado.

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