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Biofertilizantes: Solução contra doenças na lavoura orgânica

Fabio Olivieri de NobileDoutor e professor – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (Unifeb)fabio.nobile@unifeb.edu.br

Maria Gabriela AnunciaçãoGraduanda em Engenharia Agronômica – Unifeb

Hortaliças – Fotos: Shutterstock

O Brasil está se consolidando como um grande produtor de alimentos orgânicos. Dados do Sebrae indicam que o crescimento em consumo de orgânicos no Brasil cresce 25% anualmente, sendo que aproximadamente 17 mil propriedades já estão certificadas para a produção de orgânicos. Particionando o Brasil, podemos citar que a região sul é a responsável pela maior parte da produção orgânica, seguida pela região sudeste e nordeste.

Os biofertilizantes surgem como alternativa perspicaz para suprir a demanda nutricional das plantas, além de melhorar e potencializar condições fisiológicas por meio da produção enzimática que pode auxiliar tanto nas condições metabólicas da planta quanto nas condições sanitárias.

A Embrapa descreve que um biofertilizante é um composto biologicamente ativo, resultante das ações provocadas por microrganismos eficientes, em meios líquidos ou sólidos de resíduos orgânicos, capazes de produzir e desempenhar funções vitais no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das plantas.

Ação e reação

Um microrganismo eficiente possui funções diversas, dependendo muito das enzimas que é capaz de produzir. Dessa maneira, podemos encontrar microrganismos indispensáveis para a ciclagem de nutrientes no solo, por exemplo, mas também temos diversas outras funções que são passíveis de discussão e, quando aplicadas de maneira correta, podem melhorar a condição das plantas.

Falando da condição nutricional, podemos citar, classicamente, a fixação biológica de nitrogênio (FBN), mas ainda temos outras tecnologias que estão sendo trazidas como novidade aos produtores, como é o caso das bactérias solubilizadoras de fosfatos.

Outras vertentes ainda podem ser citadas, é o caso da produção de fitohormônios que estimulam o crescimento radicular e foliar das plantas, além das características sanitárias, ou seja, produção de compostos no solo que podem melhorar a resistências das plantas a estresses abióticos (estresse hídrico e compactação no solo) e bióticos (fitopatógenos e nematóides).

Os fungos pertencentes ao gênero Trichoderma são comumente utilizados em biofertilizantes por sua ampla capacidade de ação, por exemplo, uma vez que podem agir como solubilizadores de fósforo, promovem a produção de fitohormônios e possuem diversos mecanismos contra os fungos comumente presentes no solo, como Fusarium sp., Rhizoctonia solani e Sclerotinia sclerotium, problemas que acometem diversas culturas, gerando gastos e perdas sucessivas da soja até culturas de perenes como café.

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No mesmo aspecto, as bactérias do gênero Bacillus também podem ser uma grande aliada, quando associadas aos biofertilizantes, tendo amplo espectro de ação, desde a ciclagem de nutrientes até o combate a pragas de solo, como nematoides e fitopatógenos.

Os patógenos citados acima e muitos outros são algumas causas de redução da produtividade das nossas plantas cultivadas, muitos dos quais acometem a semente antes mesmo de a planta germinar ou, no caso de plantas jovens, antes da mesma conseguir aportes fisiológicos para criar mecanismos que a auxiliem a sobreviver durante o estresse biológico.

Dessa forma, os microrganismos presentes nos biofertilizantes podem agir de modo a induzir a resistência das plantas, a parasitar o fitopatógeno e se alimentar dele, a competir com o patógeno por espaço e alimento, de maneira a impedir que as estruturas do patógeno possam acometer as plantas.

Por último, o microrganismo pode agir por antibiose, ou seja, vai produzir alguma substância, possivelmente enzimas, que vão impedir que o fitopatógeno cresça ou se reproduza na rizosfera.

Pesquisas

Um trabalho realizado pela Embrapa Hortaliças expõe alguns fatores que devemos levar em consideração em relação aos biofertilizantes. Dentro do biofertilizante utilizado foram encontrados 217 microrganismos, no entanto, esta população decaiu no decorrer de 10 dias.

Tal fato pode ser facilmente explicado pelo poder de competição de alguns grupos específicos – os gêneros citados acima, ou seja, Trichoderma e Bacillus, não tiveram quedas significativas de população, pois possuem um alto poder competitivo.

Cabe ressaltar que os biofertilizantes possuem microbiota muito diversificada. A população de microrganismos vai depender do substrato, do processo ao qual ele foi submetido, variando conforme a ausência ou presença de oxigenação.

No entanto, todos os biofertilizantes devem estar de acordo quanto à segurança microbiológica, definida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio de Instruções Normativas que vão indicar as quantidades máximas de contaminantes químicos ou biológicos.

Tal fato é intrínseco à segurança alimentar e do ambiente, uma vez que patógenos humanos podem ser difundidos em presença de um meio de cultura rico em fontes de energia.

Sustentabilidade

Os biofertilizantes são alternativas sustentáveis que podem agregar muito enriquecimento ao solo.

Atualmente, o uso de biofertilizantes está mais comumente associado aos pequenos produtores orgânicos, especialmente em se tratando de hortaliças. No entanto, relatos têm sido apresentados de uso satisfatório em grandes culturas e culturas perenes, seja no manejo na hora da implantação da muda ou posteriores, para incrementar a produtividade e repor nutrientes.

Vale ressaltar, porém, que apesar de fornecer compostos que melhoram a sanidade das culturas, aminoácidos, macro e micronutrientes e fitohormônios, os biofertilizantes devem ser utilizados e adquiridos de empresas idôneas.

É um insumo de extrema eficiência que contempla uma produção sustentável, com retorno econômico, uma vez que diminui a demanda por fertilizantes minerais e também de produtos responsáveis por manter a sanidade da lavoura. Para tanto, porém, é preciso que sua aplicação seja feita de forma técnica e assertiva.

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