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quinta-feira, abril 18, 2024
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Bactéria ainda desconhecida destrói lavouras de trigo

Autores

Lucas Alexandre Batista
Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA)
lukasp01@hotmail.com
Bruna Cristina de Andrade
Engenheira agrônoma e mestranda em Proteção de Plantas – Universidade Estadual de Maringá (UEM)
brunaandrade639@yahoo.com.br

Crédito: Lucas Alexandre Batista

Assume-se que as epidemias de bacterioses se agravaram nas safras 2015/16 e no cenário atual há consenso de que existem bactérias do gênero Xanthomonas e Pseudomonas em áreas tritícolas do Brasil causando manchas foliares. Surtos epidêmicos dessas bacterioses são esporádicos, mas chegam a devastar lavouras e acarretar danos à produção. Esse problema é agravado em propriedades que utilizam o plantio direto e a não rotação de culturas

Prejuízos

Diante das perspectivas e oscilações de mercado na safra do trigo, os preços tendem a recuar, e especialmente em um cenário de perda de produtividade causada por instabilidades meteorológicas associadas a epidemias o produtor é afetado.

Sintomas típicos de Xanthomonas acontecem na fase reprodutiva do trigo, onde as folhas aparecem com estrias claras e lesões que acompanham as nervuras nas folhas. Em lavouras altamente infestadas, lesões nos pedúnculos e glumas exsudam um pus bacteriano.

A sintomatologia comumente caracterizada por Pseudomonas é o branqueamento da folha. Essas lesões esbranquiçadas são visíveis na extremidade das folhas e possuem aspecto pálido relacionado a toxinas produzidas pela Pseudomonas.

Regiões mais afetadas

A estria bacteriana do trigo é de ocorrência em regiões mais frias, tais como centro-oeste paranaense, Serra Catarinense, sul-rio-grandense e a região de Campos de Vacaria. Nos últimos anos, essa bacteriose tem se disseminado pelas regiões produtoras de trigo no Cerrado.

Há uma grande relação entre a transmissão e a introdução do inóculo pelas sementes e restos culturais. As bactérias causadoras da mancha foliar no trigo conseguem sobreviver na forma epífita no limbo foliar, isto é, a bactéria permanece na folha sem infectar a planta.

No período de espigamento concomitantemente ao período crítico favorável, isto é, baixa temperatura e alto molhamento, as Pseudomonas assumem caráter patogênico. Em contrapartida, o gênero Xanthomonas se desenvolve melhor em altas temperaturas. Nessa ocasião, a bactéria encontra portas de entrada nos ferimentos, que podem ser causados por diversos fatores, dentre eles geadas, granizo, bem como injúrias intensificadas por doenças fúngicas, no caso da brusone, acelerando as bacterioses.

Formas de controle (preventiva e curativa)

A tomada de decisão é sempre o fator mais importante em qualquer forma de controle, e preventivamente os custos podem ser significativamente menores. Em se tratando de tomada de decisão é importante a diagnose correta.

A identificação dos sintomas é essencial para o sucesso do manejo, sendo assim, é importante o reconhecimento de doenças foliares e brusone na espiga. Outro fator importante é o plantio dentro das zonas climáticas e a recomendação da época de plantio específica para cada região.

A utilização de fungicidas à base de cobre é recomendada preventivamente analisando o conjunto de informações de recomendação da cultivar, análises visuais, climáticas e da área de plantio. A utilização de fungicida como forma curativa pode ser onerosa ao produtor, e dependendo do estágio da doença, pode não ser eficaz e comprometer a produção.

A velocidade e extensão dos sintomas nas lavouras foram os motivos que geraram mais dúvidas entre os produtores, técnicos e empresas de pesquisa. Em visitas feitas pela iniciativa privada, verificou-se que lavouras em todos os estádios de desenvolvimento apresentavam sintomas foliares.

É importante destacar que se esse ano fosse mais próximo de um clima considerado normal, é provável que as lavouras semeadas dentro das datas do zoneamento agroclimático estivessem significativamente melhores, tanto em sanidade de folha como de espiga.

Técnicas e produtos inovadores

As técnicas para controle envolvem semeadura na época e zona climática correspondente, sementes sadias e tratamento das mesmas, e aplicação de fungicidas à base de fosfito sem adição de óleo mineral em pulverizações para o controle de doenças de parte aérea no momento recomendado e caso haja necessidade.

É importante o produtor se atentar para o plantio na época errada e zoneamento diferente, o que pode contribuir para o fracasso da lavoura. A não utilização de práticas agronômicas adequadas, como por exemplo, a rotação de culturas, pode aumentar a incidência do inóculo na área. 

O uso sucessivo de fungicidas com o mesmo mecanismo de ação para o controle do mesmo alvo também pode contribuir para o aumento da população de fungos causadores de doenças resistentes a esse mecanismo de ação, levando à perda de eficiência do produto e consequente prejuízo. O mesmo acontece com a superdosagem de produtos, quando não respeitada a recomendação de bula.

Esses erros devem ser evitados seguindo as recomendações adequadas, tais como: respeitar o zoneamento climático proposto e a época de plantio; alternância de fungicidas com mecanismos de ação distintos para o controle do mesmo alvo, sempre que possível; adotar outras práticas de redução da população de patógenos, seguindo as boas práticas agrícolas, tais como rotação de culturas, controles culturais, cultivares com gene de resistência, quando disponíveis; utilizar as recomendações de dose e modo de aplicação de acordo com a bula do produto, além de sempre consultar um engenheiro agrônomo de confiança.

Quanto custa?

Os custos para prevenir são menores do que para combater. Uma análise referente aos custos em uma propriedade modelo em São Gotardo (MG), na safra 2017/18, apresentados pela CONAB, mostraram que os custos de operação com máquinas, mão de obra, sementes, fertilizantes e agroquímicos representaram 70% dos custos da propriedade para produção de trigo.

Pensando do ponto de vista econômico, quando se opta por não prevenir e não utilizar práticas agronômicas recomendadas, remediar pode ser tarde demais e aumentar os custos, de maneira a acrescentar o número de operações com máquinas, disponibilidade de mão de obra, e claro, tentativas de aumento de dose de agroquímicos nas aplicações, o que não é correto do ponto de vista agronômico. 

Para se prevenir, os custos maiores são a obtenção de sementes de qualidade genética adequada, mão de obra especializada e preparada tanto na condução quanto na tomada de decisões, e claro, o uso de produtos certificados e regulamentados. Mas, vale ressaltar que rentabilidade tende a ser maior para quem previne, visto que os ganhos são mais elevados. 

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