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Algodão – A vedete da rotação de culturas

 

Crédito Amipa
Crédito Amipa

Através do sistema de rotação de culturas é possível aumentar ou manter a matéria orgânica do solo, diminuir perdas por erosão, controlar plantas daninhas, doenças e pragas, aproveitar melhor os nutrientes, bem como maximizar a economia em termos de adubação e maquinários. Dentre as espécies que podem integrar um sistema de rotação de culturas com a soja, o algodoeiro é uma alternativa, pois,além de proporcionar normalmente boa lucratividade ao produtor,pode ter a sua produtividade aumentada quando cultivado após a soja.

 

 

A produtividade do algodoeiro guarda relação estreita com o sistema de produção ao qual se insere, tendo sua potencialização e sustentabilidade relacionada à rotação de cultura.Entende-se como rotação de cultura uma alternância regular e ordenada no cultivo de diferentes espécies vegetais em sequência temporal numa determinada área.

Com o avanço da agricultura no Brasil, onde as culturas anuais são conduzidas em sistema plantio direto, torna-se obrigatório adotar um planejamento cultural estratégico como elemento norteador das atividades a fim de que se tenha assegurada a sustentabilidade do agroecossistema.

Garibaldi Batista de Medeiros, pesquisador do IAPAR, alerta que o conhecimento produzido sobre a agricultura das regiões tropical e subtropical evidencia que a repetição, ano após ano,de uma cultura anual, na mesma área, contribui para a redução da biodiversidade trazendo desequilíbrios quanto ao aumento de doenças,pragas e danos severos aos atributos físicos, químicos e biológicos do solo.

Neste aspecto, o sistema de produção de algodão no Brasil, pelo enfoque da monocultura e contínuas operações de aração, gradagem e de cultivo com revolvimento do solo, apresentava alto potencial na degradação ambiental, tornando o algodoeiro uma cultura extremamente nômade. A rotação de cultura, associada ao sistema plantio direto de qualidade, promove sustentabilidade aos sistemas de produção nos quais tenha a participação do algodoeiro.

 

A diversificação de culturas no ambiente de produção agrícola impacta em extração e exportação de nutrientes diferenciada - Crédito SXC
A diversificação de culturas no ambiente de produção agrícola impacta em extração e exportação de nutrientes diferenciada – Crédito SXC

No Mato Grosso

O sistema de produção vigente no Mato Grosso, maior Estado produtor de algodão, é aquele baseado pelo cultivo sucessivo de culturas: seja este soja/milho safrinha ou soja/algodão safrinha. “Se pensarmos que após a abertura dos solos matogrossenses ficamos por muitos anos no sistema de monocultivo de soja, então considero que o Mato Grosso deu um grande salto nessa questão de sustentabilidade, porém, não é o ideal. Em outras palavras: qualquer que seja o tipo de monocultivo, este sistema é muito mais agressivo ao sistema de produção do que qualquer tipo de sucessão de culturas em que se tem maior produção de palha“, considera Claudinei Kappes, doutor em Agronomia e pesquisador do Programa de Monitoramento e Adubação da Fundação MT.

Lício Pena de Sairre, diretor executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão - Crédito Arquivo pessoal
Lício Pena de Sairre, diretor executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão – Crédito Arquivo pessoal

A rotação ideal

Segundo Claudinei Kappes, um modelo a ser criado seriam esquemas de rotação de culturas considerando as características sazonais de cada região/local. “Embora a maioria dos produtores esteja consciente da necessidade e dos benefícios agronômicos proporcionados pela rotação de culturas, a realidade mais comum no Estado de Mato Grosso é a sucessão de culturas e não a rotação“, propõe.

Ele explica que a rotação de culturas é um sistema dinâmico e que exige conhecimento e responsabilidade técnica durante seu planejamento e execução. O sistema deve ser flexível, de modo a atender as particularidades regionais e as perspectivas de comercialização dos produtos.

O planejamento do esquema de rotação de culturas deve ser feito a médio e longo prazos, considerando-se espécies vegetais que apresentam finalidade comercial e/ou de recuperação do solo e manejo de fitonematoides.

No caso de culturas comerciais, deve-se ter conhecimento das perspectivas de comercialização dos produtos para que o sistema seja viável economicamente. Se, além da produção de grãos, o objetivo é a cobertura de solo, deve-se atentar para as seguintes características das espécies a serem utilizadas: adaptação de cultivo na região; fácil aquisição de sementes, implantação e condução; não ser hospedeira de insetos praga e de patógenos; apresentar rápido desenvolvimento e elevada produção de quantidades de biomassa.

Nas regiões de Cerrado, o milheto, a braquiária e a crotalária têm sido as culturas mais utilizadas, devido às características intrínsecas de cada uma.

Além de lucrativo, o algodão deixa nutrientes para a cultura posterior - Crédito Grupo Farroupilha
Além de lucrativo, o algodão deixa nutrientes para a cultura posterior – Crédito Grupo Farroupilha

Sistema mais sustentável

A sustentabilidade da agricultura está relacionada à adoção de fatores que minimizam os efeitos deletérios na exploração da propriedade agrícola e que sejam econômica, social e ambientalmente corretas. Quais seriam esses fatores? Claudinei Kappes responde que, para o futuro, é preciso lançar mãos de boas práticas agrícolas, tais como: sistema integração lavoura-pecuária, rotação de culturas, palhada sobre a superfície do solo, sistema de plantio direto, correta utilização de fertilizantes e de defensivos agrícolas, e dentre outras.

Por sua vez, o pesquisador relata que não se tem um esquema de rotação de culturas definido no Mato Grosso. O sistema é complexo e dinâmico, podendo sofrer alterações de propriedade para propriedade ou de ano para ano, por exemplo.

O principal fator que limita a adoção de esquemas de rotação de culturas é o econômico. Em muitos casos, a rotação é deixada de lado em função da inviabilização econômica do sistema, mesmo diante dos benefícios agronômicos. Prova disso ocorre em anos em que se tem uma alta nos preços das commodities, soja e milho, por exemplo.

Neste caso, como conscientizar o produtor a fazer rotação de culturas (isso implica, em muitos casos, em abrir mão de uma cultura de importância econômica e optar por planta de cobertura) diante de uma situação tão promissora financeiramente como a sucessão soja/milho safrinha?

A própria complexidade dos esquemas de rotações pode ser considerada um fator limitante, uma vez que demanda mão de obra qualificada e conhecimento do corpo técnico da propriedade. Outro limitante pode estar relacionado ao comodismo.

“O produtor está tão habituado ao cultivo sucessivo de culturas que pouco vale a pena ariscar por sistemas mais complexos de produção ” a rotação de culturas. Ressalta-se que, infelizmente, nas poucas áreas que se encontra algum tipo de esquema de rotação de culturas a sua adoção tem sido impulsionada, basicamente, pelos problemas relacionados aos fitonematoides na cultura da soja“, lamenta Claudinei.

Crédito Shutterstock
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Luiz Divino da Silva, gerente geral do Grupo Mutum no Mato Grosso - Crédito Cléverson Mafra
Luiz Divino da Silva, gerente geral do Grupo Mutum no Mato Grosso – Crédito Cléverson Mafra

 

Crédito Shutterstock
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Mato Grosso, maior Estado produtor de algodão   - Crédito Shutterstock
Mato Grosso, maior Estado produtor de algodão – Crédito Shutterstock

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