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Bambu conquista o mercado

 

Produção de móveis e fabricação de varas de pesca estão entre as opções

 

Créditos SXC
Créditos SXC

Ainda pouco explorado no Brasil, o bambu tem aos poucos conquistado os mais diversos setores da economia por ser matéria-prima que, apesar de barata, agrega valor ao produto final. Entre as oportunidades de negócios utilizando o bambu como matéria-prima estão a produção de móveis e itens de artesanato, o plantio da gramínea e a construção de varas de pesca. Empreendimentos como esses exigem investimento de R$ 10 mil a R$ 250 mil.

Vantagens

As principais vantagens na utilização do bambu no lugar da madeira tradicional são de caráter ecológico. Enquanto eucaliptos e pinheiros podem levar cerca de 25 anos, em alguns casos até 50, para atingirem o crescimento ideal para o corte, o bambu necessita de apenas três anos, sem precisar ser replantado. Além disso, exige apenas calor e água para colheita satisfatória. Como consequência dessa facilidade de cultivo, a matéria-prima torna-se barata, enquanto o produto final é faturado por ser novidade no mercado.

Outra vantagem do uso do bambu é a economia de energia em todos os processos de tratamento, em relação a outros materiais, desde a extração, passando pelo aquecimento industrial e à solda. Segundo Khosrol Ghavami, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pesquisador de materiais não convencionais para a engenharia civil, o investimento pode chegar a índices 50 vezes inferior ao aço e ao ferro.

Além disso, a planta pertencente à família das gramíneas apresenta formato tubular, sem precisar ser moldada como acontece com os demais materiais utilizados na construção de casas, por exemplo.

Ghavami pesquisa as diferentes formas de se utilizar o bambu em construções civis há 30 anos. A planta chamou a atenção do professor em função de seu diâmetro pequeno não impedir que ela chegue a tamanhos significativos de forma ereta, o que demonstra sua resistência.

Características

As varas de bambu têm brotação anual e os novos brotos crescem rapidamente, alimentando-se da seiva que recebem das varas mais antigas, as quais estão ligadas pelos rizomas, alcançando a sua altura máxima em no máximo seis meses.

Sua maturidade, porém, é alcançada entre o terceiro e o sexto ano após a brotação e se não houver a colheita das varas, elas acabam secando e morrem em até dez anos, conforme a espécie, sendo planta perene de elevado rendimento por área.

O bambu pode ser colhido em diversas fases de seu crescimento: durante a brotação, no caso de produção de brotos comestíveis, após dois anos, para produção de celulose e papel, ou após quatro a seis anos, no caso de uso em móveis, construção, pisos, produtos laminados, etc.

O rendimento por hectare/ano depende de muitos fatores, mas é correto dizer que, no caso da produção de biomassa de bambu para energia, ela pode chegar a 20 T/ha/ano de peso seco.

Exploração e distribuição ainda são deficientes

O bambu necessita de apenas três anos para atingir o crescimento ideal para o corte -Créditos SXC
O bambu necessita de apenas três anos para atingir o crescimento ideal para o corte -Créditos SXC

O Brasil tem cerca de 230 espécies de bambu, mas ainda tem um longo caminho a percorrer em relação à exploração da gramínea. Não existe cadeia de fornecimento estruturada e faltam aos plantadores instruções técnicas quanto ao pré-tratamento da planta. “É muito difícil encontrar o material e a qualidade não é garantida”, queixa-se Raphael Moras de Vasconcellos, diretor da oficina de móveis e objetos decorativos Bambu Brasileiro e da Agência Bambu de Conhecimento. Para Celina Lerena, arquiteta da Ebiobambu, é fundamental que empresas e entidades governamentais invistam em um programa nacional de apoio a esse setor.

“O agricultor não sabe manejar o insumo e um programa educativo iria ajudar a fixar a população no campo”, acrescenta Celina. Percebendo a falta de informação a respeito da planta, Vasconcellos criou a Agência Bambu de Conhecimento (www.agenciabambu.com.br), que reúne instruções de plantio, colheita, tratamento e manuseio da planta, além de apresentar o histórico de uso da matéria-prima.

O diretor da Bambu Brasileiro se interessou pela gramínea na universidade e se mantém envolvido com a planta desde então. Instituições como a PUC-Rio e a Universidade Federal de Alagoas oferecem aulas e pesquisas sobre a planta. Segundo Vasconcellos, hoje, o bambu movimenta cerca de US$ 5 bilhões anualmente no mercado mundial. José Santos é proprietário de duas indústrias que utilizam primordialmente o bambu como matéria-prima.

A Cepasa produz sacarias industriais para embalar produtos químicos, cimento e alimentos, e a Itapagé fabrica cartões duplex, ambos os produtos feitos à base de fibras de bambu. Para suprir as carências de produção e distribuição da planta, Santos cultiva 15 mil hectares de bambu para a Cepasa e mais 20 mil para a Itapagé.

Ele ainda precisa buscar nos pequenos produtores uma complementação à sua demanda. Para garantir a qualidade do bambu comprado, Santos iniciou um programa de fomento aos microprodutores, fornecendo mudas, tecnologia e supervisão durante a primeira etapa de plantio, além de assumir o compromisso de compra. No entanto, nem tudo é novidade em relação ao uso do bambu. Varas de pesca, hastes de bandeira, tochas e estacas utilizadas na agricultura são produzidas pela Varas Brotas há 18 anos. O fornecimento da matéria-prima é realizado por uma colônia japonesa localizada no litoral norte de São Paulo.

O povo oriental tem tradição no manuseio do bambu, utilizando-o muito na alimentação. Para abrir um negócio como esse, em uma proporção menor, é necessário um investimento inicial de R$ 250 mil. A empresa deve alcançar um faturamento médio mensal de R$ 60 mil, com margem de lucro de 30%.

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