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Couve-flor: critérios para o sucesso do plantio

Os programas de melhoramento genético das empresas desenvolveram cultivares tropicalizadas, permitindo assim realizar o cultivo durante todo o ano.

Cauliflower (cabbage) with cauliflower leaves isolated on white background. Clipping path.

Guilherme José Ceccherini
Engenheiro agrônomo e mestre em Produção Vegetal e Bioprocessos Associados – Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
ceccherini93@gmail.com

Dentre as cultivares de couve-flor existentes no mercado, os materiais podem ser separados de acordo com sua janela de plantio em verão, inverno ou meia estação. Para cultivo no verão, há cultivares com ciclo de 90 dias, resistentes a Xanthomonas, para inverno há materiais com ciclo médio de 105 dias e também resistentes a essa doença, e de meia-estação há cultivar com ciclo de 95-105 dias.

Condições de plantio

Com relação à época de plantio, o produtor deve ter em mente que a temperatura é fator essencial para a produção. A couve-flor, antigamente, era considerada típica das estações de outono-inverno, devido a sua exigência por temperaturas amenas ou frias para formar “cabeças” de acordo com o padrão de preferência do mercado consumidor.

Contudo, com o passar dos anos, os programas de melhoramento genético das empresas de sementes de hortaliças no Brasil desenvolveram cultivares tropicalizadas, as quais são possíveis de serem plantadas em temperaturas mais elevadas, permitindo assim ao produtor realizar o cultivo durante todo o ano.

Segundo o catálogo Brasileiro de Hortaliças escrito pela Embrapa e Sebrae, e disponível na internet para consulta, os períodos ideais para plantio de couve-flor ,de acordo com a região do Brasil, são definidos da seguinte forma:

Tratos culturais

Aos produtores que buscam sempre obter o maior nível produtivo da sua lavoura, a realização de calagem, adubação e controle de plantas daninhas é de fundamental importância.

De forma geral, a couve-flor apresenta melhor desenvolvimento em solos mais argilosos, com alto teor de matéria orgânica e boa drenagem. E por ser uma cultura que tem baixa tolerância à solos ácidos e altos níveis de alumínio, exige que o pH do solo esteja entre 6,0 e 6,8.

Por isso, o primeiro passo que o produtor deve dar é coletar amostra de solo da área em que será feita o plantio, para fazer análise e assim realizar a aplicação da quantidade necessária de calcário, para elevar a saturação por bases a 80%, sendo o calcário aplicado anterior à operação de aração, durante o preparo do solo.

Dependendo da análise de solo, é sugerido que produtores usem adubos formulados balanceados por nitrato de cálcio (N – 14% e Ca – 16%) e nitrato de amônio (32 – 34% de N) como fonte nitrogenada. Para a adubação de plantio, deve-se usar adubos formulados na proporção de 1N:4P:2K, ou comumente encontrado como 4-14-8, na proporção de 2,5 t ha.

Controle fitossanitário

Quanto ao manejo de plantas infestantes, a couve-flor, deve ficar livre da competição por espaço, luz, água e nutrientes, principalmente nas primeiras semanas após o transplantio das mudas, na intenção de evitar a concorrência. O produtor pode optar por meios como capinas, herbicidas, mulching ou resto de palhada.

De acordo com a lógica de interferência implicada pelas plantas daninhas, após o transplante das mudas a presença delas por um período específico não ocasiona competição, sendo denominado de “período anterior à interferência-(PAI)”.

Por outro lado, referente ao “período total de prevenção da interferência-(PTPI)”, que começa a partir do transplante das mudas, a cultura necessita da ausência de competição das plantas daninhas, até que consiga sombrear o solo, ou seja, capaz de suprimir a germinação de novas plantas concorrentes.

Por último, o “período crítico de prevenção de interferência-(PCPI)” acontece quando o PTPI supera o PAI, sendo este período de extrema importância, pois é quando ocorre maior infestação das plantas daninhas prejudicando a cultura, sendo indicado para início do controle.

Deve-se lembrar que, para executar uma boa estratégia de controle das plantas infestantes, é preciso levar em consideração a densidade das daninhas, da cultivar e espaçamento.

