Adriana Araujo Diniz – Professora adjunta II-UEMA/CESBA – adrisolos2016@gmail.com
Antonio Santana Batista de Oliveira Filho – Mestrando em Agronomia/Produção Vegetal – FCAV/UNESP – a15santanafilho@gmail.com
Tarcísio da Silva Vasconcelos – tarcisiovasconcelos589@gmail.com
Myrelly Nazaré Costa Noleto – myrellynoleto11@gmail.com – Graduandos em Engenharia Agronômica – UEMA/CESBA
Nos últimos anos a busca por alimentos saudáveis vem crescendo. Com a onda “fitness”, produtos de baixa quantidade de calorias e alto valor nutricional são considerados essenciais para uma vida saudável, dentre os quais as hortaliças são grandes aliadas para uma dieta nutritiva.
No dia-a-dia dos brasileiros, hortaliças como: tomate, alface, couve, cenoura, batata, pepino e repolho já estão inseridas no cardápio das famílias, no entanto, os consumidores estão sempre buscando novidades em produtos que satisfaçam as exigências de sabor, cor, textura e forma.
Para isso, horticultores têm apostado em produtos com diversidade de formas, cores e sabores, afim de atrair a atenção do consumidor. Neste sentido, hortaliças no mínimo inusitadas vêm conquistando espaço no mercado, diferenciando-se das demais por não se adequarem a alguns padrões, por exemplo, beterraba branca, cenoura roxa, melão branco e morango branco estão sendo inseridos no mercado.
Segmento diferenciado
Tais alimentos têm cada vez mais tem atraído a atenção dos consumidores, pelas diferenças no formato, como as melancias quadradas, principalmente quando se trata de decoração para momentos festivos, em que as cores e formatos das hortaliças trazem maior diversidade e atração para o ambiente.
Outro público visado pelos produtores são as crianças, que são atraídas pelo tamanho dos produtos, como no caso dos alimentos da linha baby leaf (mini-cenoura, alface, rúcula) que transformam o momento da alimentação em um período de diversão e brincadeira para a criança, estimulando o consumo de alimentos saudáveis.
Atualmente, as hortaliças inusitadas surgem como alternativa de agregar valor e serviço e, consequentemente, aumentar a rentabilidade econômica às hortaliças com ênfase em atender a demanda do mercado pela alimentação saudável e prática.
Tendência
O mercado dessas hortaliças, em sua maioria, não está associado à inserção de uma nova espécie, mas apenas às variações quanto aos padrões tradicionais de espécies já consumidas diariamente pela população. Tais mudanças podem ocorrer na coloração (alfaces e quiabos roxos), no tamanho, como é o caso da mini-cenoura (baby carrot), entre outras (Junqueira e Luengo, 2000).
Tais hortaliças, na maioria das vezes, veem de outros países, como Europa e EUA, por exemplo. A beterraba branca, apesar de parecer exótica, na Europa é comum como matéria-prima para o açúcar. Já a cenoura roxa, branca ou amarela vem dos Estados Unidos e está ajudando as mães a oferecer salada aos seus filhos.
As hortaliças baby leaf também são uma alternativa na hora de incentivar crianças a terem um hábito saudável na alimentação, com o seu tamanho reduzido e cores diversificadas, chamando a atenção das mesmas.
Outro alimento distinto é o tomate-pera-amarelo, famoso na culinária francesa, além do sabor diferenciado e bastante utilizado para saladas. Além desses, existe o rabanete Quíron, a abobrinha BRS Brasileirinha, a couve-rábano roxa e o rabanete Ulisses (preto), a berinjela Niobe, o tomate Sêneca, couve-brócolis Romanesco, abóbora Mini Jack e tomate Verônica, que são exemplos de hortaliças inusitadas.
Esses alimentos apresentam notável crescimento no consumo brasileiro, tanto por meio de importações quanto de produção interna (Junqueira e Luengo, 2000).
Demanda
A demanda por esses alimentos tem crescido bastante, o que, consequentemente, faz com que os produtores busquem apostar na maior oferta desses produtos. Horticultores estão investindo nessas culturas, especialmente devido ao alto valor agregado.
Com os consumidores dispostos a pagar mais por um produto diferenciado, o mercado culinário também tem investido nesse segmento, com a inserção de “hortaliças gourmets” nos cardápios de restaurantes, hotéis e buffets.
Em campo, os resultados são promissores. A produção dessas hortaliças, apesar de exigir alguns cuidados especiais em relação aos adotados na produção das hortaliças convencionais, conseguem rentabilizar melhor os produtores.
Segmento
O mercado para estes alimentos não concorre com as hortaliças convencionais, nem com os orgânicos. Logo, os produtores não devem se preocupar, de início, com a quantidade produzida, mas sim com a qualidade, para conquistar os clientes e assim ir expandindo a sua produção.
Um erro comum no cultivo é começar o negócio com uma alta produção, sem pesquisa de mercado bem detalhada, como: Para onde vender? Quanto vender? As respostas dessas perguntas são imprescindíveis para a entrada no mercado das hortaliças com alto valor agregado.
Portanto, a adoção da produção de hortaliças inusitadas deve levar em consideração as exigências do mercado interno, que no Brasil, por possuir diferentes culturas, varia de região para região. Desse modo, um dos erros mais comuns é o produtor apostar em uma produção que não atenda as expectativas do consumidor.
Apesar de o “inusitado” chamar a atenção do consumidor, muitas vezes pode ser também visto com “maus olhos”, não atraindo certos consumidores de determinada região, o que impossibilita a comercialização dessas hortaliças.
É necessário que o produtor verifique se os consumidores estão dispostos a consumir e a pagar mais caro por produtos diferenciados, além de tomar os devidos cuidados durante o processo produtivo para que todas as necessidades da cultura sejam atendidas.
Custo
O custo de produção dessas hortaliças tende a ser um pouco maior, dependendo da cultura, em relação à hortaliças convencionais, isso devido à necessidade de cuidados especiais para que se tenha a máxima qualidade do produto, como mão de obra especializada, análises qualitativas, entre outros.
No entanto, no final da cadeia se paga um valor altíssimo que, quando comparado ao convencional, é compensatório, como no caso dos produtos baby life, que o produtor consegue comercializar com uma margem de lucro altíssima em relação aos produtos convencionais.
A produção dessas hortaliças no mercado externo já está consolidada, como na Europa e nos EUA, Canadá, entre outros Países. No Brasil, este mercado tem um grande potencial, devido à mudança de hábitos alimentares de parte da população prezando por produtos saudáveis, práticos e de excelente qualidade.