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Avanços da mecanização da colheita

Ageu da Silva Monteiro FreireEngenheiro florestal, mestre em Ciências Florestais e doutorando em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)ageufreire@hotmail.com

Amanda Brito da Silvaamandab_silva12@hotmail.com

Joaquim Custódio Coutinhojoaquimcustodiocoutinho@gmail.com

Engenheiros florestais e mestres em Ciências Florestais

Máquinas – Crédito Fibria

A tecnologia vem possibilitando uma maior eficiência e qualidade operacional nos diferentes setores produtivos no mundo inteiro, e no setor florestal não é diferente. Com técnicas rudimentares no século XX, usando instrumentos como machado, foices e serras, o setor florestal a partir da década de 50 começou a buscar a mecanização como forma de proporcionar maior rendimento no trabalho, avançando no decorrer do tempo com a especificação e adequação para as atividades do setor.

Conforme o Sistema Nacional de Informações Florestais, a série histórica da extração madeireira proveniente de plantios florestais mostra que 2014 foi o ano que apresentou o maior valor de produção anual. Além disso, a cada ano as áreas desses plantios se expandem, onde em 2019 o país já possuía 7.616.184 ha de plantios de eucalipto, 1.979.604 ha de pinus e 387.307 ha de outras espécies.

Esse fortalecimento do setor florestal é decorrente das inovações tecnológicas que acarretam no aumento da produtividade, na qualidade das operações no campo, na segurança e saúde do trabalhador e na redução dos custos.

Principais máquinas na colheita florestal

Os equipamentos utilizados na colheita florestal dependem do tipo do sistema de colheita implantado, como por exemplo o sistema de árvores completas (whole-tree); sistema de árvores inteiras (full-tree); sistema de árvores de toras curtas (cut-to-leng); ou o sistema de cavaqueamento (chipping). Além disso, deve-se levar em consideração a quantidade de recursos financeiros empregados pelas empresas.

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Tabela 1. Vantagens e desvantagens das principais máquinas utilizadas na colheita florestal.

Máquinas Vantagens Desvantagens
Harvester Derrubada e processamento da madeira em toras. Em alguns casos consiste do descascamento, desgalhamento, corte em toras de diferentes comprimentos e empilhamento. São adequados somente para plantios florestais; pois exigem condições topográficas, edáficas e climáticas favoráveis para a operação; eficiente somente para árvores de pequenas dimensões (volume, diâmetro e comprimento da madeira); E o operador precisa ser habilidoso para obter o maior rendimento operacional (m³/H/h).
Forwarder O seu desempenho é maior quando trabalhado em conjunto com o Harvester. Executando a extração da madeira na forma de baldeio de dentro do povoamento até a margem da estrada.
Feller-buncher Para as garras que tem o sabre como instrumento de corte, ele se tornou adequado para árvores de grande porte. Já para os com a base de disco, a produtividade do equipamento é alta, e os com a tesoura tem baixa manutenção. A técnica usada para os Feller-buncher proporciona baixo risco de incêndios nas florestas. Maior rendimento operacional (m³/H/h) quando comprado com o sistema de toras curtas. Os que tem sabre tem baixa produtividade, inadequado para árvores de pequeno porte, maior manutenção e maior altura de toco. Os que são a disco tem alto risco de incêndio, perigo ao lançar detritos, inadequado para solos rochosos. E as que tem a tesoura pode danificar a haste inferior reduzindo o valor da tora, como também é inadequado para árvores de grande porte.
Skidder Apresentam melhor rendimento quando trabalhados juntos com o Feller-buncher.  Extraem árvores de terreno irregulares, mas dependendo da marca e do modelo podem fazer a extração de áreas com até 50% de declividade. Maior rendimento operacional (m³/H/h) quando comprado com o sistema de toras curtas. Causa danos ao solo. Exige condições topográficas, edáficas e climáticas favoráveis para a operação. Dependendo da declividade opera dentro ou fora dos talhões.
Motosserra Permite longas jornadas de trabalho, como também, maior mobilidade do equipamento pelo usuário. Indicado para uso em áreas verdes e agrícolas. São necessário profissionais qualificados para o manuseio. Não pode ser usada em locais fechados, sem ventilação, devido aos gases que ela emite durante a utilização.

Custos e produtividade na colheita florestal

O setor da colheita florestal é considerado uma das operações com mais alto custo nas etapas de produção de uma empresa florestal, tornando-se também a mais importante economicamente (Bertin, 2010; Machado e Lopes, 2000).

Ainda segundo Arce et al. (2004), a colheita florestal representa a porção final de um ciclo de produção florestal, na qual se obtém produtos com maior valor de mercado, o que representa um dos fatores que determinam a rentabilidade florestal. Nesse contexto, a mecanização desse setor é indispensável para elevar a produtividade e reduzir os custos operacionais (Birro et al., 2002). 

A implementação da mecanização da colheita florestal surgiu para superar os desafios como a busca contínua por otimização da mão de obra, melhoria das condições de trabalho no campo e aumento da produtividade. Contudo, é sempre necessário abordar os custos para implementação de uma operação como a mecanização florestal.

Os custos de aquisição das maquinas são elevados, já que no Brasil, em sua maioria, são importadas (ex: Feller-Buncher e Harverster) ou máquinas adaptadas, o que exige o máximo de aproveitamento de todas as suas funções das tarefas atribuídas. Outro ponto que gera custos são as demandas de pesquisas para as suas adequações às condições brasileiras de trabalho (Fielder, 1995; Fontana e Seixas, 2007).

O conhecimento sobre a produtividade das máquinas nas diferentes condições de operação é de fundamental importância para o sucesso das atividades de mecanização (Malinovski et al. 2006). De uma forma geral, a produtividade das máquinas florestais e os custos da operação podem ser influenciados por diversos fatores (Simões et al., 2014):

• Volume médio individual das árvores;

• Distância de extração;

• Espaçamento de plantio;

• Declividade do terreno;

• Eficiência operacional das máquinas;

• Produtividade das florestas.

Evolução do setor

Nos últimos anos, com a demanda alta por produtos florestais as empresas investiram em tecnologias com objetivo de superar os obstáculos no setor da colheita florestal, com objetivo de aumentar a produtividade.

Com isso, obtiveram grandes avanços dos sistemas feller e harverst tradicionais com evolução dos equipamentos e máquinas, com o principal objetivo de superar o desafio da declividade a 27º. Com novas adaptações de máquinas e técnicas avançadas implementadas em regiões montanhosas, surgem alternativas com maior ergonomia, menor custo e aumento da produtividade, como a combinação de tecnologia guincho, rigging e técnicas de engenharia de processo.

A mecanização é uma peça fundamental para o setor florestal, fornecendo resultados positivos e contribuindo para um sistema operacional mais eficiente, principalmente no Brasil, País com solos e climas favoráveis, boa disponibilidade de terras e recursos humanos, além de capacidade tecnológica.

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