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Cenouras coloridas são inovação de mercado

Crédito Shutterstock

Marla Silvia Diamante
Doutora em Agronomia/Horticultura – UNESP
marlasdiamante@gmail.com
Rafael Rosa Rocha
Engenheiro agrônomo e mestrando em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola (UNEMAT)
rafaelrochaagro@outlook.com
Marília Caixeta Sousa
Bióloga e doutora em Botânica – UNESP
marilia.caixetas@gmail.com

A cenoura é uma hortaliça fortemente aceita pelos brasileiros, de grande valor nutricional e presente em vários tipos de pratos. Crua ou cozida, é uma das 10 principais hortaliças produzidas no País.
É cultivada em todo território nacional e ocupa área equivalente a cerca de 30 mil hectares, com a produção de 900 mil toneladas de raízes. A média de produtividade da cenoura no Brasil gira em torno de 30 toneladas por hectare, podendo ter duas safras: safra de verão e safra de inverno.
Mas, em regiões mais tecnificadas e que usam sementes híbridas, este valor muitas vezes pode alcançar em torno de 60 toneladas em safra verão, enquanto cultivos de cenoura em período de inverno variam de 80 a 90 toneladas por hectares,
De acordo com a HF Brasil em 2020, se considerarmos as principais regiões produtoras, MG (com mais de 50% da produção) teve uma produtividade média no verão em torno de 54 t/ha e no inverno de 85 t/ha, enquanto que em GO a produtividade no verão foi de cerca de 56,5 t/ha, e no inverno de 95 t/ha.
Em termos mundiais, o Brasil ocupa a 5ª posição em produção de cenoura, ficando a China em primeiro lugar. Devemos nos lembrar, porém, que a cenoura consumida na Ásia pode diferir do padrão de cenoura consumida no Ocidente, que é alaranjada, “carotênica”.

Oferta x demanda

A produção mundial de cenouras coloridas ainda é baixa em comparação às cenouras comuns, de coloração laranja. No entanto, a comercialização vem crescendo, com visível demonstração de demanda em função do surgimento de nichos que buscam produtos gourmet.
Suas áreas de cultivo podem ser encontradas predominantemente nas regiões rurais da Ásia Central e Estados Unidos, onde este mercado de hortaliças já está bastante consolidado.
No Brasil, as cenouras coloridas foram introduzidas em 2014 e hoje podem ser cultivadas em todo o território nacional, desde que em condições edafoclimáticas adequadas. Elas obtiveram boa aceitação dos consumidores, onde são utilizadas especialmente na fabricação de cenouras minimamente processadas e na composição de pratos requintados. Assim, a expectativa é de que o mercado continue em expansão.

Perspectivas

Não são esperadas grandes mudanças no mercado de cenoura, uma vez que a área não teve alterações de 2020 para 2021. No primeiro semestre (safra de verão 2020/21), a oferta influenciou nos valores, que foram reduzidos pela grande oferta do produto, mas mesmo assim os preços estavam atrativos ao produtor.
Para o inverno de 2021, setembro e o início de outubro foram marcados pela manutenção dos preços da cenoura em patamares elevados em todo o território nacional, de acordo com informações do Hortifruti/Cepea. Nas principais praças produtoras, São Gotardo (MG) e Cristalina (GO), a caixa de 29 kg de “suja” foi vendida, em média, a R$ 27,00 – valor bastante superior ao custo de produção.
A baixa oferta nacional do produto explica esse cenário. E na safra de inverno a área foi menor (devido ao recuo dos investimentos, após os resultados negativos na temporada de verão) e o longo período de estiagem, que prejudicou o desenvolvimento das raízes, manteve o volume restrito durante o mês passado e o início deste.
Na primeira quinzena de outubro, as cotações da cenoura se sustentaram em patamares atrativos ao produtor e a expectativa em relação à produção é positiva, devido ao maior volume de chuvas no período. Isso porque, apesar de dificultarem os trabalhos nas roças, as precipitações tendem a melhorar o desenvolvimento das raízes.
Pensando em 2022, as áreas mantêm as mesmas projeções de 2021, menores no verão e maiores áreas na safra inverno.

Rentabilidade

A rentabilidade nacional da cenoura laranja “suja” em 2020/21 foi em torno de R$ 12,64/caixa, com o valor de comercialização em média de R$ 27,73/cx e o custo de produção em torno de R$ 15,09/cx.
Em São Paulo, a caixa de cenoura laranja “lavada” até 26/11/2021 foi cotada a R$ 31,50, à venda no atacado (Hortifruti/Cepea, 2021). Com relação às cenouras coloridas, esse panorama se altera devido ao custo das sementes, contudo, a venda para mercados específicos (gourmet) possibilita maior retorno ao produtor, visto que nesses mercados especializados o custo de uma bandeja contendo entre 500 a 600 g de cenoura roxa pode variar entre R$ 6,90 – R$13,99.
Isso mostra que o mercado de cenouras coloridas é bastante vantajoso, com preços de venda mais elevados, ampliando a margem de lucro do produtor. Além disso, são menos suscetíveis a oscilações de preços do que as variedades tradicionais, apresentando-se como ótima oportunidade para diversificar e aumentar fontes de renda.

Diferencial

A busca por vegetais coloridos tem sido estimulada, especialmente, pela valorização do mercado gourmet, e ainda que este seja considerado pequeno no Brasil, esses produtos vêm gradativamente conquistando o consumidor interessado em alimentação mais saudável e equilibrada.
É possível encontrar cenouras coloridas em grandes centros, em mercados especializados e restaurantes. Sabemos que a aparência é um dos atributos de qualidade sensorial mais importantes nos alimentos para comercialização, que resulta na aceitação ou rejeição do consumidor.
Dessa forma, a coloração do produto comercializado tem sido um parâmetro na escolha, além das características organolépticas e qualidade nutricional. Assim, a curiosidade tem levado o consumidor a aumentar a demanda de hortaliças coloridas, tornando lucrativo o investimento nesses vegetais.

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