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Como garantir uma boa plantabilidade?

A semeadura é uma das etapas mais importantes no contexto da produção agrícola, visto que requer altos gastos com insumos e tecnologias. Por conta disso, a importância de minimizar os erros ou eliminá-los

Paulo Roberto Arbex SilvaDoutor e professor de Mecanização Agrícola – Unesp de Botucatu – SParbex@fca.unesp.br

Plantabilidade – Crédito: Case IH

O grande problema de errar na semeadura é pelo fato de não poder corrigir, ou seja, uma vez a semente depositada no solo de forma incorreta, poderá ocasionar falha no estande de plantas e não será corrigida naquela safra.

Plantabilidade é definida como a distribuição uniforme de sementes ao longo do sulco de plantio, na profundidade adequada, para obtenção da população desejada.

Estandes desuniformes, com plantas mal distribuídas nas linhas, provocam variações nas lavouras. Áreas com grande quantidade de acúmulo de sementes (“duplas”) geram plantas dominadas, as quais competem por água e nutrientes.

Ao contrário, espaços vazios ou “falhas” podem acarretar em perda de produtividade, portanto, quanto maior a precisão na distribuição e uniformidade das sementes, melhores resultados serão esperados.

A plantabilidade é feita nos detalhes, e para corrigir os erros deve-se conhecer a fundo os fatores que afetam a boa plantabilidade, sendo a seguir citados alguns desses fatores.

Manutenção da máquina

A manutenção da semeadora é um item muito importante, que nem sempre é realizada de forma eficaz. Geralmente a manutenção se restringe a apenas trocar as peças que se encontram quebradas. Muitos são os casos observados em campo, onde a máquina começa a safra sem a devida revisão e, com isso, tem que parar para a troca de peças no momento em que não se pode perder tempo.

Capacitação e treinamento da equipe

Toda operação bem-feita começa com o treinamento e capacitação dos envolvidos para realiza-la da melhor forma possível, e isso deveria ser um item primordial na semeadura.

Contar com a equipe de operadores treinados é importante, pois nesta etapa estão os maiores custos, as maiores tecnologias e todo o potencial produtivo da lavoura, por isso a importância de fazê-la sem falhas ou com o mínimo possível delas.

Uma vez que possui erros, não há como corrigir naquela safra, exigindo do operador a máxima atenção aos detalhes.

Regulagens gerais

As regulagens devem ser feitas em cada parte da máquina, seguindo uma sequência lógica. As regulagens fazem toda diferença, começando pelo disco de corte da palha.

O disco de corte pode ser encontrado em diferentes diâmetros e formatos. Vale ressaltar que, quanto maior o diâmetro e a área de contato do disco com o solo, maior a pressão requerida pela mola. Quanto ao formato, os discos mais usuais são do tipo liso, ondulado e corrugado.

Para um corte adequado da palha, as coberturas do solo devem estar verdes ou totalmente secas, já que aquelas que se encontram “murchas” apresentam maior resistência ao corte.

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Em seguida vêm os sulcadores, que podem ser o disco duplo ou a haste sulcadora (“facão” ou “botinha”). O disco duplo propicia um menor revolvimento no solo, alta capacidade de corte de restos culturais, abre sulcos em forma de “V”, porém, pode compactar as paredes do sulco em solos argilosos.

A haste sulcadora propicia uma leve descompactação na camada superficial do solo, efeito característico de áreas com anos consecutivos no sistema de plantio direto. O sistema de haste exige maior potência do trator, tem maior mobilização do solo e trabalha em profundidades maiores que os discos duplos.

A roda limitadora tem como principal função controlar a profundidade de deposição das sementes no sulco, para proporcionar a emergência uniforme das plântulas.

O ajuste da profundidade das sementes deve ser feito linha a linha, e deve ser conferido, cavando as sementes do solo e medindo a profundidade.

Projeto IPS (Inspeção Periódica de Semeadoras)

O Grupo de Plantio Direto (GPD) da Faculdade de Ciências Agronômicas UNESP de Botucatu (SP), que tem trabalhado com pesquisa e desenvolvimento, envolvendo máquinas de plantio, semeadura e adubação há 20 anos, desenvolveu o Projeto IPS (Inspeção Periódica de Semeadoras) visando diminuir custos, minimizar gastos energéticos e promover a sustentabilidade na produção agrícola. O principal conceito que dá suporte ao desenvolvimento do Projeto IPS é a busca pela excelência em plantabilidade.

