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Biológicos no manejo de Pratylenchus brachyurus

Vanessa Alves Gomes
Engenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia, doutoranda em Proteção de Plantas – UNESP e professora – Centro de Ensino Superior de São Gotardo (CESG)
vavvgomes@gmail.com
Carolina Alves Gomes
Engenheira agrônoma e mestranda em Produção Vegetal – Universidade Federal de Viçosa (UFV/CRP)
carol.agomes11@gmail.com

Grandes reduções na produção agrícola mundial são oriundas da presença de nematoides parasitas de plantas. Cerca de 10% da produção pode ser reduzida na presença destes patógenos. O elevado número de casos, evidenciados em diversas culturas, alerta a capacidade desses patógenos causarem grandes prejuízos aos produtores.
O nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus spp.), com foco na espécie Pratylenchus brachyurus, é um nematoide relevante e requer atenção especial no manejo. É o segundo nematoide mais importante no Brasil, devido a apresentar características de polifagia. Além de possuir uma alta gama de hospedeiros, apresenta uma ampla distribuição geográfica em climas temperado, tropical e subtropical.
As perdas econômicas causadas por P. brachyurus no Brasil não são precisas. Isso se dá, principalmente, pelas interações com danos provocados por outros fitopatógenos e/ou insetos-pragas.

Prejuízos

Segundo Ferrari et al. (2015), no ano de 2013, em Sinop (MT), um plantio de soja e milho safrinha em área infestada com P. brachyurus enfrentou redução de uma saca de soja por hectare a cada 65 nematoides/g de raiz.
Os prejuízos na produtividade do milho ficaram em torno de 12% e, na segunda safra de soja, de 19%. Outro estudo, desenvolvido por Franchini et al. (2014), mostrou uma diminuição em até 50% na produtividade de grãos de soja, em lavouras no centro-oeste infestadas com P. brachyurus.
Por ser um nematoide endoparasita migrador, locomovendo-se no interior das raízes do hospedeiro enquanto se alimenta, isto faz com que comecem a aparecer os primeiros sintomas, pontos necróticos nas raízes, de coloração escura.
São microrganismos que se alimentam das células do córtex e da epiderme, destruindo os tecidos radiculares. Nestes locais, as raízes começam a se deteriorar e podem servir de porta de entrada para outros patógenos de solo, se presentes no local.

Causas

O aumento de áreas infestadas com nematoides fitoparasitas se deve à dificuldade dos agricultores em prevenir a introdução nas áreas de cultivo, que se dá, principalmente, pelo transporte de solo infestado e/ou material vegetal contaminado. A utilização de mudas sadias, em geral, é bem aceita pelos produtores, no entanto, ainda existe resistência quanto à limpeza de máquinas e equipamentos, além de contenção de erosões.
Uma vez estabelecidos no campo, a erradicação dos nematoides é praticamente impossível. Assim, o manejo deve visar a redução da população em níveis abaixo do limiar de dano econômico. No entanto, algumas culturas não toleram os nematoides, mesmo em baixas populações, pelo fato de o patógeno atingir o produto comercial, como exemplos, algumas olerícolas.

Controle biológico

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Quando o assunto é nematoide, o controle preventivo é o mais eficiente e não pode ser negligenciado. Mas, em se tratando de áreas já infestadas, é necessário um manejo que faça uso de diversas medidas de controle associadas para obter bons resultados e não inviabilizar as áreas de cultivo. Diante disso, o controle biológico vem sendo utilizado, cada vez mais, no controle de nematoides.
O controle biológico é constituído por um ou mais organismos considerados inimigos naturais de fitonematoides, tais como bactérias, fungos, nematoides predadores e ácaros. No entanto, apenas algumas espécies de fungos e bactérias podem ser utilizadas racionalmente no controle de nematoides.
Cerca de 75% dos antagonistas já identificados são fungos e outros 7% são bactérias. Estes microrganismos são encontrados normalmente nos solos e são inofensivos às culturas.
Dentre os fungos nematófagos ou antagonistas de nematoides, podem ser encontrados fungos predadores, que capturam os nematoides utilizando hifas modificadas na forma de armadilhas; endoparasitas, capazes de parasitar os nematoides utilizando pequenos conídios que penetram pelas aberturas naturais do corpo dos nematoides; oportunistas, parasitando ovos, cistos e fêmeas sedentárias e os que produzem metabólitos tóxicos aos nematoides.

Pesquisas

Em relação aos estudos com bactérias, principalmente dos gêneros Pasteuria, Pseudomonas e Bacillus, têm mostrado grande potencial para o biocontrole de nematoides. Pode-se encontrar rizobactérias, que além de atuarem como promotoras de crescimento, podem induzir a resistência das plantas aos nematoides; bactérias nematófagas, apresentando diversos modos de ação, como parasitismo, produção de toxinas, antibióticos ou enzimas, interferência no reconhecimento do hospedeiro pelo nematoide, competição por nutrientes, indução de resistência sistêmica na planta e promoção da sanidade da planta e bactérias endofíticas, colonizando o interior das raízes e promovendo proteção contra microrganismos fitopatogênicos, sem causar nenhum dano à planta.

Opções disponíveis

Atualmente, existem produtos comerciais biológicos registrados para o controle de P. brachyurus à base de Bacillus spp., Trichoderma spp. e Paecilomyces lilacinus. No entanto, muitos outros microrganismos estão sendo testados e apresentam resultados significativos no controle do nematoide das lesões radiculares. Destacam-se a Pochonia chlamydosporia, Arthrobotrys oligospora, A. botryospora, Myrothecium verrucaria e Beauveria bassiana.
Segundo Santos et al. (2019), o uso dos fungos Beauveria bassiana, Trichoderma harzianum, Metarhizium anisopliae e Paecilomyces lilacinus em sojas conduzidas em áreas infestadas por P. brachyurus trouxe inúmeros benefícios.
Todos os fungos atuaram diretamente nas características agronômicas da soja, além de proteger o sistema radicular do parasitismo dos nematoides. No geral, o biocontrole com estes microrganismos foi capaz de inviabilizar ou retardar o parasitismo dos nematoides nas raízes das plantas de soja.
Outra cultura que P. brachyurus causa inúmeros prejuízos é a cultura da batata. Oliveira & Santos (2017) observou que o controle biológico conseguia reduzir o fator de reprodução dos nematoides das lesões radiculares, bem como auxiliar no incremento de produtividade da cultura. Isto porque acreditam que o Trichoderma harzianum melhora a eficiência no uso de alguns nutrientes e aumenta a disponibilidade e absorção de nutrientes pela planta.

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