Anne Carolline Maia Linhares – Licenciada em Ciência Agrárias e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – anemaia-16@hotmail.com
Maria Idaline Pessoa Cavalcanti – Engenheira agrônoma e doutoranda em Ciência do Solo – UFPB – idalinepessoa@hotmail.com
O cultivo de vegetais baseado em soluções nutritivas (e, portanto, sem solo) tem encontrado um amplo espaço mercadológico nas capitais e no interior do Brasil (Costa & Junqueira 2000).
A produção de folhas e frutos com melhor qualidade, reduzido emprego de mão de obra, colheita precoce, além do menor consumo de água e fertilizantes, são vantagens dos sistemas hidropônicos. A oferta constante de alimentos e sem interferência climática também justificam sua expansão, bem como a alta possibilidade de agregação de valor ao produto final (Lopes et al. 2000).
No cultivo hidropônico, o consumo de água pelas plantas é menor, pois as perdas de água são devido à evapotranspiração da cultura e evaporação da água, sendo esta segunda causa reduzida, devido a todo o sistema ser fechado para evitar a entrada de luz e formação de algas na solução nutritiva.
Patógenos, insetos e, principalmente, algas podem ocorrer em estufas agrícolas, demonstrando adaptabilidade a esse tipo de ambiente tão simplificado, do ponto de vista biológico. As algas competem por nutrientes, água e luz com os vegetais.
A solução nutritiva deve estar sempre protegida da luz, seja no reservatório, seja no sistema de circulação, para evitar o aquecimento e o desenvolvimento de algas que, além de absorverem nutrientes, podem contaminar a solução. Assim, o reservatório deve permanecer tampado.
Algumas providências podem ser tomadas para evitar/combater as algas no sistema hidropônicos. Medidas que reduzem a incidência luminosa, como a cobertura das estruturas físicas por filmes plásticos têm sido teoricamente reportadas como eficientes para controle de algas. Todavia, requerem maiores gastos para aquisição, tempo para aplicação minuciosa e elevado uso de mão de obra, tornando-se impraticáveis.
Pesquisas
Outro ponto a se observar é a acidez do meio. O pH da solução nutritiva varia em decorrência da absorção de nutrientes e também com o aparecimento de algas. Em seu estudo com pré-aclimatização e aclimatização em cultivo hidropônico de plantas micropropagadas de Eucalyptus, Silva et al, (2011), observaram que, aos 12 dias, a solução nutritiva apresentou coloração esverdeada, que possivelmente ocorreu pelo desenvolvimento de algas, o que promoveu alteração do pH para um valor próximo a 5,0.
De acordo com Corrijo & Makishima, o pH da solução deve ser mantido na faixa ideal de 6,0 a 6,5, pois há uma redução na solubilidade do P e de micronutrientes, bem como a precipitação de alguns nutrientes para pH acima de 7, enquanto pH abaixo de 4 pode causar toxicidade às plantas. O crescimento das plantas é comprometido em pH abaixo de 5,0 ou acima de 7,0.
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Prevenção
Outra medida que pode ser adotada e que ajuda na prevenção de algas, pragas e doenças, é a higienização do sistema. De acordo com Corrijo & Makishima (2000), para os cultivos em sistemas hidropônicos, as seguintes medidas preventivas são essenciais para o manejo, como:
ð Manter a casa de vegetação, principalmente o filme de plástico ou tela, limpos e em perfeitas condições sanitárias;
ð Utilizar material de fácil higienização na construção das bancadas ou em estruturas de sustentação dos canais de circulação da solução nutritiva;
ð Manter o piso, as bancadas e os tubos ou canais de circulação da solução nutritiva sempre limpos e desinfetados;
ð Manter o reservatório da solução nutritiva limpo e coberto;
ð Utilizar água potável para o preparo da solução nutritiva;
ð Para a produção de mudas com substrato, esterilizá-lo previamente;
ð Instruir os operários sobre hábitos de assepsia e os nutritiva e do ambiente, servindo-se até mesmo de princípios básicos de epidemiologia das doenças;
ð Revisar e higienizar todo o sistema hidropônico após cada safra.
Agentes sanitizantes de amplo espectro têm sido utilizados para controle de algas de maneira informal e pouco técnica. A busca por um produto de múltiplo uso que auxilie na assepsia das estruturas físicas e, ao mesmo tempo, elimine esses agentes no ambiente hidropônico, é urgente. A utilização da espuma fenólica que é considerada um substrato estéril livre de fungos e bactérias, diminui a ocorrência de algas, pois não libera resíduos de substrato no sistema, o que proporciona uma boa retenção de água e aeração fundamentais para o desenvolvimento das raízes.
Vantagens da utilização da Espuma Fenólica
ð Prático: fácil manuseio e transporte
ð Higiênico: não deixa qualquer resíduo
ð Econômico: não necessita de grandes espaços para a germinação
ð Estéril: livre de contaminação por fungos e bactérias
ð Inerte: a nutrição da planta não sofre interferências
ð Versátil: possibilidade de diferentes manejos tanto de água como de nutrientes
Mata (2018), ao avaliar o controle de algas para alface sob sistema hidropônico do tipo NFT, observou que o uso de peróxido de hidrogênio (H2O2) conteve drasticamente a evolução do crescimento das algas nas placas, reduzindo com isso a colonização por fungus gnats e shore fly, que são comumente associadas com a incidência de algas. Tais resultados indicaram o potencial do H2O2 como agente de controle das algas em sistemas de produção de alface do tipo hidropônico.