O projeto é realizado por meio de visitas às propriedades rurais que possuem semeadoras e abrange as seguintes atividades:

1 – Apresentação de resultados de campo (palestra) e capacitação;

2 – Demonstração da plantabilidade em simuladores de sementes e adubo;

3 – Check list da máquina a campo; características de qualidade, quantidade de sementes e fertilizantes depositados por linha; segurança e tecnologia utilizada.

A estrutura para as inspeções conta com uma unidade móvel, a qual transporta os equipamentos necessários para as avaliações até as propriedades rurais, simuladores e pessoal técnico capacitado para tal função.

Solução

O Projeto IPS se posiciona como uma ferramenta importante na busca de possíveis soluções para os problemas comumente encontrados na operação das semeadoras-adubadoras de precisão, colaborando, portanto, para a busca da racionalização do uso de energia e insumos, com reflexos na sustentabilidade do sistema de produção.

Concluindo, a plantabilidade pode fazer toda diferença na rentabilidade do produtor, sendo que quanto melhor a distribuição das plantas, maior a produtividade.

O jeito certo de colocar a semente no lugar ideal

Geraldo Ferreira Gontijo NetoEngenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e consultor em produção de grãosgeraldo.gontijoneto@gmail.com

Qual a diferença entre três plantas por metro e uma planta a cada 33 cm? Entender essa pergunta é a maneira mais simples de compreender o significado do conceito que queremos abordar. Se não estiver acostumado com o termo, talvez se questione: o que é plantabilidade? Qual a sua importância? O que preciso saber? E, por que saber?

Antes de responder qualquer uma dessas perguntas, é melhor pensar no objetivo por trás desse conceito. Feche os olhos e imagine uma lavoura, talvez de milho, cerca de 20 dias depois de plantado, mais precisamente no estádio V4.

Imagine essa lavoura formada por um conjunto de plantas, cada qual com o seu melhor grau de desenvolvimento, capaz de produzir a maior espiga possível em sua condição. Esse é o objetivo.

A resposta

A plantabilidade nada mais é do que o jeito certo de colocar uma semente no lugar certo, para que ela possa expressar melhor o seu potencial. Pense no exato momento em que um agricultor está realizando seu plantio. Na forma como seu maquinário percorre a superfície da lavoura, como os mecanismos da semeadora preparam o leito e depositam as sementes, como a umidade e clima naquele instante interferem no processo.

Pense em todas as decisões que foram tomadas alguns dias ou semanas antes afetando esse trabalho, a escolha da cobertura do solo, a definição do timing de dessecação e tudo mais possível. A plantabilidade é o resultado dessa cadeia de eventos; o seu produto é a qualidade de estabelecimento da lavoura.

Vamos voltar ao imaginário da lavoura de milho, vamos supor que seja um plantio de verão. Para produzir 200 sacas de grãos por hectare é provável que essa lavoura tenha um estande de 70.000 plantas (por hectare), nesse caso, cada planta deve produzir uma espiga de 172 gramas. Dificilmente todas as espigas da lavoura terão o mesmo peso, algumas serão mais pesadas e outras menos.

Caso 50% das espigas tenham um peso de 210 g para que a média da lavoura seja 172 g, as outras 50% deverão pesar 134 g. Imagine que, por algum motivo, a proporção de espigas leves seja 60% ao invés de 50%. Se isso ocorrer, o peso médio passa a ser 164 g e a produtividade, que antes era de 200 sc/ha, se torna 191 sc/ha. O oposto também seria possível.

Qualidade de estabelecimento

O que poderia provocar essa variabilidade? Se por algum motivo não houvesse variações nas condições de solo em uma lavoura, que as aplicações fossem feitas de maneira uniforme, que a qualidade de semente e a incidência de pragas e doenças fosse igual entre as plantas, será que mesmo assim todas as espigas teriam o mesmo peso? Podemos atestar que não, isso porque além desses, o principal fator a criar variabilidade na lavoura é a qualidade de estabelecimento. E o que é qualidade de estabelecimento?

De maneira simples, é possível definir a qualidade de estabelecimento como o resultado de três fatores: o estande (número de plantas) correto, a qualidade de distribuição e a uniformidade de desenvolvimento. Novamente, será a lavoura de milho quem nos ajudará a entender melhor esses conceitos.

