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Como escolher a melhor cultivar de trigo?

Júlia Rodrigues Macedo
Engenheira agrônoma, mestre em Fitotecnia e doutoranda em Manejo de Grandes Culturas – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
juliarodriguesmacedo@gmail.com
Antônio Rosário Neto
Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e doutorando em Melhoramento de Plantas – UFLA
rosario.agronomia@gmail.com

Áreas com cultivos de cereais de inverno têm ganho bastante destaque nos últimos anos, principalmente sob o cultivo de trigo. Este fato pode ser explicado tanto pelo aumento na demanda nacional pelo cereal, que impulsiona bons preços de mercado, quanto pelos benefícios que o cultivo de trigo traz ao sistema de produção, tais como a cobertura de solo na época de entressafra, supressão de plantas daninhas e manutenção da palhada no solo.
Há alguns anos, os Estados que detinham a maior produção e em maior porcentagem de área cultivada de trigo no Brasil eram Rio Grande do Sul e Paraná. Ainda hoje estes estados continuam no ranking de maiores produtores, porém, o cenário começou a se desenhar para novos horizontes, permitindo ampliar a fronteira agrícola com o cultivo do cereal para outras regiões, como é o caso dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso, os quais ganham maior notoriedade e ampliação de suas áreas.
Para os próximos anos, espera-se que outros Estados também aumentem sua expressão na produção de trigo, possibilitando que o País alcance a tão desejada autossuficiência.
Neste sentido, visando produzir trigo em maior quantidade e com boa qualidade, é preciso compreender alguns aspectos que auxiliam na escolha dos cultivares, uma vez que existe no mercado centenas de materiais disponíveis, com diferentes características e aptidões, para uso nas lavouras.

Fator qualidade

O primeiro ponto que se deve atentar quando se trata de cultivo de cereais de inverno é sobre qualidade. No caso da comercialização dos grãos de trigo visando a indústria moageira, a mesma só ocorrerá quando se alcançar qualidade específica.
O fator qualidade industrial é obtido pelo processamento do grão, que passa pela retirada do endosperma e, posteriormente, por moagem, transformando-o em farinha. Após a obtenção da farinha, são aplicados testes que vão determinar se aquele lote de trigo possui características desejáveis para ser transformado em produto comercial, como pães, massas, bolos, biscoitos, etc.
Apesar de a qualidade ser avaliada no pós-colheita, é durante o manejo da lavoura que será garantido esse quesito, o qual vai desde a escolha do cultivar, população a ser semeada, até o manejo de solo, manejo fitossanitário propriamente dito e condições/épocas de colheita. Mas, então, como escolher bons materiais genéticos para cultivar em uma lavoura?

Escolha das cultivares

Antes da escolha dos cultivares, é importante que o produtor ou consultor conheça o mercado e suas exigências. Cada região e cada moinho possui uma exigência específica com relação à qualidade industrial para fabricação dos seus produtos visando atender o consumidor final, que possui hábitos diferentes e regionais.
Feito isso, inicia-se o processo de escolha de cultivares com as devidas classificações de qualidade que atendam esse mercado. Afinal, o principal comprador de trigo será o moinho mais próximo à propriedade rural.
Em áreas de primeiro ano com cereais de inverno, é indicado que se tenha maior cautela. Para isso, recomenda-se fazer pequenos testes com as cultivares que forem mais indicadas e aceitas pela indústria. Isso ajudará a entender a dinâmica do cultivo, avaliando altura e porte das plantas, reação às doenças, acamamento, ciclo e produtividade.
É comum que, ao dar início a um novo cultivo em uma fazenda, haja dificuldades no manejo da lavoura, então fazer um teste em uma área menor poderá dar suporte para decisões futuras em áreas já comerciais.
A escolha dos cultivares deve se iniciar com uma pesquisa prévia nos portfólios das empresas, selecionando as recomendadas para a região a qual se vai trabalhar. A partir da exigência do moinho em relação à qualidade e observação dos portfólios em relação ao zoneamento climático, seleciona-se ao menos cinco ou seis materiais que deverão ser testados.
Ressalta-se que é sempre importante conversar com a equipe comercial das empresas, eles podem auxiliar na escolha dos materiais e posicionamento de semeadura.
As cultivares já disponíveis no mercado são indicadas para cada região apta à produção do cereal, sendo que a indicação é feita a partir das características edafoclimáticas. Ainda, nos portfólios serão apresentadas as características de cultivo de cada material, como: época de semeadura, população recomendada, tipo de sistema (sequeiro ou irrigado) e reação às doenças, essas informações são de grande importância e irão ajudar nas decisões de manejo e condução da lavoura.

Reações às doenças

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A suscetibilidade ou resistência às doenças, em cultivos de verão ou de inverno, são características genéticas referentes ao material. Atualmente, os cultivares de trigo modernas apresentam algum grau de resistência às principais doenças que acometem a cultura. No entanto, não existe cultivar perfeita, ou seja, aquela que é 100% resistente a todos os tipos de patógenos.
Neste caso, é preciso escolher a cultivar levando em consideração o grau de resistência genética do material, uma vez que essa é a forma mais barata de manejar doenças, assim como levar em consideração a pressão do patógeno por região.
Cada região tritícola possui sua particularidade de condições edafoclimáticas e esse é o fator que mais interfere na ocorrência ou não de uma doença. Por exemplo, se analisarmos a região do Cerrado em comparação com a região sul do País, podemos perceber um contraste nas condições climáticas, sendo que durante o ciclo de desenvolvimento do trigo, o Cerrado apresenta média de temperatura mais elevada, enquanto a região sul possui média de temperatura mais baixa. Essa característica interfere no desenvolvimento de fungos, bactérias e vírus, que podem acometer a cultura.

Posicionamento certo

Diante disso, é importante avaliar no portfólio de cada empresa qual a reação às doenças que determinada cultivar apresenta. Sabendo-se sobre o comportamento do material em relação aos patógenos é hora de saber posicionar essas cultivares de acordo com a necessidade.
É comum dividir a janela de plantio em três momentos, sendo eles: plantio “no cedo”, plantio adequado e plantio “no tarde”. Cada uma dessas épocas tem sua característica marcante que está relacionada com temperatura, umidade relativa do ar e índice pluviométrico.
Em propriedades cuja área destinada ao cultivo de trigo seja relativamente grande, o posicionamento de semeadura começa cedo e se estende até o final da janela, uma vez que o rendimento operacional pode ser comprometido pela ocorrência de chuvas e a própria velocidade de trabalho da semeadora, muitas vezes baixa.
Com isso, o posicionamento dos cultivares e a relação das mesmas com resistência a doenças deve se encaixar nas condições climáticas de cada uma das três fases da janela.
Se a região possui como característica de plantio “no cedo” maior temperatura e umidade, deve-se posicionar uma cultivar que apresenta maior grau de resistência a doenças que são favorecidas por esta condição climática em específico. Esse modelo se aplica às demais épocas de plantio.
Além disso, deve-se atentar ao ciclo das cultivares, devendo-se escalonar o ciclo para que as cultivares cheguem na maturação fisiológica com alguns dias ou até semanas de diferença. Isso facilitará o processo de colheita na fazenda e garantirá que o trigo seja colhido no melhor momento possível, sem que comprometa a qualidade industrial.

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