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Aspargos: compensa produzir?

Aspargos: descubra se a produção é vantajosa e aprenda como cultivar essa cultura em seu estado.

Crédito Shutterstock

Filipe Pereira Giardini Bonfim
Doutor e professor – Faculdade de Ciências Agronômicas – FCA/Unesp – Botucatu
filipe.giardini@unesp.br
Daniela Aparecida Teixeira
Mestra e doutoranda em Horticultura – FCA/Unesp
daniela.teixeira@hotmail.com
Jordany Aparecida de Oliveira Gomes
Doutora e pós-doutoranda no Centro de P&D de Recursos Genéticos Vegetais do Instituto Agronômico de Campinas
jordanyoliveira327@gmail.com
Nathália de Souza Parreiras
Mestra e doutora em Horticultura – FCA/Unesp
agronathaliaparreiras@gmail.com

Atualmente, o preço médio global do quilo de aspargos é de US$ 5,31. O valor das negociações de aspargos frescos ou refrigerados foi de US$ 1,73 bilhões e de US$ 346,93 milhões para os aspargos em conserva, tendo como referência o ano de 2016. Não existem dados consistentes atuais da movimentação financeira comercial da cultura de aspargos no Brasil.

Desde a sua inserção na década de 30, no Sul do País, houve crescente produção até o final dos anos 90. A partir de então a produção migrou para o Semiárido Nordestino, onde hoje se encontra basicamente sob domínio de uma única empresa.

O que é produzido no Sul e no Estado de São Paulo geralmente visa mercados específicos (hotelaria e restaurantes) pelo volume de produção, e o que é comercializado no mercado varejista advém do nordeste do Brasil e do Peru.

Extensão de plantio

São cultivados cerca de 800 hectares de aspargo no Brasil. Na região semiárida do Nordeste, que é a principal produtora, encontram-se 450 ha, e no Estado do Rio Grande do Sul, cerca de 250 ha. São Paulo possui área de produção de aproximadamente 12 ha e o Paraná 8,0 ha.

A produção anual de aspargos no mundo é de aproximadamente 8,73 milhões de toneladas métricas. O cultivo de aspargos passou pela migração de produção do Sul para a região Semiárida do Nordeste na década de 90, onde encontrou condições edafoclimáticas benéficas. Esta região atualmente é a mais tecnificada e a maior produtora do País, produzindo aproximadamente 10 toneladas mensais de aspargos frescos.

Plantio

A semeadura deve ser realizada no período de setembro-outubro. As linhas devem seguir o espaçamento de 30 cm, sendo que espaçamentos menores resultam em plantas com as raízes mais fracas e entrelaçadas. A profundidade é de 2,0 a 3,0 cm.

O transplante deve ser feito após um ano. A profundidade de plantio depende do tipo de solo. Em solos arenosos turfosos, os sulcos medem 20 cm de profundidade, com largura suficiente para colocar a muda; em solos argilosos a profundidade é menor.

A distância entre mudas é de 20 cm, o que garante densidade de, no mínimo, 20 mil plantas por hectare. Devem ser usadas somente mudas sadias, vigorosas e uniformes. Uma boa aranha ou garra (conjunto formado pelas raízes) deve apresentar de quatro a seis gemas visíveis.

As raízes carnosas são em número de oito a dez, regulares, grossas e bem providas de raízes absorventes. O aspargo, embora originário de clima temperado, tem grande capacidade de adaptação, podendo ser cultivado em zonas de clima tropical e subtropical, produzindo bem em temperaturas diurnas de verão entre 15 e 37°C.

Irrigação

Uma vez que o aspargo é uma cultura de inverno/primavera, normalmente as necessidades hídricas são supridas pela precipitação existente, contudo, em zonas mais secas é aconselhável realizar uma rega a cada duas semanas com cerca de 50 mm.

Correção do solo

A cultura é pouco tolerante à acidez do solo, então, o primeiro passo é realizar amostragem da área e análise de solo para determinar o pH, e por meio desse dado fazer a recomendação, quando necessária, de calagem. O calcário é importante, pois é responsável por reduzir os efeitos tóxicos do alumínio e do manganês, além de melhorar o solo para as plantas absorverem os nutrientes essenciais disponíveis.

A aplicação de calcário deve ser a lanço e três meses antes de entrar com encanteirador. Para adubação, de maneira geral para solos com média fertilidade, recomenda-se 40 t. ha-1 de esterco de curral curtido aplicados no sulco de plantio de 10-15 dias antes de levar as mudas para campo. A recomendação de esterco pode ser substituída pela mesma quantidade de torta de mamona previamente fermentada, ou por 13 kg de esterco de galinha. Nesse último, a quantidade pode variar de acordo com análise do composto.

Cuidados na colheita

Após dois anos começa a colheita dos turíões (parte vegetativa comercializada). A temperatura é o fator regulatório do intervalo entre as colheitas. Recomenda-se colher sempre pela manhã, diariamente, e se houver declínio de temperatura, colher somente a cada dois ou três dias.

Se o contrário acontece, isto é, aumenta a temperatura, podem ser feitas duas colheitas por dia, uma de manhã e outra à tarde. É essencial que os turiões sejam colhidos no ponto, isto é, antes que se abra a ponta para formar as folhas. Além disso, devem estar eretos e lisos.

