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Algas proporcionam tolerância ao estresse hídrico no milho

Aldeir Ronaldo SilvaEngenheiro agrônomo e doutorando em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USPaldeironaldo@usp.br

Giovana Cunhagiovanacunha@usp.br

João Pedro Ramos da Silvajoaopedro_r@outlook.com

Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP

Milho – Crédito Miriam Lins

Cerca de 75% da produção mundial está concentrada nos Estados Unidos, China, Brasil e União Europeia. No Brasil, o principal produtor é o Mato Grosso, que, juntamente com os Estados do Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais detém 74% da produção nacional.

Tais fatos corroboram para o papel importante na agricultura Brasileira, todavia, assim como as demais culturas agrícolas, o cultivo do milho é bastante afetado pelo estresse hídrico, levando à redução ou perda total da produtividade. Dessa forma, o uso de extratos de algas atenua os efeitos deletérios não somente do estresse hídrico, mas sim de outros fatores, como excesso de sais, metais pesados, luminosidade e temperatura.

Tolerância ao estresse hídrico

O uso de algas na agricultura vem em crescente expansão no cenário nacional. Em sua composição, os extratos de algas contêm macro e micronutrientes, aminoácidos, vitaminas, proteínas e hormônios vegetais que promovem vários benefícios para as plantas, em destaque o milho, durante o período de estresse hídrico.

Entre os benefícios, destaca-se a indução do aumento da enzima nitratoredutase, resultando no aumento da absorção de nitrogênio, importante elemento para os mecanismos de defesa da planta sob estresse hídrico.

Outros benefícios a partir do uso de algas estão no aumento da capacidade de desenvolvimento radicular das plantas. Dessa forma, ocorre o aumento da capacidade de absorção da água mesmo em condição de déficit hídrico.

Além disso, o extrato de algas também promove o acúmulo de sustâncias como prolina, promovendo assim o balanceamento osmótico nas células vegetais, o que leva a um maior desenvolvimento e produtividade do milho, mesmo em condição de estresse.

Outro benefício do uso do extrato de algas é o aumento da concentração dos hormônios vegetais, como auxina, citocinina e giberelina, promovendo também uma maior tolerância do milho à seca. De maneira geral, o uso de algas propicia a ativação de vários mecanismos fisiológicos, que resultam em crescimento e produtividade da cultura do milho sob condição de seca.

Manejo

Para que o uso de extrato de algas seja eficiente, é necessário a realização de um manejo adequado em função da cultura agrícola a ser produzida na área. Para isso, é importante que o produtor de grãos de milho escolha um extrato de algas com garantias quanto à eficácia e composição, para fugir de produtos adulterados.

Posteriormente, deve-se realizar as análises de solo e foliar, para determinar a dosagem mais adequada para a cultura do milho. As aplicações do extrato de algas são, em geral, via foliar, com ou sem a mistura de outros produtos. Para isso, é importante o auxílio de um técnico capacitado.

A aplicação deve ser realizada em dias com temperaturas não elevadas, ou com alta precipitação pluviométrica. Antes da aplicação, é importante o produtor, juntamente com o técnico, definir o período de aplicação do extrato de algas, antes do período de estresse, durante ou após este período, como efeito curativo.

Produtividade

A utilização de algas marinhas no manejo do milho possibilita que a planta esteja mais preparada para diversos estresses ambientais, por meio da ativação de seus mecanismos de defesa. Além disso, a utilização desses produtos proporciona uma melhor expressão do potencial genético das plantas e estimula o desenvolvimento radicular, proporcionando uma melhor absorção de água e nutrientes.

Esses benefícios possibilitam que as culturas tenham um melhor desenvolvimento, mesmo em situações adversas, e apresente assim ganhos significativos na produtividade e no peso dos grãos.


Resultados

O extrato de algas marinhas pode ser aplicado no tratamento de sementes, jato dirigido ao solo e/ou pulverização foliar. Aplicações na cultura do milho nos estágios de pendoamento e reprodutivo apresentaram bons resultados no campo.

No milho, podemos observar maiores taxas no crescimento da parte aérea, concentração de clorofila e raízes e assim ganhos na produtividade. Estudos apontam que, quando aplicado no tratamento de sementes, foi observado melhor incremento de massa fresca das plântulas (8 a 34% em relação às sementes não tratadas) e germinação da planta (16 a 19% para plantas tratadas).

Outro trabalho apresentou incremento de 16% na produtividade de milho, quando o extrato de algas foi utilizado no solo, além de um maior conteúdo de minerais (nitrogênio, fósforo, potássio, ferro, manganês e zinco) nos grãos.

As doses são recomendadas de acordo com a concentração e o estágio de crescimento da planta. Foram observados bons resultados quando a aplicação na semente do extrato de algas Ascophyllum nodosum (200 ml/ha) foi associada a outra aplicação nos estágios V4 e V8 (250 ml/ha em cada estádio fenológico), com ganho de 5,15 sc/ha e 12,58 sc/ha superior às plantas que não receberam o tratamento.


Conhecimento é tudo

O sucesso do uso de algas marinhas depende do manejo da aplicação desses produtos. É importante conhecer sua interação com outros produtos antes de uma aplicação conjunta. É importante destacar que os produtos que contêm em suas formulações extrato de algas marinhas não fornecem todos os nutrientes essenciais nas quantidades que a planta necessita.

Assim, os bioestimulantes devem ser utilizados em conjunto com a fertilização mineral adequada. Dessa forma, é recomendável a utilização de produtos com garantia quanto à composição e eficácia.

Outro erro bastante recorrente trata da aplicação de doses elevadas de extrato de algas, provocando o aumento no custo de produção, bem como o efeito tóxico nas plantas de milho.

Viabilidade

Por apresentar benefícios comprovados em diversas culturas em que esse composto foi testado, existem alguns produtos disponíveis no mercado. Um dos mais utilizados pelos produtores se encontra no valor R$ 240,00, contendo 25 kg.

De acordo com alguns produtores de milho do interior de Goiás, a aplicação de algas marinhas em substituição ao fertilizante padrão da fazenda gerou aumentos de até 3.000 kg/ha na produção de milho.

Vale ressaltar que o acompanhamento de um profissional qualificado se faz necessário para que altas produtividades sejam atingidas, mesmo com a utilização de produtos que tragam benefícios à cultura, pois a compreensão do equilíbrio do sistema é de extrema importância.

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