Alana Emanoele Pereira
ae.pereira@unesp.br
Camile Dultra
amile.dutra@unesp.com.br
Engenheiras agrônomas e doutorandas em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP
Adriana Zanin Kronka
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Fitopatologia e docente – UNESP
adriana.kronka@unesp.br
No estádio inicial do desenvolvimento da lavoura é de suma importância que as plantas apresentem maior resistência ao ataque de pragas e doenças, visto que quando não controlados, esses fatores podem ocasionar morte de plântulas e redução do estande, afetando a produtividade final da cultura.
O tratamento de sementes está entre as medidas fitossanitárias mais eficientes nos cultivos de soja e milho. Por meio desta técnica, é possível manter a qualidade inicial das mesmas, eliminando ou reduzindo a pressão de pragas e doenças, além de manter a área livre do ataque de patógenos no início do cultivo e/ou a entrada destes em áreas isentas.
Tal prática tem sido utilizada por várias décadas, e aperfeiçoada nos últimos anos, buscando sempre o melhor desenvolvimento da lavoura. Embora grande parte do tratamento de sementes de soja seja “on farm” (no campo, na própria propriedade), a comercialização de sementes já tratadas diretamente na indústria sementeira tem aumentado nos últimos anos (atualmente representa 60% da soja comercializada TSI).
Neste sistema industrial, além de todo pacote tecnológico que as indústrias oferecem, é seguido um cronograma que envolve o departamento técnico e comercial. Após serem beneficiadas, as sementes são armazenadas em condições adequadas, garantindo a viabilidade destas. O departamento comercial é então informado dos lotes obtidos, iniciando a comercialização das sementes e do tratamento, de acordo com a demanda dos clientes. Após os volumes definidos, é que se começa a realizar o tratamento das sementes, para que chegue ao produtor no período de efetuarem o plantio.
Como realizar o tratamento de sementes
A qualidade das sementes deve ser considerada em todas as fases de produção, uma vez que influenciará diretamente no desenvolvimento e sucesso da cultura e, consequentemente, no bom retorno financeiro ao produtor.
O tratamento de sementes de milho híbrido é feito por empresas beneficiadoras de sementes, ou seja, é realizado o tratamento industrial de sementes (TSI). Já o tratamento de sementes de soja pode ser feito tanto de maneira industrial, pelas indústrias sementeiras, ou “on farm”, dentro da propriedade, com máquinas especializadas para este fim, momentos ou horas antes da semeadura.
A partir do tratamento de sementes é possível, além da aplicação de fungicidas, inseticidas e nematicidas, realizar a incorporação de produtos como micronutrientes, polímeros, inoculantes, bactérias fixadoras de nitrogênio, entre outros, com o intuito de melhorar a plantabilidade e reduzir a ocorrência de falhas nas lavouras.
Em ambas as práticas de tratamento, recomenda-se que o mesmo seja realizado de forma correta, a fim de evitar danos às sementes. O TSI apresenta várias vantagens em relação ao tratamento “on farm”, uma vez que proporciona precisão do volume de calda e quantidade de sementes que serão utilizadas, maior e melhor cobertura das sementes tratadas com o produto químico, menor risco de intoxicação dos operadores, bem como maior rendimento por hora de tratamento.
Entretanto, quando o produtor escolhe o método “on farm”, ele pode adquirir o produto indicado pelo técnico responsável da área, e tratar a semente em máquina movida à eletricidade, com diferentes capacidades de produção. De acordo com a Momesso, especialista na tecnologia de equipamentos para tratamento de sementes, o produtor deve se atentar não somente na capacidade de produção, mas também na qualidade do tratamento. “Nossa Engenharia segue critérios rígidos quanto à qualidade da aplicação e dispersão dos produtos utilizados nas sementes, garantindo o máximo de desempenho do equipamento, que pode variar de 60 a 120 sacas hora”.
Como evitar danos no tratamento de sementes
Embora se tenha inúmeras vantagens relacionadas ao tratamento de sementes, alguns cuidados devem ser observados na realização de tal prática, para que danos sejam evitados durante o tratamento.
Assim, devem ser considerados: a quantidade de produtos que podem ser incorporados no tratamento de sementes; a compatibilidade de produtos utilizados em mistura no mesmo tratamento; o tamanho e formato das sementes e a cultura tratada.
A combinação de produtos como fungicidas, inseticidas, nematicidas, inoculantes, micronutrientes, polímeros, entre outros, também deve ser avaliada, uma vez que pode causar fitotoxidade às sementes, além de impactos ambientais, considerando que, por vezes, pode-se ter um excesso de produtos no tratamento.
Deve-se considerar que, em casos de efeito fitotóxico, a qualidade fisiológica das sementes pode ser alterada, diminuindo a germinação e emergência de plântulas. Outros efeitos podem ser observados, tais como engrossamento, encurtamento, rigidez e fissuras longitudinais em hipocótilos (principalmente em semeaduras profundas); atrofia do sistema radicular; retardamento do desenvolvimento vegetativo da parte aérea das plantas, podendo estar associado ao encurtamento da distância de entrenós; e, em determinadas situações, multibrotamento no nó cotiledonar, interferindo no estabelecimento do estande e na produtividade da cultura.