Os brotos muito finos e os tortos devem ser eliminados no campo. A colheita inicia-se no segundo ano – colhe-se durante 20 a 30 dias; no terceiro ano, de 40 a 50 dias; nos demais anos, enquanto o aspargo for vigoroso, colher durante 50 a 70 dias. A duração dependerá da grossura dos turiões (rebentos).

Com a diminuição no calibre dos turiões há necessidade de um período de vegetação com nova adubação. A longevidade da cultura depende da variedade, solo, clima, adubação, tratos culturais, podendo chegar a 10 colheitas durante 12 anos.

Por se tratar de uma hortaliça exigente em nutrientes, anualmente, após a colheita, incorporar ao solo 5,0 kg. m-2 de esterco de curral curtido e a cada dois anos é necessário incorporar ao solo material orgânico (esterco bovino ou equivalente), em quantidades que variam de 20 a 40 toneladas por hectare.

Outro trato cultural importante para melhoria das condições do solo é plantar ervilhaca (Lathyrus sativus L.) entre os canteiros com espaçamento de 20 cm entre plantas. Após três meses, realiza-se o corte e a incorporação da biomassa fresca. Trata-se de um adubo verde de inverno que não interfere na produção de aspargos, pois vegeta quando os aspargos estão no período de dormência.

Embalagem

Na etapa de embalagem, depois de limpos, são cortados em tamanhos que variam de 20 – 25 cm. Por se tratar de uma hortaliça altamente perecível, a temperatura para armazenamento deve estar em torno de 0 °C, e mesmo nessa temperatura perde suas qualidades, ou seja, deve ser encaminhado ao consumidor ou para indústria rapidamente, pois deve ser consumido/processado em 3 – 4 dias.

Mercado interno x externo

O Brasil está entre os 20 principais importadores de aspargos, efetivando compras externas da ordem de US$ 1,9 milhão. A demanda nacional registrou expansão de 91%, atestando a atratividade do mercado brasileiro para os exportadores de aspargos preparados.

A estimativa é que em 10 anos o mercado mundial movimente cerca de US$ 37 bilhões na venda de 10 milhões de toneladas de aspargos – um dos fatores para o crescente consumo são as características nutricionais que a cultura apresenta. É uma hortaliça rica em vitaminas e apresenta baixas calorias.

A China deve se manter como maior produtor, pois em 2014 registrou produção de 500 mil toneladas de aspargos. A Europa Ocidental deve se manter como maior mercado consumidor, podendo chegar a 40% das receitas globais. A América do Norte também apresenta um panorama de expansão, com o consumo em torno de 2 milhões de toneladas em 2016.

Investimento

Foram calculados os investimentos para o primeiro (instalação), segundo (lavoura de segundo e terceiro ano) e terceiro passo (lavoura de quarto e mais anos). Para tanto, foram levados em consideração os dados atuais sobre os custos de mão de obra e insumos.

Por ser uma cultura que exige até três cortes na fase de colheita, o uso da mão de obra tende a ser mais intensificado, o que aumenta os custos a partir desta etapa. Sendo assim, o investimento inicial, levando em consideração as etapas iniciais (até a primeira colheita), fica em torno de R$ 45.000,00.ha-1.

Rentabilidade

Na primeira colheita, do montante obtido na comercialização da produção, 30% será destinado aos custos de implantação e 70% será o lucro obtido. A partir da segunda colheita os lucros aumentam, podendo chegar a até 87%.

O retorno começa em três anos após a implantação da cultura.

Demanda

Os maiores importadores de aspargos no mundo são Estados Unidos, União Europeia e Canadá. No Brasil, a região que possui maior demanda é a Sudeste, em especial o Estado de São Paulo, pela sua ampla rede hoteleira e de restaurantes com cardápio mais elaborados.

No panorama mundial, a China se destaca por ser o maior produtor de aspargos, com destaque para a comercialização desta espécie em conserva (88 %). O Peru é o segundo maior produtor (4,3 %) e maior exportador de aspargos frescos. O México (2,5 %) é o terceiro maior produtor de aspargos mundial.

A produção que mais cresce no mundo é a do México, 9,5% ao ano. No Brasil, a região Semiárida nordestina e o Estado do Rio Grande do Sul são os principais produtores.

Viabilidade da produção

Segundo alguns produtores, atualmente a produção de aspargos é escoada principalmente para restaurantes e algumas redes de hotéis, pois a produção ainda é pequena para atender supermercados.

Lembrando que a cultura de aspargos pode ser explorada somente a partir do terceiro ano de produção e exige alta demanda de mão de obra no período da colheita. Porém, o seu consumo apresenta crescente expansão tanto no mercado interno quanto no mercado externo, a rentabilidade é alta e o seu período de exploração é longo, geralmente 10 anos, mostrando-se uma atividade imensuravelmente interessante para o produtor.

Ainda, os aspargos são ricos em fibra, vitaminas C, E, B1, e B2, ácido fólico, fósforo, cálcio, magnésio, ferro, zinco e potássio e são especialmente utilizados em dietas de emagrecimento, pois são baixos em calorias (100 gramas possuem 37 calorias) e não têm gordura nem colesterol. 

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