
Fabrício Teixeira de Lima Gomes
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Ciência do Solo – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
agro.fabriciogomes@gmail.com
A correção da acidez do solo, por meio da calagem, é crucial para o desenvolvimento e produção do tomateiro, uma vez que a acidez elevada afeta a disponibilidade de nutrientes no solo, influenciando a absorção e, consequentemente, a assimilação desses nutrientes pelas plantas.
Nutrição eficaz
A disponibilidade de nutrientes como nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S) e boro (B) é reduzida quando o pH do solo está abaixo ou próximo de 5.
Por outro lado, a disponibilidade de nutrientes como cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn) e zinco (Zn) diminui à medida que o pH do solo aumenta. O oposto é observado para o molibdênio (Mo) e o cloro (Cl); ou seja, à medida que o pH do solo aumenta, a disponibilidade desses elementos também se eleva.
Portanto, deve-se atentar para a aplicação de doses adequadas do corretivo, mantendo o pH do solo na faixa ideal (entre 5,5 e 6,5), garantindo a disponibilidade dos elementos essenciais para as plantas.

Por onde começar
O primeiro passo para determinar a dose do corretivo é a amostragem do solo e, posteriormente, sua análise química e a interpretação dos resultados. Para calcular a necessidade de calagem, existem alguns métodos; contudo, o mais comum é o da saturação por bases.
Esse método considera a relação entre o pH do solo e a saturação por bases (V), sendo que a saturação de bases adequada para o tomateiro está próxima a 80%.
Além de aumentar o pH do solo, a calagem eleva o teor de Ca e Mg, reduz o teor de alumínio tóxico (Al), aumenta a disponibilidade de P e estimula o crescimento do sistema radicular, aumentando a exploração do solo, favorecendo a absorção de água e nutrientes, e melhorando o crescimento, o desenvolvimento e a produção do tomateiro.

Gessagem
Além da prática da calagem, outra prática muito importante é a gessagem. O gesso é um subproduto da indústria de fertilizantes fosfatados, gerado a partir da reação entre rocha fosfatada e ácido sulfúrico.
Esse processo resulta na produção de adubo fosfatado, e o resíduo dessa reação química é o sulfato de cálcio, mais conhecido como gesso agrícola. Diferentemente do calcário, o gesso não corrige o pH do solo; portanto, é considerado um condicionador de solo.

A aplicação de gesso agrícola é recomendada quando o resultado da análise de solo apresentar elevados teores de Al em profundidade e baixo teor de Ca e S. O gesso, além de reduzir a disponibilidade de Al tóxico, fornece Ca e S e carreia elementos como Mg e K para camadas mais profundas do solo.
Assim, o gesso promove maior distribuição das raízes em profundidade, proporcionando um melhor desenvolvimento do sistema radicular e, consequentemente, aumentando a produção do tomateiro.
A aplicação do gesso agrícola pode ser realizada juntamente com o calcário, mas nunca deve substituí-lo. Se a aplicação do calcário não for recomendada, não é necessário incorporar o gesso, pois ele é altamente móvel no solo.