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quarta-feira, abril 24, 2024
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Bambu: Ator da regeneração de espécies nativas

Autores

Diego Munhoz Gomesdiegomgomes77@gmail.com

Fabiana Prieto Castanhofabianacastanho26@gmail.com

Graduandos em Engenharia Florestal – UNESP/FCA

Roque de Carvalho DiasEngenheiro agrônomo, mestre em Proteção de Plantas e doutorando em Agronomia – UNESP/FCA roquediasagro@gmail.com

Plantação de bambu – Crédito: Gilberto Assunção

O bambu é uma cultura tropical, de produção anual e de rápido crescimento, possuindo uma grande variedade de espécies. A espécie tem se mostrado um ótimo sequestrador de carbono, além de possuir características físicas e mecânicas fantásticas, tornando-o viável para o desenvolvimento de variados produtos.

Embora não se pense no bambu como uma solução exclusiva para os problemas relacionados ao meio ambiente e/ou à diminuição acentuada dos recursos florestais, ele vem se mostrando promissor na recuperação de áreas degradas, pois gera um microclima favorável para as espécies secundárias e clímax se desenvolverem.

Este produto florestal também é capaz de movimentar o sistema financeiro dos agricultores, sendo estudado como um material alternativo e de baixo custo. A exploração da cultura do bambu e sua cadeia produtiva podem beneficiar o meio ambiente e gerar renda e emprego, contribuindo para fixar o homem ao campo.

Em termos de produção, pode servir a uma ampla gama de negócios, desde o pequeno artesanato local até grandes empreendimentos.

O bambu ajusta-se à ideia de sustentabilidade ambiental e de ecodesenvolvimento, como podemos perceber ao ler a afirmação de Farrely (1984): “Nunca haverá em nosso planeta suficientes flautas de prata para dar a todos, mas facilmente haverá bambu o suficiente para que cada um faça sua própria flauta e toque”.

Versatilidade

Pertencente à família das gramíneas e à classe das monocotiledôneas, dividindo-se em colmo (esse é dividido em intervalos por um diafragma saliente, formando os nós e os entrenós), rizoma e sistema radicular fasciculado, o bambu é responsável por apresentar um rápido desenvolvimento e fácil multiplicação, possui uma alta produtividade, formato tubular, baixo peso específico e alta resistência mecânica.

Também apresenta características satisfatórias como isolante térmico e acústico. Sua abrangência é grande, variando desde espécies de pequeno porte, com alguns centímetros de altura, até espécies gigantes que atingem 30 metros.

Vantagens em relação à madeira

Quando comparamos a madeira utilizada em construções, artesanato e outras finalidades, percebe-se que o bambu apresenta algumas vantagens, como: dentro de um mesmo bambuzal podem ser retirados vários colmos a cada ano, o bambu é um material leve, forte, consistente, elástico e maleável, apresenta fácil colheita, não possui operações de desdobro, devido ao baixo peso especifico e à sua constituição oca, é facilmente processado por ferramentas simples, além de poder ser facilmente trabalhado em marcenaria, trazendo um retorno financeiro acelerado, entre muitas outras vantagens.

Desvantagens

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Algumas das desvantagens do bambu é que o mesmo, assim como a madeira, também necessita de preservação – outro fator relevante a ser levado em conta é a cavidade central que possui, proporcionando um maior risco de incêndio, quando comparado com a madeira maciça. Os bambus também não apresentam comprimento e diâmetro uniforme, o que dificulta algumas atividades que utilizam este material.

Os colmos dos bambus se partem com facilidade, complicando o uso de pregos. Os colmos também possuem amido, o que atrai insetos e fungos após o corte.

Contenção de erosões

A utilização de bambu na contenção de erosões é mais uma das inúmeras utilidades que a planta nos fornece. Isso ocorre devido a sua alta resistência aliada à sua complexa raiz fasciculada.

