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Correto manejo da salsa crespa

Crédito Divulgação

Gabrielly Machado Pereira
Graduanda em Agronomia – Centro Universitário de Ourinhos (Unifio)
gabriellympereira@gmail.com
Aline Mendes de Sousa Gouveia
Doutora em Agronomia/Horticultura e Professora – Unifio
aline.gouveia@unifio.edu.br

Atualmente, são cerca de 15 mil hectares cultivados com salsa crespa no Brasil, com produção estimada em torno de 150 mil a 200 mil toneladas por ano. A cultura envolve cerca de cinco mil famílias e movimenta aproximadamente R$ 2 bilhões anualmente.
Além de ter uma grande importância econômica devido a seus fins medicinais, a salsa é uma das plantas condimentares mais populares da gastronomia mundial.
O cultivo da salsa destaca-se por se adaptar a temperaturas amenas, sendo plantada o ano todo, mas preferencialmente no outono-inverno em regiões com maior altitude. Com a utilização do cultivo protegido, é possível realizar o controle das condições edafoclimáticas que interferem na produção das hortaliças, visando melhoria na qualidade dos produtos, aumento na produtividade e melhor aproveitamento dos fatores de produção.
As variedades são agrupadas pelo tipo de folha em: lisas (mais cultivadas no Brasil), crespas e muito crespas. Há, ainda, variedades cultivadas na Europa, cujo produto comestível são as raízes, que atingem cerca de 15cm de comprimento e 4,0 a 5,0 cm de diâmetro.
As mais plantadas no Brasil são a crespa, gigante portuguesa, graúda portuguesa, lisa comum e lisa preferida.

Exigências da cultura

As principais regiões produtoras da salsa crespa são: Centro-oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. A salsa alcança uma maior produtividade quando cultivada em solos areno-argilosos, com alto teor de matéria orgânica e boa fertilidade.
Apesar disso, a cultura é considerada pouco exigente em solo, adaptando-se melhor na faixa de pH 6,0 a 6,5. Uma técnica agrícola utilizada e que produz resultados satisfatórios é a incorporação de esterco de aviário, semanas antes da semeadura.
Sugere-se que sejam aplicados entre 100 – 180 kg/ha de P2O5 juntamente com 60 – 80 kg/ha no plantio; além de realizar coberturas com 20 – 30 kg/ha de N, uma ou mais vezes, conforme o aspecto nutricional das plantas.

Manejo produtivo

Semeia-se diretamente em sulcos longitudinais distanciados 25 cm nos canteiros. Deixa-se cair um filete contínuo de sementes, na profundidade de 5 – 10 mm. Quando as plantinhas apresentam duas folhas definitivas, elas são desbastadas, deixando-se aquelas escolhidas distanciadas 10-15 cm.
Para que o processo germinativo da semente de salsa ocorra de forma ideal, tendo em vista a lenta e irregular germinação apresentada pela cultura, faz necessário um nível adequado de hidratação, reativando, assim, o metabolismo da semente e resultando no crescimento do eixo embrionário.
Diante disso, entende-se que quanto maior a quantidade de água disponível, mais rápida será a absorção pela semente. No momento em que as plantas atingem cerca de 15 cm, o que ocorre por volta de 50 e 70 dias, tem-se a época da primeira colheita.
O corte deve ser feito um pouco acima da superfície do solo. A colheita pode se prolongar por 90 dias ou mais, haja vista o possível rebrotamento presente no ciclo da cultura, o que permite mais alguns cortes.

Principais pragas e doenças e seu controle

Septoria: uma das doenças foliares mais importantes da salsa. É causada por um fungo que imprime manchas marrons e pretas na planta e a seca até as folhas apodrecerem. Cavalinha é o melhor fungicida ecológico. A forma mais inteligente que se pode fazer com relação aos fungos é preveni-los: manter as plantas limpas, o ar circulante e evitar molhar as folhas ao regar (fungos gostam de lugares quentes, sombreados e úmidos).
Pulgões: geralmente aparecem se a irrigação for abundante e houver muito nitrogênio no solo. Se assim for, usa-se sabão de potássio dissolvido em água. O sabão de potássio é um produto natural, ecológico, não tóxico, que dispensa período de carência.
Mosca de aipo: geralmente é vista na primavera e no verão. A fêmea põe ovos nas folhas e as larvas se enterram no interior, fazendo com que o tecido seque. O extrato de neem é um excelente remédio ecológico para este inseto.
Um dos principais erros que deve ser evitado é o atraso nas operações fitossanitárias que implicam em menor eficiência e, consequentemente, causa um aumento no custo de produção ou redução da produtividade e da rentabilidade na cultura da salsa.

Colheita e cuidados

A primeira colheita ocorre quando as plantas atingem cerca de 15 cm, entre 50 e 70 dias após o plantio, podendo prolongar por 90 dias ou mais, haja vista o possível rebrotamento presente no ciclo da cultura, o que permite mais alguns cortes.
Certifique-se de regar as plantas por igual, especialmente na época de calor intenso, como no verão. Para determinar se a sua salsa está pronta para ser colhida, procure caules de três folhas segmentadas; não é preciso colher todos de uma vez.
Não corte a parte interna da planta, pois ainda está em maturação e originará mais folhas.

Margem de rentabilidade

Tendo-se o custo de produção total de R$ 10.754,98 e produção estimada em 22 t.ha-1 ou 1.000 cx/ha, chega-se a um custo de R$ 10,75 por caixa. Entretanto, considerando a média nacional de 9,3 t.ha-1 ou 422,7 caixas por hectare, e o fato de que a maioria dos produtores não têm acesso à assistência técnica especializada, tem-se um custo em torno de R$ 9.561,48, equivalente a um custo de R$ 22,62 por caixa.
Considerando o preço médio praticado no CEAGESP no mês de abril de 2022 de R$ 26,11, e a produtividade de 1.000 cx/ha, obtém-se receita bruta de R$ 26.110,00/ha. Subtraindo-se o custo de produção da receita bruta, chega-se à receita líquida ou margem de R$ 16.548,52/ha.
Todavia, considerando a média nacional de 422,7 cx/ha, cabe ressaltar que estes níveis de produtividade, bem abaixo do potencial da cultura, estão geralmente associados a custos de produção bem menores, de R$ 1.830,00, considerando a não utilização de irrigação e baixos níveis de adubação, além de utilizar assistência técnica, por meio dos órgãos de extensão rural.

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