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Como evitar perdas com “queima de pontas“ no cultivo de alface

 

Paulo Cesar Hidalgo

Engenheiro agrônomo da Emater Paraná – regional de Cornélio Procópio (PR)

paulohidalgo@emater.pr.gov.br

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A alface (lactuca sativa) é a espécie folhosa mais consumida no país, presente na preferência dos consumidores na dobradinha salada de alface com tomate, um dos acompanhamentos mais frequentes na mesa dos brasileiros.

A espécie tem origem em climas temperados e foi adaptada para cultivo nos trópicos, estando presente, atualmente, em todo território nacional.

As regiões Sul e Sudeste apresentam melhores condições climáticas em climas mais amenos de maiores altitudes para o desenvolvimento da espécie com diferentes formas de cultivo em campo aberto e ambiente protegido, com áreas mais concentradas e próximas aos cinturões verdes dos grandes centros urbanos.

Predominam cultivos em pequenas propriedades de agricultura familiar, mas muitos empresários já dedicam áreas maiores, com infraestrutura mecanizada de cultivo, ou mesmo cultivo protegido por tela plástica ou estufas, visando abastecer redes de supermercados em grandes centros consumidores.

Desafios

O cultivo de verão apresenta maiores desafios em função das altas temperaturas e chuvas intensas que comprometem a qualidade do produto no cultivo em campo aberto. A alta temperatura induz alguns problemas, como florescimento mais precoce, maior rigidez da folha e o amargo característico, que ocorre com mais frequência.

Outro problema é a “queima de pontas“ (Tip burn), que intensifica com as temperaturas altas, o que pode ser causado por falta de correção do solo com calcário, deficiência de cálcio, excesso de adubação nitrogenada com fontes amoniacais para suprir o nitrogênio, com indução de desequilíbrio ou falta de cálcio nas bordas e pontas das folhas, com desenvolvimento dos sintomas de “queima“.

Nutrição fundamental

O cálcio (Ca) é um elemento fundamental na nutrição de plantas, tem função estrutural na parede celular e funciona como agente cimentante, mantendo a integridade das paredes celulares. O desequilíbrio ou falta desse nutriente causa rompimento da parede celular e o extravasamento do suco celular, com morte dos tecidos, tendo como consequência a “queima das pontas ou bordas“.

O sintoma ocorre nas extremidades, pelo fato de o cálcio ser um elemento de baixa mobilidade na planta, ao contrário dos macronutrientes nitrogênio (N), potássio (K) e fósforo (P), que circulam com mais facilidade e por meio da corrente de transpiração chega às extremidades para cumprir sua função.

Sintoma de queima das pontas em alface - Crédito Adriana Magalhães
Sintoma de queima das pontas em alface – Crédito Adriana Magalhães

Com altas temperaturas o desenvolvimento e a expansão foliar são acelerados, assim como o fluxo transpiratório e a absorção e translocação de N, P e K para todas as partes da planta em detrimento da absorção e translocação de Ca, que tem baixa mobilidade.

O desequilíbrio entre nutrientes e a baixa mobilidade do cálcio comprometem a integridade das partes mais distantes da planta, onde o cálcio tem mais dificuldade para chegar, ou seja, bordas, pontas das folhas e extremidade dos frutos, causando problemas de queima de bordas e pontas em alface, “fundo preto“ em tomate, pimentão e berinjela, e lesões nas extremidades de melão e melancia, entre outras espécies.

Excesso também é prejudicial

O excesso de nitrogênio proveniente de fontes amoniacais (sulfato de amônio, nitrato de amônio) ou ureia geram acidez no solo e em solução nutritiva. A acidez gerada limita o desenvolvimento do sistema radicular, causando má absorção de vários nutrientes, deficiência de outros e prejuízos ao crescimento.

A queima de “pontas e bordas“ compromete a comercialização, podendo gerar perdas significativas em períodos muito quentes, com grande insolação. Os problemas são mais frequentes no verão e em regiões de baixa altitude, quando temperaturas extremas e muitas horas de luz podem comprometer toda a área de cultivo.

 
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