As espécies de bambu conhecidas como alastrantes ou também como monopodiais têm o crescimento tanto na vertical como na horizontal. Com o passar do tempo, o mesmo é responsável por formar terraços, o que diminui a velocidade do escoamento da água, sendo excelente para conter deslizamentos e degradações.

Outro fator que ajuda na contenção de erosões é o seu rápido crescimento, o que causa um recobrimento acelerado da área sujeita à erosão.

Regeneração de espécies nativas

Quando é realizado o bom manejo da espécie, impedindo que o mesmo cresça em superabundância em áreas florestais que foram fragmentadas, evitando a competição com as espécies locais e mantendo o equilíbrio ecológico, o bambu pode se tornar um ator adequado para a regeneração de espécies florestais nativas.

A utilização do bambu como espécie pioneira em áreas de regeneração de espécies nativas gera um microclima favorável para diversas espécies presentes no local, ou espécies que sejam posteriormente introduzidas.

Devido ao seu acelerado crescimento, o mesmo pode fornecer sombra e condições ambientais adequadas para espécies secundárias e clímax. Estudos mostram que locais com superabundância da espécie, mesmo sem o manejo adequado, conseguiram obter uma regeneração natural de plantas que eram tolerantes à sombra.

Após o estabelecimento da vegetação nativa, o mesmo pode ser utilizado como fonte de renda do produtor, lembrando sempre que o bambu introduzido poderia ser retirado e utilizado nos mais variados fins.

Produtos feitos de bambu

As populações de bambu são abundantes nas grandes porções de florestas tropicais, principalmente na Amazônia Ocidental, que possui 180.000 km² de florestas dominadas por bambu. A utilização do bambu ao longo do tempo tem beneficiado o homem em várias gerações, como fonte de trabalho e renda.

No leste da Ásia, é utilizado na fabricação de casas, ferramentas agrícolas, artesanato e móveis. Mas, atualmente, outras frentes têm sido pesquisadas, como o uso como carvão.

Muitas espécies de bambus são utilizadas na construção civil – já há estudos que dizem que este material é capaz de substituir as madeiras, principalmente no uso como pontaletes, escadas e andaimes.

O bambu tem resistência à tração e compressão maior que o concreto e o módulo de elasticidade igual à do concreto, o que faz com que, quando misturado ao concreto, torne as peças da construção mais leves e resistentes.

Entre os mais variados usos, pode-se citar o uso na decoração, pois este é aplicado em móveis, pisos, laminados, persianas, luminárias e no artesanato em geral. Outros usos na construção são em galpões, pontes, esquadrias e cercas. É, também, muito utilizado em instrumentos musicais, na fabricação de talheres, ferramentas, brinquedos, espetos de churrasco, palitos, molduras, vasos de flor, entre outros. Algumas pessoas têm o costume de usá-lo na alimentação, comendo os seus brotos.

Dentre as utilidades do bambu no campo, podemos citar: como quebra-vento, sombreamento em viveiros de mudas, suas folhas podem servir de alimento para o gado, há a possibilidade de usá-lo como tubo de drenagem e irrigação, além de ser uma gramínea que pode facilmente participar da composição de sistemas agroflorestais.

Custo-benefício

O investimento ou custo inicial para cultivar uma área de um hectare de bambu é em torno de R$ 3.500,00 para a realização do plantio. É necessário que seja feita uma limpeza da área durante mais ou menos dois anos e meio, o que gera um custo em torno de R$ 2.000,00.

Desta maneira, com um bom manejo aos cinco anos, já se pode colher de 600 a 700 varas; aumentando para mais ou menos 1.000 varas com sete anos, este manejo pode ser feito até os 30 anos de idade do plantio.

O preço da vara de bambu carregada no caminhão pode variar muito, mas estima-se que seja entre R$ 3,00 e R$ 7,00, com um custo de corte por vara de mais ou menos R$ 2,00.

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