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Como ter mais proteção e benefícios ao sistema radicular do milho?

Autores

Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br
Maria Gabriela Anunciação
Graduanda em Engenharia Agronômica -UNIFEB

O potencial produtivo dos atuais genótipos de milho presentes no mercado é muito alto, visto que as tecnologias aplicadas no desenvolvimento genético atrelam resistência e produtividade e possibilitam a adaptação de cultivares a diversas condições edafoclimáticas. No entanto, como forma de potencializar os resultados a campo, diversas são as fontes nutricionais e fisiológicas capazes de induzir respostas benéficas nas plantas e, como consequência, elevar os ganhos do produtor.

Nesse segmento, o silício é amplamente conhecido por suas propriedades em gramíneas, especialmente no que se trata do acúmulo foliar capaz de causar o enrijecimento da cutícula e, por consequência, trazer benefícios na regularização da evapotranspiração, ou seja, aumenta a resistência a intempéries climáticas, além de diminuir as perdas causadas por insetos e patógenos, pois o endurecimento foliar dificulta a alimentação das lagartas e penetração de microrganismos.

O silício

Um dos elementos benéficos, ultimamente mais estudados no Brasil, é o silício. As plantas, normalmente, absorvem o silício na forma de ácido (H4SiO4) com gasto de energia (ativo) e que em seguida interage com a pectina e deposita-se na parede celular, ficando praticamente imóvel na planta.

Na literatura, existe indicação da divisão das plantas, quanto à capacidade de acumulação deste elemento: plantas acumuladoras: contém teores de 10 a 15% de SiO2, sendo exemplo as gramíneas como o arroz; plantas intermediárias: contêm teores de 1 a 5% de SiO2, sendo algumas gramíneas e cereais; plantas não acumuladoras: contém menos de 0,5% de SiO2, sendo exemplo a maioria das dicotiledôneas, como as leguminosas.

Atualmente, o Si não é considerado um nutriente “universal” das plantas; entretanto, a maioria dos autores colocam-no como benéfico ou utiliza-se o termo “quase-essencial”.

Na literatura, existem muitos relatos dos benefícios do Si nas plantas, mas o mais discutido é sua ação na resistência às doenças fúngicas em diversas culturas e também redução da incidência de pragas, pela maior dificuldade de alimentação delas, maior desgaste das mandíbulas e aumento da taxa de mortalidade.

Este efeito do Si na redução de doenças ocorre não apenas por um fator físico (formação de compostos que agem como barreira física abaixo da cutícula das folhas), como também químico (formação de compostos fitotôxicos aos patógenos). Salienta-se que os estudos recentes têm indicado que as plantas ricas em Si podem apresentar “buracos” na epiderme, sem a proteção física, de forma que os estudos que buscam isolar os compostos químicos produzidos pelas plantas têm sido um desafio aos fitopatologistas.

Reação

Respostas das plantas ao silício são mais significativos em sistemas de produção com algum tipo de estresse, seja biótico (doenças/pragas; cultivares pouco eretas, etc.) ou abiótico (déficit hídrico; excesso de metais como Al, etc.).

A aplicação de silício em milho, além dos benefícios fitossanitários, apresenta efeitos benéficos no sistema radicular, estudos realizados demonstram que os danos causados no sistema radicular por conta da salinidade do solo podem ser reduzidos quando há aplicação de silício em soluções nutritivas.

Levando em consideração que a maior parte dos solos brasileiros são ácidos, é importante ressaltar o efeito benéfico que o silício tem ao impedir a absorção de alumínio (Al3+), diminuindo seu potencial ácido. Além disso, o silício tem sido ligado com o aumento da produção de fitoalexinas pelas plantas, compostos químicos que são produzidos pelas plantas com o intuito de evitar a propagação de microrganismos, ou seja, substâncias de defesa naturalmente produzidas pelas plantas.

O manejo de adubação com silício vem sendo estudado de diversas formas, antes muito se falava da aplicação da escória de siderurgia, pois era a principal forma de fornecer esse elemento não essencial, porém, benéfico.

No entanto, sabe-se que esse subproduto, embora barato, pode apresentar metais pesados em sua composição, além de ser pouco solúvel. Dessa forma, considerando os diversos experimentos comprovando a eficácia do silício, o silicato de potássio aplicado de forma foliar tem sido uma alternativa promissora, pois este ainda pode ser aplicado junto a fungicidas e inseticidas, causando economias no uso de insumos, visto que diminui o número de aplicações, reduzindo gastos e compactação do solo.

Importante levar em consideração o período de aplicação, pois a melhor resposta da cultura do milho é no estádio V5. As dosagens vão diferenciar de acordo com a fonte e também com a quantidade de silício e outros nutrientes disponibilizados em conjunto, normalmente a dose se situa entre 1,0 e 2,0 L.ha-1.

Preços

Os preços dos produtos à base de silício são diversificados quanto à composição química oferecida. No mercado é possível encontrar formulados com silício atrelado ao potássio e fungicidas, por exemplo.

O acúmulo foliar de silício é muito grande, de forma que este não é exportado aos grãos, sendo assim, é importante destacar que a matéria orgânica do solo também é fonte deste nutriente. Fazendo uma análise comparativa dos benefícios já relatados pela aplicação de silício em milho, é perspicaz sua recomendação, pois, além dos efeitos da proteção radicular, seja com a produção de substâncias protetoras ou proteção da parede celular das raízes que impedem a perda de nutrientes ou efeitos tóxicos do Al3+, diversos são os resultados observados, até mesmo a diminuição de tombamento e perdas causadas por lagartas desfolhadoras e fungos que diminuíram a área fotossintética.

É garantir, por meio de uma única aplicação, que a planta fique mais forte no campo, de forma que ela resista às intempéries climáticas e eventuais pragas.

Alerta

Para evitar erros, o produtor deve sempre procurar produtos de marcas idôneas nas quais seja possível confiar na composição química. Além disso, é importante também ficar atento as dosagens recomendadas, pois mesmo que não haja descrições técnicas de efeitos tóxico de superdose de silício, os produtos possuem outros elementos químicos em sua composição, o que pode causar toxicidez nas plantas.

A recomendação é usar o produto com coerência e, dessa forma, o potencial genético das cultivares altamente produtivas que temos disponíveis no mercado vai ser efetivado.

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