Métodos eficientes

Hoje, o principal método de plantio da couve-flor é por transplantio de mudas, o qual confere melhor pegamento pós-transplante, reduzindo assim a mortalidade de plantas no campo, levando mais aproveitamento de sementes e chances de fazer com que a planta expresse sua máxima capacidade genética.

Porém, como desvantagem desse método está o custo para aquisição das bandejas de mudas, que acaba sendo mínimo, comparado à colheita promissora que seu uso permite.

Cauliflower field, farmland. View of the cauliflower cultivation. Farming, caring for crops. A huge field of growing cauliflower, harvest, village.

Necessidade hídrica

A cultura da couve-flor é altamente exigente em água, sendo preciso manter o solo constantemente próximo à capacidade de campo até o início da colheita. O período crítico à falta de água no solo começa na formação e no desenvolvimento da inflorescência.

A necessidade total de água da cultura é variável entre 380 a 500 mm, porém, além das condições climáticas, a necessidade hídrica é influenciada também pela duração do ciclo da cultivar.

O sistema de irrigação principal utilizado no cultivo da couve-flor ainda é por aspersão, porém, gera maior gasto de água e favorece os patógenos. Contudo, existem produtores que têm analisado o uso de sistemas de irrigação mais eficientes, como o gotejo, que por irrigar de forma localizada, facilita a injeção de fertilizantes junto à irrigação, com maior frequência e eficiência de absorção pela planta.

Para se ter um bom manejo da irrigação, o produtor pode se basear no potencial de água no solo (tensiômetros), pela maior facilidade de manuseio e operação.

 Os produtores já encontram no mercado nacional diversos tensiômetros de leitura direta, nos quais a irrigação deve ser efetuada sempre que a tensão atingir valor máximo, para não prejudicar o desenvolvimento da cultura.

O uso dos tensiômetros, além de auxiliar no manejo da irrigação, geralmente é acompanhado da redução do tempo de irrigação da cultura, proporcionando economia de energia com a motobomba e equipamentos de irrigação.

Colheita

A colheita da couve-flor deve ser feita quando a inflorescência estiver bem desenvolvida, com os botões florais unidos, deixando a cabeça compacta e firme. O corte deve ser realizado no colo da planta e deixando algumas folhas para a proteção da cabeça durante o transporte até a comercialização.

the ripe green cauliflower plant seedlings in the garden.

Atualmente, o mercado consumidor tem dado preferência a inflorescências de tamanho médio e cor branca. Deve-se ter em mente que a escolha do material genético tem grande relevância nos resultados, pois normalmente os híbridos têm uniformidade de colheita maior.

Classificação e comercialização

A classificação da couve-flor por tamanho e qualidade tem o objetivo de melhorar os preços de comercialização para os produtores e consumidores, devido a menores perdas e melhor qualidade de cabeça.

A tonalidade de cabeça varia, sendo a branca a de preferência absoluta do mercado consumidor. A categoria de qualidade da couve-flor é designada pela ocorrência de defeitos graves e leves, associados à tonalidade de cor.

Normalmente, a comercialização das inflorescências é feita em caixas do tipo mineira ou tipo K nos entrepostos de redistribuição, como as Ceasas e Ceagesp. Alguns produtores que têm trabalhado diretamente com supermercados podem disponibilizar a couve-flor embalada em filmes plásticos, sacolas ou em bandejas de isopor, visando aumentar a conservação pós-colheita e evitando que a inflorescência se desidrate.

A couve-flor é uma hortaliça com alta taxa respiratória e elevada perda de água por transpiração, sendo necessário o controle do oxigênio, temperatura e umidade relativa do ar para evitar perdas na qualidade.

A embalagem em filme plástico (polietileno ou PVC) perfurado diminui a perda de água e aumenta a durabilidade do alimento devido à redução na respiração. Porém, se manuseado sem cuidados, pode aumentar a incidência de doenças devido à alta umidade do ar dentro da embalagem e aumentar a deterioração por excesso de gás carbônico.

O armazenamento sob baixas temperaturas (entre 0 a 5 ºC) e alta umidade relativa (95 a 98%) é uma técnica eficiente para aumentar a durabilidade dessa hortaliça. A inflorescência da couve-flor, nessa situação, tem sua taxa de respiração reduzida, sendo a perda de água e o amadurecimento atrasados.

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