
No mundo, a área plantada e a produção de brócolis e couve-flor quase dobrou nos últimos 20 anos (Gráficos 1 e 2). Atualmente, a área mundial plantada com estas duas hortaliças é de 1.395.152 hectares, produzindo-se cerca de 25.984.758 toneladas e com produtividade média estimada em 18,62 toneladas por hectare.
China, Índia e Estados Unidos se destacam como os maiores produtores mundiais (Faostat, 2019). Estimativas recentes apontam, ainda, que a América do Sul produz cerca de 10% do brócolis consumido no mundo, destacando-se o Brasil como o maior produtor nesta região.
Produção brasileira
Estudos feitos pela Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM) e por empresas privadas especialistas na produção de sementes de brócolis indicam evolução crescente da área plantada, com uma produção de 290 mil toneladas anuais e um crescimento de mercado de 4,0 e 5% ao ano, com movimentação anual de cerca de R$ 1,2 bilhão no varejo.
A produção de brócolis tem sido vantajosa para os produtores de hortaliças devido ao seu maior valor agregado, comparado ao de outras brássicas, como repolho, couve e rúcula, o que permite maiores ganhos por unidade de área.
No mercado brasileiro existem dois tipos de brócolis que podem atender a mercados complementares: o brócolis do tipo ramoso e o de inflorescência (cabeça) única. O tipo ramoso é comercializado em maços e pode ser obtido de colheitas múltiplas. Já o tipo cabeça única, que também é conhecido em algumas regiões, como americano, japonês ou ninja, apresenta maior flexibilidade na comercialização por ter maior longevidade pós-colheita e ser tolerante ao congelamento e processamento mínimo.
Comercialização
A produção e consumo de brócolis americano, ou de inflorescência única, é o que mais tem crescido no mercado brasileiro. Segundo o último levantamento disponibilizado pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), foram comercializadas no último ano 15.364,01 toneladas de brócolis no Estado de São Paulo, o que posiciona esta hortaliça como o 40° produto mais comercializado no CEAGESP. Deste total, 45,4% foi de brócolis americano e 54,6% de brócolis ramoso.
Regiões produtoras
Em função do melhoramento genético, a produção de brócolis tem sido possível durante praticamente o ano todo em algumas regiões. A sua produção tende a se concentrar principalmente no Centro-Sul brasileiro. Dados do último Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística, 2006) indicam as regiões sudeste e sul e o Distrito Federal como os maiores produtores desta hortaliça. Nos últimos anos, a cultura tem avançado em novas regiões, como o Sul de Minas Gerais.
No Estado do Rio de Janeiro, um dos maiores produtores nacionais da cultura segundo o IBGE, a produção de brócolis e de couve-flor concentra-se na região Serrana, em função das temperaturas mais amenas. Estimativas da Emater-RIO (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro) indicam que, no último ano, a produção estadual de brócolis foi de 28.087,61 toneladas, em área colhida de 1.273,10 hectares, com produtividade média de 22,0 toneladas por hectare (Emater-RIO, 2019).
Custo de produção
Estimativas recentes feitas pela Emater do Distrito Federal indicam que os custos da produção de brócolis ramoso são de R$ 0,24 por maço e R$ 20.779,59 por hectare, considerando uma produção média de 87.500 maços de 0,4 kg por hectare. Já para o brócolis de cabeça única, o custo unitário seria de R$ 1,05 por cabeça, e R$ 18.904,75 por hectare, considerando 18.000 plantas por hectare (Emater-DF, 2019).
O que esperar
Para o ano de 2020, é esperado um aumento na produção e no consumo de brócolis no Brasil. De acordo com dados da FAO, o consumo médio per capita de brócolis no Brasil ainda é baixo, cerca de 1,04 kg por pessoa ao ano. Na liderança do consumo mundial estão os italianos, que consomem 7,24 kg por pessoa ao ano, isto é, a cultura apresenta ainda um grande potencial de ampliação de mercado.
Dentre os desafios a serem superados na produção de brócolis está a ampliação da oferta no período de verão, redução das perdas na fase de pós-colheita e ampliação do mercado, especialmente em regiões fora do eixo sul-sudeste.
Gráfico 1. Área colhida com brócolis e couve-flor no mundo (em hectares) no período de 1994 a 2017.

Fonte: Adaptado de FAOSTAT (2019).
Gráfico 2. Produção mundial de brócolis e couve-flor (em toneladas) no período de 1994 a 2017.

Fonte: Adaptado de FAOSTAT (2019).
Autoria:
Carlos Antônio dos Santos – Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) – carlosantoniods@ufrrj.br
Margarida Goréte Ferreira do Carmo – Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e professora – UFRRJ – gorete@ufrrj.br
Júlio César Ribeiro – Engenheiro agrônomo e doutor em Ciência do Solo – UFRRJ – jcragronomo@gmail.com