Faça as contas

Cada cultura e cultivar possui um número de plantas ideal por área para atingir uma determinada meta de produtividade. No nosso exemplo, para produzir 200 sacas de milho por hectare é preciso atestar que a lavoura tenha 70.000 plantas/ha. E, se por algum motivo eu “perdesse” algumas das sementes, ou até mesmo plantasse menos sementes, o que aconteceria com a minha produtividade? Se ao invés de 70.000 houvesse na lavoura 66.000 plantas por hectare, qual seria a produção?

A relação é linear – cada planta deveria produzir uma espiga de 172 g, e com 4.000 plantas a menos na lavoura eu deixaria de colher 11 sacas. Mas as outras plantas não poderiam compensar a perda de estande produzindo espigas maiores? De fato, sim, no entanto, essa compensação é limitada.

No caso da cultura do milho, ela gira em torno de 15 a 20% (esse número varia conforme a cultura), ou seja, no exemplo a perda real seria algo próximo a 9,0 sacas (isso te parece muito ou pouco?).

Imagine que você tenha errado na regulagem da plantadora. Que tenha feito uma escolha errada do conjunto disco/anel ou regulado mal o vácuo ou deixado de lubrificar as sementes com grafite, e que com isso você tenha deixado de plantar uma semente (por linha) a cada cinco metros (de linha de plantio).

Deveria haver cerca de 17 sementes nesses cinco metros e você deixou de plantar apenas uma (considerando um espaçamento de 50 cm entre as linhas de plantio). Esse erro te parece relevante, ou o contrário? Essa uma semente a menos a cada cinco metros equivale justamente às 4.000 plantas a menos por hectare de que já falamos.

Nem tudo é exato

O que seria qualidade de distribuição? Não basta garantir que a lavoura tenha 70.000 plantas, elas devem estar bem distribuídas. Nesse caso, em cada metro linear de plantio deve haver 3,5 plantas, o que resultaria numa média de 1,0 planta a cada 28,6 cm (ou 28,6 cm entre plantas).

É quase impossível que tenha exatamente 28,6 cm entre cada uma das plantas da lavoura, e naturalmente esse valor irá variar – para nós, quanto menos, melhor. Seria possível medir essa variação? O que ela poderia representar em perda de produtividade?

Os estatísticos utilizam uma medida chamada coeficiente de variação (CV) para medir a variabilidade de uma amostra de dados – nós também podemos nos valer desse parâmetro para avaliar uma lavoura. Não entraremos no mérito de demonstrar como é calculado o CV, mas vamos entender sua expressão com alguns exemplos.

Na nossa lavoura de milho, o espaçamento médio ideal entre plantas é de 28,6 cm. Se 100% dos espaçamentos entre plantas forem exatamente 28,6 cm, o CV seria 0% (pois não há variação). Agora, imagine que, ao invés disso, 50% dos espaçamentos sejam 32 cm e os outros 50% sejam 25,2 cm (há uma pequena variação aqui). Nesse caso, essa variação corresponde a um CV de 16,8%.

Vamos supor que durante o plantio, em algum momento, o operador excedeu a velocidade correta de trabalho e que, por isso, essa variação no espaçamento ideal tenha ampliado, 50% deles com 37 cm e a outra metade com 20,2 cm. Como os valores se distanciaram mais da média (28,6 cm), o CV também ampliou, agora ele passa a ser de 41,5%.

Comparando os dois exemplos, a lavoura de maior CV tem um potencial de produção menor. Segundo o pesquisador americano Bob Nielsen, o limite aceitável para CV é de aproximadamente 30%. Cada 10 unidades acima desse valor podem representar uma perda de três a quatro sacas de milho por hectare.

Uniformidade

A uniformidade de desenvolvimento é algo que precisa de um pouco mais de explicação. O ideal é que todas as plantas da lavoura tenham o mesmo nível de desenvolvimento, ou o mesmo tamanho. Normalmente medimos o desenvolvimento pelo número de folhas, por exemplo, duas plantas de milho com duas folhas cada estão no mesmo estágio de desenvolvimento.

Uma planta com três folhas e outra com quatro estão em estágios diferentes. A dúvida que fica é, se todas as sementes são plantadas num mesmo dia, por que elas teriam diferenças no seu nível de desenvolvimento?

Isso ocorre quando as sementes germinam em tempos diferentes dentro da lavoura. Como isso seria possível? Imagine, por exemplo, que um agricultor, ao preparar o solo para plantio, não se importou muito com a qualidade do serviço, que a superfície esteja bem irregular e com muitos torrões.

