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quinta-feira, abril 25, 2024
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Boro líquido proporciona mais produtividade para a batata?

Autores

Arnon Higor Leitão
Graduando em Engenharia Agronômica – Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP)
arnonhigorleitao2@gmail.com
Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura – FCA/UNESP e professor – UNIFSP
brunonovaes17@hotmail.com
Letícia Galhardo Jorge
Bióloga e mestranda em Botânica – IBB/UNESP
leticia_1307@hotmail.com
Crédito: Marcos Miyazaki

Os sintomas de deficiência do boro (B) ocorrem inicialmente nas folhas mais novas da batata, tornando-se pequenas, com ou sem clorose irregular, deformadas, mais grossas e quebradiças. Tais deficiências podem ocorrer mesmo em lavouras adubadas com este nutriente devido à baixa redistribuição na planta (baixa mobilidade no floema das plantas). Por isso, os sintomas de deficiência se manifestam nos pontos de crescimento, áreas de diferenciação e órgãos com maior expansão celular.

Sintomas de deficiência de boro
Inibição do crescimento da parte aérea e das raízes e até morte das gemas terminais;
Encurtamento dos internódios;
Folhas novas cloróticas;
Clorose das folhas pode progredir de uma coloração amarelada para castanha e para castanho-escuro avermelhada;
Tubérculos com os anéis dos feixes vasculares de coloração castanho, principalmente próximo ao hilo;
Aparecimento de rachadura na casca;
Parte interna necrosada.

Nestas condições, é aconselhável a realização de adubações foliares com o boro, sendo caracterizado como uma importante ferramenta para correção de eventuais sintomas visuais de deficiências do elemento.

Recomendações

A curto prazo, o boro foliar é mais indicado que via solo devido à resposta ser imediata e, consequentemente, as deficiências podem ser corrigidas no mesmo ciclo da cultura. Dentre as formulações usadas no Brasil, destacam-se o bórax (11%) e o ácido bórico (17%).

Quando aplicado via solo, o boro apresenta uma boa taxa de absorção em pH entre 5,5 e 7,0. Grande parte do boro total do solo está presa à matéria orgânica, sendo liberada após mineralização para solução do solo, e a partir daí uma parte pode novamente ser absorvida pelas raízes das plantas e outra perdida por lixiviação. Além disso, o boro favorece a absorção e o transporte do Ca.

O boro é um micronutriente aniônico e está presente no grupo de nutrientes que são importantes na armazenagem de energia ou na integridade estrutural dos vegetais. O elemento está relacionado a muitos processos fisiológicos da planta, tais como: transporte de açúcares através das membranas, síntese da parede celular, lignificação, estrutura da parede celular, metabolismo de carboidratos, metabolismo de RNA, respiração, metabolismo de AIA, metabolismo fenólico, metabolismo de ascorbato, síntese da parede celular, divisão celular e integridade da membrana plasmática.

Portanto, o boro tem efeito na qualidade e produtividade do tubérculo da batata, sendo que sua aplicação, quando realizada de forma correta, proporciona uma boa qualidade de casca, redução da mancha de ferrugem interna e tolerância a estresse (escassez hídrica e calor).

Manejo

A utilização e interpretação correta de análises de solo e foliar é imprescindível para um correto manejo do nutriente na cultura, ressaltando que, por ser um micronutriente, o boro é utilizado em poucas quantidades por hectare, e uma a aplicação maior do que a recomendada para a cultura pode causar problemas de toxidade e reduzir a produção.

A fase de maior demanda pelo nutriente ocorre logo após o início da formação e durante o enchimento dos tubérculos, entre 35 e 60 dias após o plantio, dependendo da cultivar. Em geral, utiliza-se, para adubação foliar, 70 a 100 g ha-1 de Borox, ou 200 a 300 ml de Supra Bor, aplicados em três parcelas com 20, 40 e 60 dias após o plantio.

Erros

Para obter a correta recomendação de adubos é necessário estar atento aos erros que possam ocorrer durante a etapa de amostragem de solo, que poderá afetar o resultado da análise química em laboratório, além da aplicação do adubo.

O erro devido à amostragem mau conduzida é geralmente o mais significativo, porque não pode ser corrigido nas fases subsequentes, ou seja, a análise não corrige os erros cometidos no momento da coleta da amostra. Daí a importância da orientação técnica de um profissional habilitado. Em geral, os erros mais comuns são:

” Número insuficiente de pontos coletados;

” Distribuição dos pontos de coleta na gleba de forma não representativa;

” Divisão incorreta da área de cultivo;

” Mistura não homogênea das subamostras de solo;

” Coleta em locais com manchas de solo ou com residual de fertilizantes, como por exemplo, local de depósito de corretivos e que não correspondem à realidade da área de cultivo;

” Uso de equipamentos inadequados ou com resíduo que possam “mascarar” os resultados;

” Interpretação inadequada dos resultados;

” Aplicação de doses erradas de fertilizantes (costuma ocorrer tanto no excesso quanto na falta, que certamente causarão problemas no desenvolvimento da cultura);

” Época de aplicação incorreta (fase de desenvolvimento da cultura): a batata tem sua maior exigência por nutrientes entre a fase de crescimento vegetativo e, principalmente, a fase de enchimento dos tubérculos. Aplicações em momentos e doses erradas podem acarretar em diminuição do potencial produtivo da cultura.

Resultados na batata

Alguns resultados com a aplicação de B na cultura da batata foram alcançados em campo. Segundo Yuri et al. (2017), ao avaliarem o desempenho agronômico da cultura da batata em função da aplicação de boro observou-se que a máxima produtividade de tubérculos (42,86 t ha-1) foi obtida com o uso de 77,0 g ha-1 deste micronutriente, salientando-se que as pulverizações com B foram divididas em três ao longo do ciclo da cultura.

Os resultados positivos da adubação com B alcançados no presente trabalho podem estar relacionados ao seu papel funcional no metabolismo de desenvolvimento da batata, uma vez que é considerado essencial para a integridade e funcionamento das membranas celulares.

Investimento x retorno

Geralmente o custo de aplicação é baixo e irá depender da fonte a ser empregada, bem como da quantidade necessária e do número de aplicações. Assim, o custo será apenas para adquirir o produto que apresenta o nutriente, que em geral é barato.

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