Laura Carine Candido Diniz Cruz
Engenheira agrônoma e Mestre em Fitotecnia – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
la.carine@hotmail.com
Nicole Dory de Souza
Graduanda em Agronomia – UFRRJ
nicolesouza1361@gmail.com
Carlos Antônio dos Santos
Engenheiro agrônomo e doutor em Fitotecnia – UFRRJ
carlosantoniods@ufrrj.br
Júlio César Ribeiro
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Ciência do Solo – UFRRJ
jcragronomo@gmail.com
O repolho é uma das principais hortaliças folhosas em participação de mercado e caracteriza-se por sua elevada produção de biomassa em ciclo relativamente curto. Todo esse notável crescimento, evidentemente, requer cuidados quanto ao manejo da cultura, especialmente no tocante ao manejo da fertilidade do solo.
Nutrição de plantas
No cultivo do repolho, podem ser utilizados fertilizantes minerais, orgânicos ou organominerais. Os primeiros apresentam alta solubilidade e disponibilidade de nutrientes, no entanto, as perdas de nutrientes costumam ser mais frequentes.
Os fertilizantes orgânicos proporcionam muitos benefícios em função da presença da matéria orgânica, porém, a quantidade e disponibilidade de nutrientes é menor e com liberação mais lenta.
Na atualidade, tem sido também utilizado outro grupo de fertilizante, conhecido como organomineral, que é capaz de unir as vantagens dos fertilizantes orgânicos e minerais em uma única formulação.
Estimativas recentes apontam que o mercado de fertilizantes organominerais tem crescido cerca de 10% ao ano.
Entenda o processo
Os fertilizantes organominerais são adubos orgânicos enriquecidos com nutrientes minerais, que são mais eficientes quanto ao fornecimento de nutrientes às plantas, quando comparados aos fertilizantes minerais solúveis.
Esses fertilizantes apresentam fornecimento gradual de nutrientes ao longo do ciclo da cultura, proporcionando uma redução nas perdas de nutrientes e, por consequência, nos gastos com fertilizantes.
Associado a isso, os organominerais colaboram para o aumento da matéria orgânica do solo, o que gera múltiplos benefícios à lavoura. O repolho, assim como as demais brássicas, são hortaliças que respondem muito bem à adubação orgânica.
Benefícios para o repolho
Como benefícios, os fertilizantes organominerais são mais eficientes e apresentam liberação mais gradual de nutrientes. Desse modo, são reduzidas as perdas por lixiviação e volatilização de nitrogênio (N), fixação e precipitação do fósforo (P) e lixiviação de potássio (K).
Os fertilizantes organominerais também podem aumentar o aproveitamento de N, P e K em cerca de 70%, 50% e 80%, respectivamente, devido à proteção que a matéria orgânica realiza sobre os minerais, reduzindo-se as perdas.
Os fertilizantes organominerais geram uma série de benefícios adicionais ao solo, pois se trata de um adubo orgânico enriquecido com adubo mineral. Devido à presença de matéria orgânica, a aplicação proporciona melhorias nas características químicas, físicas e biológicas do solo, gerando aumento de nutrientes na solução do solo.
Observa-se, ainda, aumento da atividade microbiana no solo; aumento da Capacidade de Troca de Cátions (CTC), resultando em maior eficiência na disponibilidade de macro e micronutrientes para a planta; aumento da capacidade de retenção de água no solo, dentre outros benefícios.
Ainda, deve ser ressaltado que esses fertilizantes, por serem enriquecidos com fertilizantes minerais, apresentam uma maior concentração de nutrientes do que os fertilizantes orgânicos.
Essas características colaboram para ser necessário aplicar uma menor quantidade de adubo, reduzindo-se cerca de 20% do custo de produção. Ou seja, a utilização de fertilizantes organominerais é mais eficiente que a de fertilizantes minerais e orgânicos, aplicados isoladamente.
Como fazer?
A utilização dos fertilizantes organominerais, bem como de qualquer tipo de fertilizante, requer conhecimento prévio das características relacionadas à fertilidade do solo da lavoura.
A análise prévia do solo é necessária para verificar a necessidade de realização da correção da acidez do solo, pois melhora a disponibilidade dos nutrientes fornecidos pelos adubos. Ainda, é imprescindível para determinar a dose correta a ser aplicada do fertilizante visando o pleno atendimento das demandas nutricionais da planta e adubação na medida certa.
O próximo passo é a escolha do tipo de fertilizante organomineral a ser utilizado, se destacando comercialmente as formas farelada, granulada, peletizada e fluída, por serem de fácil aplicação.
Os farelados, granulados e peletizados podem ser incorporados ao solo no transplantio das mudas de repolho, ou aplicados em cobertura, quando o crescimento das plantas é mais intenso.
Para os organominerais fluídos, a aplicação pode ser realizada via fertirrigação ou via foliar, proporcionando uma suplementação mais rápida às plantas. De modo geral, os fertilizantes organominerais, independente da sua forma, podem ser aplicados da mesma maneira que os fertilizantes minerais, não representando um custo adicional em sua aplicação, pois os mesmos equipamentos podem ser utilizados na distribuição.
Resultados práticos
A adesão do uso de fertilizantes organominerais tem sido positiva, razão pela qual o mercado desse grupo de fertilizantes tem crescido nos últimos anos. Resultados satisfatórios para a cultura do repolho têm sido relatados em importantes áreas de produção no País.
O repolho, como se sabe, é uma planta de crescimento rápido e grande extratora de nutrientes, que responde muito bem à adubação com adubos organominerais. A nível experimental, autores como Santos et al. (2016), por exemplo, observaram elevada produtividade de repolho com a utilização de organominerais.
Custo-benefício
A utilização de organominerais na cultura do repolho é uma prática com ótimo custo-benefício. A cultura responde muito bem à adubação organomineral e esse grupo de fertilizante apresenta vantagens múltiplas, anteriormente discutidas, bem maior eficiência e menor perda de nutrientes.
Esse é um aspecto muito importante a ser considerado, visando sempre uma maior eficiência na produção. Importante sempre ressaltar que devem ser consideradas formulações de qualidade e devidamente registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), se atentando às instruções do fabricante.
Os produtores contam hoje com inúmeras formulações disponíveis no mercado, podendo adequar estes novos insumos ao seu modelo de produção.