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Como funciona o substrato para morango em slabs?

Crédito: Shutterstock

Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo e proprietário da Vermelho Natural
vermelhonatural@hotmail.com

O substrato é um dos principais fatores para determinar a eficiência do sistema agrícola. No Brasil, o substrato mais utilizado provém de uma combinação da mistura de três subprodutos de descarte do setor agroindustrial: a casca de arroz, a casca de pinus e a cinza da casca de arroz, sendo que esta última nem sempre é utilizada carbonizada, o que seria o recomendado.

A escolha por ela ocorre porque é um substrato de baixo custo, permitindo obter um resultado satisfatório dentro do atual nível tecnológico da maioria das áreas de produção.

Cuidados

Alguns cuidados em relação ao substrato, quando a casca de arroz não é carbonizada e a casca de pinus não é curtida, portanto materiais que não estão com sua decomposição estabilizada, é que sejam adquiridos com um ano de antecedência, para possibilitar sua estabilização.

Ao plantar em um substrato que se encontra em um estado de decomposição em andamento, possivelmente as bactérias decompositoras irão imobilizar boa parte do nitrogênio, prejudicando o desenvolvimento da planta.

Outro fator importante é que a cinza da casca de arroz possui uma alta condutividade elétrica, mas sem valor nutricional. É composta de 92% de sílica não solúvel, mas suficiente para salinizar o substrato, podendo danificar as raízes. Por este motivo, antes do plantio este substrato deve ser lavado intensamente até a condutividade elétrica chegar aos níveis mais baixos possíveis, de preferência próximos à água utilizada na fertirrigação.

Trata-se de um substrato de baixa capacidade de translocação lateral da solução nutritiva, deixando a parte inferior do substrato com uma umidade superior à da parte superior. Esta diferenciação pode ser alterada conforme os teores de cinza, mas com a maior adição da quantidade de cinza, diminui-se a aeração do substrato.

Opções

Em temos de substrato, existem vários outros tipos comumente utilizados, como a turfa, fibra de coco, argilas expandidas (perlita, cinazita e vermiculita), serragem, maravalha, areia, entre outros, podendo ter substratos formados com a combinação entre eles.

No caso do morango, os tradicionalmente utilizados a nível mundial são os que possuem como base a turfa e a fibra de coco.

A turfa é um excelente condicionador de solo. O mais recomendado são aquelas decompostas com baixo nível de nutrientes, com a respectiva correção do pH para mudar a granulometria e, por consequência, a retenção da solução nutritiva e a aeração, em que ocorre mistura com outros substratos, como a casca de arroz carbonizada e a vermiculita.

Este substrato está tendo utilização reduzida por possuir restrição ambiental, devido a se tratar de um material não renovável. Como substituto, a fibra de coco tem aumentado sua participação, com três opções: chips, fibrosa e granulada. No caso do morango, é mais indicado o uso da granulada ou granulada com mistura com a fibrosa, dependendo do sistema, sempre sem adição de nutrientes, somente com a correção do pH.

Manejo

Existem duas formas de usar o substrato de fibra de coco, condicionado em slabs, podendo ser compactados em forma de tábuas prontas para uso ou em sacos compactos, não prontos para o uso. No caso dos sacos compactados, é preciso seguir alguns processos:

  • Abra a embalagem e destorroe o substrato, deixando bem solto e fofo;
  • Encha as embalagens sem apertar muito para não compactar o substrato, respeitando o aumento de volume as ser umedecidos;
  • Adicione 30 litros de água para cada 100 litros de substrato, colocando a água aos poucos e misturando bem;
  • Deixe o material “descansar” por duas horas;
  • Aplicar um tratamento com nitrato de cálcio. Para cada metro cúbico expandido (1.000 litros) de fibra de coco, aplicar 3,0 kg de nitrato de cálcio;
  • O substrato deve ser lavado com água corrente limpa. A lavagem irá reduzir o nível de CE da água de drenagem para o nível da água de irrigação. Este procedimento pode levar tempo e água, mas é crucial para o crescimento da planta;
  • Após a lavagem concluída, o substrato deve ser lavado com uma fórmula completa de fertirrigação até atingir na drenagem a CE da solução nutritiva;
  • Após, estará pronto para o plantio.
    No caso de slabs, se forem pré-fabricados, é preciso seguir as recomendações do fabricante ou os processos indicados a seguir:
  • Usar sacos de slabs com largura de 32 cm;
  • Cortar os sacos plásticos de slabs de forma uniforme, com o comprimento máximo de 1,0 x 15 cm;
  • Soldar uma das extremidades do saco;
  • Abra as embalagens de substrato compactado e destorroe o substrato, deixando bem solto e fofo;
  • Encher os slabs com a fibra de coco com o volume pré-estabelecido por planta, respeitando o aumento de volume a ser umedecido, sem apertar muito para não compactar o substrato, e soldar a outra extremidade;
  • Colocar os slabs nas prateleiras, assegurando que o substrato esteja bem distribuído no decorrer da linha;
  • O espaço entre as extremidades de dois slabs deve ser de acordo com o sistema de produção, com distância mínima não ultrapassando mais que 2,0 cm (aproximadamente dois dedos);
  • No máximo a uma distância de 20 centímetros devem ser colocados gotejadores individuais. A taxa de fluxo recomendada é de 1,0 a 2,0 litros/hora, sendo que volumes muito baixos podem causar entupimentos do bico no decorrer da sua vida útil. No caso de usar sistemas de irrigação de “espaguete”, os furos no plástico podem ser feitos com um objeto afiado como uma chave de fendas;
  • Umedeça o substrato por 48 horas para executar o processo de hidratação, adicionando quantidades de água necessária para que o substrato esteja uniformemente bem umedecido;
  • No final do processo de hidratação, fazer os furos de plantio e os orifícios de drenagem;
  • Os orifícios de drenagem devem ser feitos na parte inferior do slabs, em ambos os lados e/ou no centro do slab. Também furar nas extremidades dos slabs, na parte inferior próxima das laterais. Cada furo deve ter de 3,0 a 4,0 cm de comprimento com o formato alongado. No total, devem ser feitos, no mínimo, quatro orifícios de drenagem por metro de slabs e os furos de suas extremidades.
  • Aplicar um tratamento com nitrato de cálcio. Para cada metro cúbico expandido (1.000 litros) de fibra de coco, aplicar 3,0 kg de nitrato de cálcio;
  • Os slabs devem ser lavados com água corrente limpa. A lavagem irá reduzir o nível de CE da água de drenagem para o nível da água de irrigação. Este procedimento pode levar tempo e água, mas é crucial para o crescimento da planta.
  • Após a lavagem, os slabs devem ser irrigados com uma fórmula completa de fertirrigação até que a CE na drenagem atinja os mesmos níveis da CE de entrada;
  • No caso de os Slabs serem pré-fabricados, se possuir logomarca, deve ser colocado nas prateleiras com a logomarca voltada para cima;
  • Após, executar o plantio.
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