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Algodão: Altas produtividades exigem MIP

Autores

Jéssica E. R. GorriDoutoranda em Proteção de Plantas – Unesp-Botucatu e professora – Faculdades Integradas de Taguaí – FITgorrijer@gmail.com

Natalia Oliveira SilvaDoutoranda em Produção Vegetal – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Rodrigo Donizeti FariaDoutorando em Proteção de Plantas – Unesp-Botucatu

Isabella Rubio CabralGraduanda em Ciências Biológicas – Unesp-Botucatu

Algodão – Crédito: Shutterstock

O complexo de pragas e doenças que acometem a lavoura de algodão é visto pelos cotonicultores como um grande desafio. Não há uma única solução para os problemas fitossanitários, mas sim um conjunto de táticas que, colocadas em prática simultaneamente, visam reduzir as populações de pragas e doenças, e mantê-las em índices populacionais abaixo do nível de dano econômico.

Para isso, é possível incluir tipos diferentes de controle, como o biológico, genético, cultural e químico. Mas vale ressaltar que o monitoramento eficiente e constante da área deve ser realizado antes de qualquer tomada de decisão, sendo fator imprescindível para o sucesso do manejo.

A ocorrência de insetos-pragas e doenças no algodoeiro pode provocar perdas na produtividade, além de aumentar significativamente o custo da produção na cultura. Apesar de se observar diferenças entre os métodos de controle e níveis tecnológicos adotados pelos produtores, estima-se que sejam realizadas de 12 a 16 pulverizações para o controle de pragas, representando até 20% do custo de produção.

A estimativa para fungicidas é menor, em média de oito aplicações por safra. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os gastos no cultivo de algodão com agroquímicos chegaram a R$ 2 bilhões na safra 2016/17.

Pragas e doenças

Dentre os insetos-pragas, os maiores prejuízos na lavoura estão relacionados ao ataque do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis). Estimativas da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que, caso o controle não seja realizado de maneira eficiente, os prejuízos podem variar de 70 a 100% na produção da pluma, pelo fato da espécie apresentar alto poder destrutivo e alta capacidade de reprodução.

Considerando as doenças, a mancha-de-ramulária é uma das principais doenças no algodoeiro, sendo causada pelo fungo Ramularia areola. Estima-se que a ocorrência dessa doença pode provocar redução de até 35% na produtividade da cultura. Mas, vale ressaltar que outros insetos, como a falsa-medideira (Chrysodeixis includens); lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda); lagarta-das-vagens (S. eridania, S. cosmioides); Helicoverpa armigera; percevejo castanho da raiz (Scaptocoris castanea); mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo b); pulgão do algodoeiro (Aphis gossypii) e outros fungos e bactérias podem aumentar as perdas na cultura.

Sintomas

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As principais injúrias do bicudo-do-algodoeiro são perfurações nos botões florais, levando à sua queda. Dessa forma, a identificação na plantação pode ser feita ao observar o aumento da incidência da queda dessas estruturas. Caso ela não caia, pode acontecer o amarelecimento da bráctea, e dentro do botão floral larvas de formato curvo e esbranquiçado poderão ser encontradas. 

Lagartas, como as representantes do gênero Spodoptera, promovem grande desfolha e todas as partes da planta podem ser atacadas. Essas lagartas têm preferência por brotos, inflorescências e frutos, bem como H. armigera, que preferencialmente perfura maçãs, botões florais e flores.

Outras, como a falsa-medideira, também induzem à desfolha e inicialmente raspam as folhas, evoluindo para perfurações circulares. O percevejo-castanho suga a seiva da raiz do algodoeiro, ocasionando amarelecimento das folhas, seguido de morte da planta. A sua presença na área de cultivo pode ser confirmada durante o preparo do solo.

A cultura, quando acometida por outros insetos-praga, como a mosca-branca e o pulgão-do-algodoeiro, desenvolve o fungo Capnodium spp., ocasionado pela liberação de uma substância açucarada devido à sucção contínua da seiva pelos adultos e ninfas. Esse fungo reduz a área fotossintética da planta e compromete a fibra do algodão.

Ademais, plantas infestadas pela mosca-branca manifestam sintomas como o envelhecimento precoce das folhas, que se tornam amarelas e caem, enquanto os danos causados pelo pulgão incluem folhas dos ponteiros encarquilhadas ou engruvinhadas, com brotos deformados.

O algodoeiro, na presença do patógeno que causa mancha-da-ramulária, manifestará sintomas em ambas as faces da folha. As lesões são de coloração branca e aspecto pulverulento, principalmente na face abaxial. Os danos mais expressivos acometem a cultura entre o início do florescimento e a abertura dos primeiros capulhos. Assim, em casos do avanço da doença, pode ocorrer a desfolha das plantas e abertura precoce dos capulhos.

Monitoramento

Dentro do manejo integrado de pragas ou doenças no algodoeiro, o monitoramento é uma etapa crucial para a sua efetividade e deve ser realizado por técnicos qualificados. Essa etapa consiste em reconhecer a praga ou os sintomas causados pelos patógenos, o horário e estágio que são mais críticos para suas ocorrências e quando se tornam um problema econômico.