Durante o plantio é provável que a plantadora, ao passar sobre um desses torrões, dê um “pequeno pulo” e que a semente fique superficial nesse momento. Diferenças de profundidade de plantio entre as sementes levarão à variação nos dois principais recursos que ela necessita para germinar: umidade e calor.

Qualquer coisa que fizer variar a disponibilidade de umidade e calor entre as sementes levará a uma variação na germinação, que resultará em diferenças no seu nível de desenvolvimento. Plantas maiores competem com plantas menores, afetando seu crescimento e comprometendo sua produção.

Pesquisas

Alguns trabalhos de pesquisa demonstram que, para cada dia de atraso na emergência (em relação à média), uma planta de milho perde 2% do seu potencial de produção (Marua, 2002). Por exemplo, em uma lavoura de milho verão, uma única planta a cada seis metros atrasada em uma folha (lembra-se de que o desenvolvimento pode ser medido pelo número de folhas?) pode representar uma perda de até uma saca de grão por hectare.

Você pode estar pensando agora na enormidade de fatores que podem interferir na plantabilidade, e consequentemente, na qualidade de estabelecimento. Para facilitar a sua compreensão, vamos limitar esse universo a cinco categorias.

A maioria desses fatores diz respeito aos equipamentos utilizados no plantio, à operação de plantio propriamente dita, aos insumos, à condição da lavoura (a área de plantio) ou ao clima. O tipo de equipamento que utilizo, o seu nível de manutenção, a sua configuração e regulagem são os principais fatores relacionados a “equipamentos”.

Se a população ideal de plantio para determinado híbrido é de 3,5 plantas por metro, o mínimo a fazer é regular corretamente o equipamento para atender essa recomendação, mas apenas isso não é o bastante.

Você, talvez, deverá escolher entre discos “lisos” e “ondulados” para corte da palhada, ou “discos desencontrados” e “botinha” como equipamento de deposição de adubo para acertar não só no número de sementes, mas na forma como são distribuídas e como irão se desenvolver.

A escolhe depende de como a lavoura está. Plantio direto ou convencional? Solo bem nivelado? Muita ou pouca palha? Que tipo de palha? Esses são alguns fatores relacionados à lavoura.

Atenção

Ainda sobre os equipamentos, é importante ficar atento sobre a escolha do jogo de disco e anel em plantadoras mecânicas ou a regulagem do vácuo naquelas pneumáticas, mas quem já plantou milho sabe o quanto isso é difícil quando você tem uma semente mal classificada.

Sobre os “insumos”, tenha em mente “qualidade física das sementes”. A classificação (que é divisão das sementes por tamanho ou peneiras) e a pureza física (presença de detritos, sementes de outras culturas ou sementes quebradas) são os principais fatores que podemos listar aqui.

A maneira mais simples de não errar na operação de plantio é plantando devagar, e aqui não há segredos. Plante milho a 5,0 km/h e não ultrapasse o limite de 6,0 km/h em soja para garantir uma boa distribuição e evitar falhas e plantas agrupadas.

O pesquisador Dirceu Gassen dizia sempre que em uma lavoura de soja não deveria haver espaços maiores que 10 cm sem plantas, que para cada metro linear, uma falha maior ou igual a 10 cm poderia representar uma perda de três a quatro sacas de soja por hectare.

Clima

Por último, todo conjunto de decisões é emoldurado pelo clima. A decisão mais comum afetada pelo clima é a definição da profundidade de plantio, mas a discussão vai um pouco além.

A depender das condições da lavoura e do tipo de solo da área, é preciso tomar a decisão entre continuar ou interromper o plantio se o solo estiver muito seco ou muito úmido. Tudo em nome do capricho, pois a umidade interfere na qualidade de trabalho dos mecanismos da plantadora.

Deveríamos escrever um livro, e não um artigo, se a intensão fosse esgotar o assunto, mas como não é esse o caso, tenha sempre em mente onde queremos chegar, qual o nosso objetivo. Não se esqueça de que é preciso garantir três coisas: o número certo de plantas na lavoura, a qualidade de distribuição dessas plantas e a sua uniformidade de desenvolvimento.

Se ainda estiver em dúvida sobre o que é plantabilidade, pense sobre a pergunta, qual a diferença entre três plantas por metro e uma planta a cada 33 cm?

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