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quarta-feira, abril 24, 2024
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Consórcio de braquiária e milho na reestruturação do solo

Fabíola de Jesus Silva

Engenheira agrônoma, mestre em Produção Vegetal e doutora em Fitopatologia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

fa.agronomia@gmail.com

Vanessa Alves Gomes

Engenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia e doutoranda em Proteção de Plantas – UNESP/Botucatu

vavvgomes@gmail.com

Carolina Alves Gomes

Graduanda em Agronomia – Universidade Federal de Viçosa (UFV/CRP)

carol.agomes11@gmail.com

Braquiária e milho – Crédito: Amarildo Francisquini

O consórcio de milho com braquiária tem como objetivo a produção de palha para cobertura do solo e a produção de forragem para alimentação de animais. A diferença entre um e outro objetivo consiste basicamente na população e distribuição de plantas: maiores populações são usadas para a formação de pasto e, menores, para a produção de palha. A semeadura da braquiária pode ser realizada antes, durante ou depois da semeadura do milho.

Em todos os casos, a adubação deve ser realizada apenas na linha do milho, reduzindo a competição entre as culturas. Quando antecipada e sem a supressão com herbicidas, a forrageira pode causar reduções significativas na produtividade do milho. Recomenda-se a implantação simultânea de milho e braquiária a fim de reduzir os custos com operações de semeadura. No entanto, a semeadura defasada da braquiária em relação à do milho, em até 14 dias, é uma alternativa para diminuir a competição da braquiária com o milho.

É importante salientar que, no caso de altas populações de plantas, para evitar perdas na produtividade do milho torna-se importante a aplicação de um herbicida para supressão inicial da forrageira. Vale ressaltar também que, no milho safrinha cultivado em sucessão com a soja, inevitavelmente deve-se fazer uma aplicação de herbicida para eliminação da soja remanescente; entretanto, esse herbicida pode também causar certa diminuição no crescimento da forrageira.

Opções

As modalidades de consórcio dizem respeito ao posicionamento das sementes da forrageira em relação às sementes do milho. A escolha e seleção podem ser variadas, dependendo do seu objetivo. Por exemplo, o consórcio com linhas de braquiária intercaladas às linhas do milho foi desenvolvido para espaçamento de 0,75 m a 0,9 m entre linhas de milho, exclusivamente tendo em vista a produção de palha para cobertura do solo.

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A implantação consiste em intercalar uma linha da forrageira com uma linha do milho. Para isso, mantém-se o milho na sua linha, enquanto que na linha intercalar coloca-se um disco e a quantidade de sementes de braquiária que proporcione a população de plantas desejada.

Já o cultivo de duas linhas de milho ao lado de uma linha de braquiária (outra modalidade) pode ser uma boa alternativa para o consórcio em espaçamento reduzido. Nesta modalidade, quando as linhas da semeadora estão reguladas 45 ou 50 cm entre si, o milho tem espaçamento útil de 67,5 cm ou 75 cm entrelinhas, respectivamente.

O sistema de consórcio com braquiária em área total (outra modalidade) pode ser utilizado para cultivos de milho em espaçamento reduzido e normal, sendo indicado para produção de palha e também de forragem.

Nesta modalidade, as sementes da braquiária são distribuídas na superfície do solo antecedendo ou simultaneamente à semeadura do milho, e parcialmente incorporadas pela passagem da máquina durante o plantio. Como as sementes, na maioria das vezes, são distribuídas a lanço, apresentam menor precisão no seu estabelecimento.

Dessa forma, para se obter a população inicial de plantas planejada, a quantidade de sementes deverá ser maior, porque há forte dependência da qualidade operacional. Além disso, como as sementes são posicionadas na superfície do solo e incorporadas pela passagem da semeadora, a qualidade na formação da forrageira é dependente, também, das condições climáticas, especialmente da chuva após a semeadura.

Pesquisas

Mas, afinal, a produtividade do milho é comprometida pela competição com a braquiária? Alguns trabalhos, avaliando o rendimento de grãos e silagem de milho para diferentes cultivares em consórcio com braquiária, encontraram resultados que demonstram satisfatória produtividade de milho grão e silagem, além de trazerem boas quantidades de forragem produzida durante o consórcio.

Além disso, foi demonstrado que o cultivo da braquiária em consórcio com o milho tende a beneficiar o milho, aumentando sua produtividade quando comparado ao cultivo do milho solteiro. Quando a braquiária foi plantada na semeadura do milho, houve produtividade de 712 kg.ha-1 superior à produtividade do milho cultivado em sistema de consórcio onde a braquiária foi semeada a lanço, quando realizada a adubação de cobertura do milho.

Cuidados

Alguns cuidados, contudo, devem ser tomados para garantir o melhor aproveitamento do sistema de produção. É desejável que a variedade ou cultivar de milho escolhida para o consórcio apresente maior altura de inserção da espiga, fato este que beneficia o desenvolvimento da braquiária após a colheita do milho.

Esta altura maior de corte pode ser utilizada a fim de diminuir os danos na braquiária durante a colheita do milho, podendo assim aproveitar a forragem para uso na pecuária. 

A integração lavoura-pecuária tem ganhado mais espaço nos dias atuais. Os produtores, ao colocar o gado nas áreas de braquiária, conseguem adquirir uma fonte de renda extra enquanto melhora as condições químicas e físicas de seus solos.

Desde que bem implantada, esta técnica não traz problemas de compactação na área. É necessário fornecer uma boa quantidade de biomassa, calcular a unidade animal por hectare, bem como escarificar o solo antes de entrar com a cultura subsequente.

Benefícios

O sistema de integração lavoura-pecuária melhora as condições físicas e químicas do solo em razão da maior produção de palha proporcionada pelo consórcio. Além disso, há uma melhoria na cobertura do solo, aporte de matéria orgânica, favorecimento da infiltração de água, maior exploração do perfil do solo pelas raízes, promoção da diminuição do processo erosivo e, consequentemente, mantém a estabilidade do sistema.

O consórcio milho-braquiária tem sido avaliado no outono-inverno utilizando a B. ruziziensis, com o objetivo de produzir grãos de milho e de soja em sistema de plantio direto, mantendo o solo permanentemente coberto. Em regiões de cerrados, a sucessão de milho e braquiária (Brachiaria brizantha, B. ruziziensis) promoveu melhorias significativas nas propriedades do solo, por meio do aumento da macroporosidade, porosidade total e densidade do solo.

Além do efeito de reestruturação do solo, este sistema proporciona efeitos positivos tanto para a soja quanto para o milho safrinha, cultivados em sucessão. Pela importância deste cultivo na sustentabilidade dos sistemas produtivos, o consórcio de milho safrinha com braquiária foi incluído no Zoneamento Agrícola de Risco Climático, para as regiões centro-oeste e centro-sul.

Custo envolvido

O custo de produção do sistema consorciado é maior que no solteiro por causa do uso da semente de braquiária. De acordo com estudos de caso feitos por especialistas, a receita bruta obtida, por hectare, com o sistema consorciado, foi superior em aproximadamente 7% à do sistema solteiro.

A renda líquida obtida após a remuneração de todos os fatores, no sistema consorciado, foi superior em aproximadamente 48% à do sistema solteiro. Apesar de o custo ser maior, o consorciado tem maior produtividade e, consequentemente, maiores receita e renda líquida.

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