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Batata continua em queda

Batata – Crédito: shutterstock

A produção brasileira de batatas está entre 3,6 a 3,8 milhões de toneladas anuais. O Brasil está no 20º lugar no ranking mundial em volume, próximo de países como Paquistão, Casaquistão, Bélgica e Canadá.

As safras de verão em todo o Brasil são bastante variáveis, entre 25 e 35 ton/ha de média, dependendo das condições climáticas em cada zona de produção. Já nas safras da seca e inverno, os rendimentos são de 35 a 45 ton/ha, também com algumas variações para mais.

Entre as principais regiões produtoras, por ordem de área plantada, em hectares, estão:

ð Oeste de Minas Gerais (Triângulo Mineiro): 27.000 ha = 25% da produção nacional;

ð Região Centro Sul do Paraná: 15.000 ha = 14% da produção nacional;

ð Sul de Minas Gerais (Pouso Alegre): 13.000 ha = 12% da produção nacional;

ð Nordeste de São Paulo (Vargem Grande do Sul): 10.000 ha = 9% da produção nacional;

ð Sudoeste de São Paulo (Itapetininga): 7.000 ha = 7% da produção nacional.

Observa-se ligeiro aumento de produção nos últimos cinco anos, mas com tendência a se estabilizar. As variações de plantio estão entre 0,5 a 3% para mais ou para menos. A produção é muito mais sensível às condições ambientais dos plantios de verão e primavera e estas podem ser de 5,0 até 20%, em determinadas situações.

A área plantada segue com 110.000 a 115.000 hectares anuais.

Oferta e demanda

No ano de 2019 houve uma redução da oferta de batata em comparação aos dois anos anteriores. Os problemas climáticos foram maiores e a área plantada sofreu uma redução. No entanto, a produção foi suficiente para atender o consumidor que, em algumas épocas, teve que desembolsar mais para comer batatas. 

O brasileiro segue consumindo entre 14 e 15 kg de batata por ano. Aproximadamente 20% de toda a produção nacional é processada industrialmente e, ainda, acresce o volume de batata pré-frita congelada, que é importada. Este produto tem crescido nos últimos anos, chegando a 2,5 kg/hab/ano, com tendência de crescimento para os próximos anos.

Exportação e importação

O Brasil exporta batatas somente para os mercados próximos, como Uruguai e Argentina, e de forma não constante, apenas quando estes mercados estão muito desabastecidos.

Além da batata-semente, que o Brasil é um importador de grandes volumes anuais, a batata consumo tem importação geralmente concentrada nos meses de março a maio. Com maior frequência, há importação de batata destinada à indústria com origem na Argentina.

Para o mercado fresco, a importação acontece somente quando temos grande crise e pouca oferta, que elevam os preços internos e tornam a importação atrativa. Os custos de importação e de frete são elevados em função da distância das zonas produtoras nos países vizinhos.

Custo de produção e rentabilidade

Os custos de produção são variáveis em função do nível de tecnologia, objetivo da produção, época do ano e região. Lavouras com menor tecnificação estão entre 28 e 35 mil R$/ha, incluindo o beneficiamento. Lavouras de alta tecnologia, mecanizadas, irrigadas com sementes de boa sanidade, em torno de 42 a 45 mil R$/ha.

Em 2019 os preços reagiram, mas a margem não foi tão alta em decorrência dos baixos rendimentos observados nas colheitas até metade do ano. Produtores destas regiões, nesta época do ano, tiveram lucro entre 15 e 20%, mas muitos tiveram perdas significativas em seus campos e consequente margem negativa. Já para o plantio de inverno, as margens foram muito boas, entre 20 e 30% na média dos produtores, em alguns casos, passando de 50%.

Balanço geral em 2019

Em 2019, a redução da área de batata para mercado fresco, combinado com as difíceis condições climáticas, resultaram em menor oferta de produto com preços bem mais altos em comparação aos dois anos anteriores.

As condições foram piores nas safras de verão e seca. Para a safra de inverno, as condições foram muito boas e a safra das águas bastante regular, permitindo plantio e bom desenvolvimento das lavouras. Com isso, muitos produtores conseguiram pagar parte de seus débitos e equilibrar suas contas.

Foi um ano em que a batata indústria continuou crescendo em participação na produção nacional, mostrando uma tendência que vem ocorrendo nos últimos anos. No final do ano, na safra de verão, o plantio voltou a crescer em sinal de recuperação do setor. De modo geral, a rentabilidade, assim como a qualidade do produto, foram muito boas no segundo semestre de 2019.

Tendência para 2020

A tendência para 2020 é de aumento de plantio. A intenção de importação de batata semente está alta, o que indica investimento do produtor acreditando no futuro de bons resultados. A batata indústria vai crescer, e com a recuperação da economia deve melhorar o segmento do tipo chips e palha, que vinha decaindo nos últimos anos.

O segmento de pré-fritas congeladas demonstra maior atividade com o início da construção de uma nova fábrica no Brasil, além da expansão das fábricas na Argentina, onde 70 a 80% da produção é destinada ao mercado brasileiro.

Se tivermos uma economia estável e em crescimento, certamente todo o setor agrícola de hortifrútis terá demanda aumentada. Os custos de produção serão mais elevados devido ao impacto da alta do dólar sobre os principais insumos, como agroquímicos e fertilizantes.

O verão das principais áreas de produção de inverno, como o Oeste de Minas Gerais e o Cerrado de Goiás, estão sendo chuvosos, o que tranquiliza o produtor que depende da água para irrigação da safra de inverno.

Autoria:

Paulo Popp

Engenheiro agrônomo com especialização em Produção de Hortaliças na Itália e Holanda, MBA em Marketing, Rastreabilidade e Segurança da Agroindústria na Itália e consultor em bataticulturarppopp@netpar.com.br

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