Alto teto produtivo e tolerância à cigarrinha

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Divulgação

Emerson Trogello
Professor – IF Goiano Campus Morrinhos
emerson.trogello@ifgoiano.edu.br

Giovana Cândida Marques
Engenheira agrônoma
giovana-candida.marques@unesp.br

A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é, hoje, uma das que causa maior apreensão entre os produtores, devido ao seu habito migratório, alta reinfestação e o potencial de perdas decorrentes do complexo de enfezamentos transmitidos pelos mesmos na fase inicial da cultura.

A cigarrinha do milho é motivo de prejuízo nas lavouras, assim como as demais pragas. A cigarrinha afeta o desenvolvimento, nutrição e a fisiologia das plantas infectadas, logo, compromete a produção. O enfezamento acarreta prejuízo, especialmente nos lugares mais quentes, justamente onde se cultiva mais de uma safra por ano.

A cigarrinha-do-milho transmite para as plantas de milho os agentes causais do enfezamento-pálido (espiroplasma), virose-da-risca e enfezamento-vermelho (fitoplasma). Para tal, a cigarrinha adquire o patógeno quando se alimenta de plantas infectadas e assim transmite o patógeno às plantas sadias, por meio da alimentação.

Estes patógenos devem circular e se reproduzirem dentro do inseto, para somente então poderem ser transmitidos para as plantas sadias. Portanto, é após um período de latência que a cigarrinha-do-milho vai conseguir transmitir o patógeno para a planta sadia.

A permanência da cultura no campo ao longo de todo o ano, seja por interesse econômico ou por plantas tigueras, certamente intensifica este problema.

A presença de adultos da cigarrinha-do-milho é visualmente perceptível pela inspeção do cartucho das plantas. A duração de vida das cigarras adultas é de cerca de dois meses, período em que cada fêmea oviposita até 600 ovos.

O inseto se alimenta da seiva da planta de milho e realiza postura sob a epiderme da folha, de preferência na nervura central de folhas do cartucho.

Sintomas

Os sintomas decorrentes dos enfezamentos incluem redução do porte das plantas (redução de entrenós) e da área foliar, multiespigamento, redução da altura de inserção da espiga e má formação de espigas e grãos, que afetam diretamente a produtividade da cultura.

Os sintomas de enfezamento-vermelho compreendem o avermelhamento a partir das margens e do ápice das folhas seguido de seca, enquanto o enfezamento-pálido apresenta estrias cloróticas, localizadas principalmente na base das folhas.

Os sintomas da virose-da-risca, por sua vez, representam-se por lesões na forma de pequenos pontos cloróticos alinhados, seguido de menor desenvolvimento e porte da planta.

Destaca-se, no entanto, que quanto mais cedo as plantas forem infectadas, mais cedo os sintomas dos enfezamentos e da virose-da-risca aparecem. Mas, tais sintomas tornam-se mais perceptíveis no período reprodutivo da cultura.

Perdas

A infestação por D. maidis vem aumentado em várias regiões do Brasil, e isso faz com que a doença do enfezamento ganhe cada vez mais importância. São observadas perdas de até 70%, ou mais, na produção em campos de milho em regiões como Bahia, Minas e Goiás. Notem que estas regiões apresentam clima ameno a quente na maioria do ano, bem como apresentam tendência a cultivos ao longo de todo ano, o que favorece a incidência do patógeno e consequente doença.

Em regiões em que o milho é cultivado apenas em uma safra, muitas vezes após a soja, pode haver menos danos causados pela cigarrinha, apesar de outros problemas, tais como o ataque de percevejos, se tornarem mais intensos.

A suscetibilidade do híbrido e a fase fenológica o qual foi infectado, são fatores de grande importância quando avaliamos o potencial de dano. Quanto mais cedo acontecer a infecção e mais susceptível for o material, maiores serão os danos ocasionados às plantas.

Manejo integrado

Como o potencial de dano se eleva quanto mais cedo for a infecção, é extremamente importante integrar técnicas de manejo. Fundamental é partir de uma genética tolerante/resistente e integrar tratamento de sementes e tratamento pós-emergência visando reduzir o potencial de dano. Para isto, é necessário, antes de tudo, entender a dinâmica da praga no seu ambiente, e se seu ambiente fornece condições ideais para a alta infestação.

É fundamental inserir o tratamento de sementes como uma técnica de escape da fase inicial. Tratamentos com grupo químico dos neonicotinoides, principalmente com os ativos tiametoxan e imidaclopride, apresentam alta eficiência e persistência no controle.

Aliado ao tratamento de sementes e à genética tolerante, é fundamental se atentar ao manejo químico/biológico pós-emergência. Atualmente, 34 produtos comerciais se encontram disponíveis ao tratamento de TS e pós-emergência do inseto-praga.

Estes produtos se distribuem em variados grupos químicos, como neonicotinoide, piretroide, metilcarbamato de oxima, organofosforado e metilcarbamato de benzofuranila. São comuns as pulverizações com misturas de produtos à base de neonicotinoides, piretroides e organofosforados, nas quais se espera eficiência de 90% para o controle do vetor.

Entre os principais ingredientes ativos utilizados para o controle de D. maidis estão tiametoxam, lambda-cialotrina, imidacloprido, acefato e clotianidina.

Controle biológico

Visando ainda o manejo integrado de pragas, a adoção do controle biológico da cigarrinha do milho é um importante aliado, podendo passar pelo uso do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana ou mesmo o fungo Isaria fumosorosea (também chamado de Cordyceps fumosorosea), que é um excelente produto para ser utilizado em rotação com os produtos fitossanitários, diminuindo muito a população das cigarrinhas e contribuindo com um manejo mais integrado.

Além disso, pesquisas desenvolvidas apontam para outros fungos com grandes potenciais, caso do Metarhizium robertsii, bioinseticida natural obtido por fermentação líquida e desenvolvido por meio da parceria Embrapa e Embrapii/Esalq.

Mais uma vez, é fundamental reunir todas as ferramentas possíveis para o correto manejo do inseto-praga. Trabalhar a rotação de culturas, buscar épocas de semeadura em conjunto, escolher material genético resistente/tolerante, realizar um correto tratamento de sementes e unir o controle biológico com o controle químico em pós-emergência faz parte do arsenal que o produtor deve usar neste controle. Integrar as ações é fundamental e preciso.

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