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Boas práticas de inoculação da soja

Mariangela Hungria

Marco Antonio Nogueira

Pesquisadores da Embrapa Soja

Crédito Miriam Lins
Crédito Miriam Lins

O nitrogênio é o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura da soja. Para cada 1.000 kg de grãos são necessários cerca de 80 kg de N. Contudo, existem bactérias capazes de capturar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo em fertilizante para as plantas, uma verdadeira “fábrica de fertilizante biológico“.

O processo é chamado de fixação biológica do nitrogênio (FBN) e, no caso da soja, é realizado por bactérias chamadas de Bradyrhizobium, que são capazes de fornecer todo o N necessário para atingir altos rendimentos.

A indústria multiplica as bactérias selecionadas pela pesquisa e disponibiliza aos agricultores via um insumo denominado inoculante. Existem inoculantes líquidos e sólidos (em turfa) mas, para garantir o sucesso da lavoura, o agricultor deve utilizar boas práticas de inoculação:

ðVerificar se o produto tem registro no MAPA e o prazo de validade;

ðPerguntar ao fornecedor sobre as condições de transporte e armazenamento, garantindo que não foi exposto ao sol ou a temperaturas excessivas (superiores a 30ºC);

ðEm caso de dúvidas sobre a procedência ou qualidade do produto, contatar um fiscal do MAPA;

ðO agricultor deve transportar e conservar o inoculante em lugar fresco e bem arejado;

ðCalcular a dose a ser aplicada de acordo com as instruções do fabricante para fornecer, no mínimo, 1,2 milhões de células por semente;

ðPara melhor aderência dos inoculantes turfosos, umedecer as sementes com, aproximadamente, 300 mL/50 kg de semente de solução açucarada a 10% (100 g de açúcar/L de água) e, então, aplicar o inoculante;

ðO volume total de líquidos adicionados às sementes, considerando inoculantes e agroquímicos, não deve ultrapassar 300 mL/50 kg; no caso de sementes com alta qualidade fisiológica (germinação e, principalmente, vigor), podem ser aplicados até 550 mL/50 kg);

ð Caso seja necessário o uso de agroquímicos, aplicá-los primeiro, deixar secar e aplicar o inoculante em uma segunda operação;

ð A inoculação pode ser feita em tambor rotatório, betoneira ou em máquinas específicas para a inoculação, que também permitem o tratamento com agroquímicos. Verificar sempre se o inoculante foi distribuído uniformemente nas sementes;

ð Fazer a inoculação à sombra, deixar secar por cerca de 20-30 minutos e manter a semente inoculada protegida do sol e do calor excessivo;

ð Não usar inoculante diretamente na caixa semeadora e nem fazer o “sopão“ com agroquímicos e inoculantes;

ð Maior sucesso é obtido quando a semeadura é realizada no mesmo dia da inoculação, especialmente se a semente for tratada com agroquímicos. Em caso de dúvida, repetir a operação de inoculação;

ð Existem produtos no mercado com função de adesão e proteção das bactérias que podem estender o período de viabilidade delas, mas o agricultor deve verificar os dados de pesquisa obtidos com esses produtos;

ð Não semear “no pó“, pois as bactérias são sensíveis ao dessecamento;

ð Na semeadura, evitar o aquecimento, em demasia, do depósito de sementes na semeadora; se necessário, resfriar externamente o reservatório;

ðOutra excelente opção para evitar o contato da bactéria com agroquímicos das sementes é a inoculação no sulco, mas com no mínimo 2,5 vezes a dose do inoculante usada nas sementes e diluída em pelo menos 50 L de água/ha;

ð Em área de primeiro ano, ou não inoculada há muito tempo, evitar o uso de agroquímicos nas sementes, ou optar pela inoculação no sulco;

ð Sementes pré-inoculadas também são encontradas no mercado. Mas o agricultor deve pedir garantia na hora da compra de que essas sementes carregam cerca de 100.000 células/semente. Muito cuidado! Em caso de dúvida, enviar as sementes para análise;

ð Outros métodos de inoculação, como pulverização do solo ou foliar, devem ser adotados só em caso de emergência. Aplicar somente com solo úmido e no final da tarde e ficar consciente de que o resultado nunca será o mesmo da inoculação na semente ou no sulco;

ðOs micronutrientes molibdênio e cobalto são muito importantes para a FBN, mas também não podem ficar em contato prolongado com as bactérias. Podem ser aplicados via foliar, até 30 dias após a emergência.

Nodulação em raiz de soja - Crédito Paulo Fernando
Nodulação em raiz de soja – Crédito Paulo Fernando

Fique atento

O uso de inoculantes é obrigatório em áreas de primeiro cultivo de soja, ou áreas não cultivadas há vários anos. Em áreas já cultivadas a reinoculação anual garante ganhos médios no rendimento de 8%.

Altos rendimentos são conseguidos quando as boas práticas de inoculação são seguidas, não sendo necessária nenhuma complementação com fertilizante nitrogenado, em qualquer estágio de desenvolvimento da cultura.

Além de beneficiar o agricultor, a FBN não polui reservatórios de água, rios, lençois freáticos e contribui fortemente para a diminuição na emissão de gases de efeito estufa. Para o País, a FBN com a cultura da soja resulta em uma economia estimada em 15 bilhões de dólares por ano.

Essa matéria você encontra na edição de fevereiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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