O monitoramento também permite conhecer os inimigos naturais das pragas do algodoeiro e selecionar inseticidas seletivos a estes insetos a fim de mantê-los na lavoura. Os inimigos naturais podem ser responsáveis pelo controle de até 70% das pragas do algodão.

Formas de controle de pragas no algodão

O controle de pragas é uma etapa fundamental para sucessos com o ganho de produtividade. O manejo incorreto pode acarretar perdas irreversíveis por artrópodes-praga em diversas culturas cultivadas. No algodoeiro, o complexo de pragas que não é manejado no tempo certo pode ocasionar danos econômicos severos à cultura.

Para realizar um bom manejo, é imprescindível fazer monitoramento de pragas no campo nos diferentes estádios fenológicos da cultura e utilizar as ferramentas que estão disponíveis no MIP para manter as populações de pragas em níveis que não acarretam prejuízos econômicos à cultura. As formas incluem controle: químico, cultural, genético, biológico e comportamental.

Para o controle de pragas, podem-se adotar medidas de controle preventivas que incluem: o preparo correto do solo (aração, gradagem, correção da fertilidade e acidez), a semeadura concentrada na época recomendada, enraizamento da cultura, adubação equilibrada, o tratamento de sementes, culturas resistentes a pragas (Bt), a eliminação de plantas hospedeiras, a destruição dos restos culturais e de plantas voluntárias e a rotação de culturas, as quais são estratégias valiosas para o sucesso no manejo de pragas.

O controle químico de pragas é bastante efetivo nas diferentes fases do algodão, principalmente quando a densidade populacional das pragas se apresenta elevada. Porém, a utilização como única forma de controle pode resultar em seleção de indivíduos resistentes aos principais ingredientes ativos registrados para a cultura, tornando a prática pouco ou ineficaz.

Por isso, é fundamental a rotação de diferentes mecanismos de ação para o controle das espécies de pragas. O uso de inseticidas seletivos para inimigos naturais pode ser uma estratégia eficiente, pois os inimigos naturais podem manter a população de pragas em nível de equilíbrio.

Recomendações

O controle biológico pode ser realizado por meio da preservação da fauna de inimigos naturais ou liberação massal de parasitoides, como por exemplo o Trichogramma sp. Essa espécie parasita ovos de lepidópteros comumente encontrados na cultura, como: curuquerê (Alabama argilácea), lagarta-das-maçãs (Chloridea virescens), lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e lagarta-das-vagens (Spodoptera cosmioides, Spodoptera eridania).

Também pode-se utilizar inseticidas biológicos à base de Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae e Bacillus thuringiensis para determinadas pragas que ocorrem na cultura. Outras formas de controle se dão pelo comportamento do inseto com feromônios, o plantio de linhas de algodão armadilha na entressafra para a atração dos insetos remanescentes e a aplicação de inseticidas nessas linhas.

Atualmente, a área plantada com algodão Bt teve aumento exponencial. Essas cultivares apresentam a proteína da bactéria Bacillus thuringiensis, que confere resistência ou tolerância a lepidópteros comumente encontrados nas lavouras, bem como tolerância aos herbicidas glufosinato de amônio e o glifosato.

Controle dessas doenças

A identificação das doenças é fundamental para controla-las de forma eficiente, garantindo produtividade e qualidade. Em vários casos. a doença pode ser confundida com injúrias, como por exemplo, fitotoxidade de defensivos agrícolas.

As técnicas adotadas para o manejo de doenças vão determinar a eficiência no controle das mesmas, uma vez que é de suma importância a constatação e o controle na época correta. Por isso, pessoas treinadas são fundamentais para a identificação nos diferentes estágios fenológicos em que se encontra o algodão.

Entre as táticas de manejo da doença estão as preventivas, que são a eliminação de restos culturais, de plantas daninhas hospedeiras de doenças, plantio de cultivares precoces em determinas regiões, utilização de cultivares resistentes, rotação de culturas, uso de sementes sadias, tratamento de sementes com fungicidas, arranjo de plantas e erradicação de plantas doentes.

Pode-se realizar o controle químico de forma preventiva com fungicidas protetores, como por exemplo, mancozeb, clorotalonil, captan e quintozeno ou curativo, quando for constatada a presença da doença e o nível de controle, como por exemplo os fungicidas carbendazim, tebuconazole, epoxiconazol e fluxapiroxade.

Outras táticas de manejo incluem preservar o estado fitossanitário das plantas, como por exemplo, adubações equilibradas, evitar danos mecânicos com o trânsito de implementos na área ou fitotoxicidade provocada por defensivos agrícolas, que podem deixar a planta mais vulnerável à entrada de patógenos. 

Erros

þ Não realizar o monitoramento: o monitoramento é essencial em todas as fases da cotonicultura, principalmente antes da implantação da lavoura.

þ Não preparar corretamente a área: planejamento antes do plantio é fundamental para garantir uma boa colheita já no início.

þ Não realizar rotação de ingrediente ativo ao utilizar o controle químico: o acompanhamento de um engenheiro agrônomo é essencial para rotacionar os inseticidas e fungicidas..

þ Atenção em outros aspectos fitossanitários e fisiológicos: Junto com os cuidados fitossanitários é necessário manter a adubação, irrigação e manejo de plantas daninhas em dia.

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