
Giovanni Aleixo Batista
Engenheiro de Alimentos e mestrando em Ciência dos Alimentos – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
giovannialeixob@gmail.com
Luíz Guilherme Malaquias da Silva
Cientista de Alimentos e doutorando em Ciência dos Alimentos (UFLA)
lg.malqs@gmail.com
Carlos Alexandre Rocha da Costa
Tecnólogo de Alimentos e doutorando em Ciência dos Alimentos (UFLA)
alexandre.vitae@gmail.com
Com maior resistência ao estresse térmico, as beterrabas híbridas são capazes de manter a produtividade e a cor vibrante mesmo em condições de calor intenso, reduzindo os riscos de falhas na colheita.
Essa inovação melhora a adaptabilidade das beterrabas às mudanças climáticas e também contribui para a segurança alimentar e a sustentabilidade das práticas agrícolas.
O que muda?
As beterrabas híbridas que demonstram resistência ao estresse térmico possuem características que as tornam mais adaptáveis e produtivas em condições de calor intenso.
Uma das principais características é a capacidade de produzir proteínas de choque térmico (HSPs), que protegem as células do estresse térmico, além do ajuste osmótico que permite o acúmulo de solutos orgânicos, como açúcares e aminoácidos, ajudando a manter a turgidez celular.
Essas beterrabas desenvolvem sistemas radiculares mais profundos, que são mais eficientes na absorção de água e nutrientes. Além disso, possuem a capacidade de fechar os estômatos nos momentos mais quentes do dia, o que ajuda a minimizar a perda de água sem prejudicar a fotossíntese.
Além disso, algumas híbridas conseguem manter taxas de fotossíntese elevadas em temperaturas altas, contribuindo para a produção de biomassa e manutenção da cor vibrante. Além disso, características fisiológicas, como folhas mais espessas e densas, ajudam a reduzir a perda de água por transpiração, tornando as plantas mais tolerantes ao calor.
Mais sabor, cor e produtividade
As beterrabas híbridas mantêm a produtividade e a cor vibrante graças à sua capacidade de realizar a fotossíntese eficientemente, mesmo em condições de calor elevado. Elas acumulam solutos osmóticos que mantêm a estrutura celular e a hidratação, além de protegerem as células com proteínas de choque térmico.
As raízes profundas também garantem o acesso contínuo à água, e o fechamento controlado dos estômatos reduz a evapotranspiração sem prejudicar a produção de energia, o que contribui para a manutenção de uma coloração intensa.
Tecnologias
O desenvolvimento de variedades de beterraba tolerantes ao calor foi possível graças à combinação de métodos tradicionais e tecnologias avançadas. O melhoramento genético tradicional desempenhou um papel fundamental, onde plantas com maior resistência ao calor foram selecionadas e cruzadas ao longo de várias gerações para criar híbridos mais adaptados a condições de estresse térmico.
Além disso, a seleção assistida por marcadores moleculares acelerou o processo, permitindo que os cientistas identificassem e selecionassem plantas com genes específicos de tolerância ao calor.
A biotecnologia e a engenharia genética também foram cruciais, facilitando a inserção ou modificação de genes responsáveis pela produção de proteínas de choque térmico e pelo ajuste osmótico, que ajudam as plantas a resistirem ao estresse causado por altas temperaturas.
Paralelamente, estudos de fisiologia vegetal forneceram informações detalhadas sobre os mecanismos que permitem à planta manter sua produtividade em condições adversas, orientando, assim, o melhoramento genético.
Resistência ao calor
A resistência ao calor das beterrabas pode melhorar significativamente a segurança alimentar em regiões afetadas pelas mudanças climáticas, já que essas variedades conseguem suportar altas temperaturas, sem comprometer a produtividade.
Ao serem mais tolerantes ao calor, essas beterrabas permitem que os agricultores em áreas quentes ou sujeitas a ondas de calor mantenham colheitas estáveis, minimizando as perdas causadas pelo estresse térmico.

Isso contribui para a redução das oscilações nos preços dos alimentos e garante o acesso contínuo a um produto nutritivo, rico em vitaminas, minerais e antioxidantes, essencial para uma alimentação saudável.
Benefícios econômicos
Os benefícios econômicos incluem a redução das perdas por estresse térmico e seca, o que leva a colheitas mais consistentes e rentáveis. Com maior produtividade e qualidade, os agricultores podem aumentar sua receita, além de reduzir os custos associados à irrigação e outras medidas de controle de estresse hídrico.
A possibilidade de cultivar em áreas com temperaturas mais elevadas também pode aumentar o uso de terras, ampliando a produção. A coloração vibrante e a qualidade constante do produto também podem agregar valor ao mercado.
A adoção de variedades de beterraba resistentes ao calor pode trazer diversos benefícios econômicos para os agricultores. Primeiramente, elas são capazes de manter altos níveis de produção mesmo em condições de calor extremo, resultando em colheitas mais abundantes e, consequentemente, em maiores receitas.
Além disso, com a capacidade de suportar temperaturas elevadas, os agricultores conseguem minimizar as perdas de produção causadas pelo estresse térmico, garantindo um rendimento mais estável a cada safra.
Economia
Outro benefício importante é a redução dos custos de irrigação. Essas variedades resistentes ao calor geralmente requerem menos água, uma vez que sua fisiologia permite a conservação hídrica.
Isso pode resultar em uma economia significativa nos custos operacionais e promover o uso mais sustentável dos recursos hídricos. Com a manutenção de colheitas estáveis e a redução das perdas, os agricultores também podem evitar flutuações drásticas nos preços de venda, contribuindo para uma renda mais previsível ao longo do ano.
Desafios ainda existem
Existem alguns desafios e limitações na implementação das beterrabas híbridas resistentes ao calor nas lavouras, mas muitos deles podem ser superados com abordagens adequadas.
Um dos principais é o custo elevado das sementes híbridas, que podem ser inacessíveis para pequenos agricultores ou produtores de regiões mais vulneráveis economicamente. Para superar essa barreira, é necessário o desenvolvimento de políticas de subsídios ou programas de incentivo que facilitem o acesso a essas sementes, além de promover cooperativas de agricultores para compras coletivas.

Outro desafio é a falta de conhecimento técnico sobre o cultivo de variedades híbridas, o que pode dificultar sua adoção por parte dos produtores. Esse obstáculo pode ser superado com programas de capacitação agrícola que forneçam aos agricultores treinamento prático e orientações sobre as melhores práticas de cultivo, manejo eficiente de água e solos, e técnicas específicas para maximizar o potencial dessas novas variedades.
Há, também, a questão da adaptação ao solo e ao clima de diferentes regiões, pois, embora as beterrabas sejam resistentes ao calor, sua performance pode variar conforme as condições locais.
Pesquisas regionais e testes em campo são essenciais para adaptar as variedades híbridas às condições específicas de cada área de plantio. Além disso, parcerias com instituições de pesquisa podem ajudar a desenvolver híbridos ainda mais adaptados a diferentes microclimas.