19.6 C
Uberlândia
sexta-feira, abril 19, 2024
- Publicidade -
InícioDestaquesCultivo do endro

Cultivo do endro

Atração a inimigos naturais de pragas

Franscinely Aparecida de AssisDoutora em Entomologia e professora do Curso de Agronomia – Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)franscinelyassis@unicerrado.edu.br

Vanessa AndalóDoutora em Entomologia e professora do Curso de Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)vanessaandalo@ufu.br

Endro – Créditos: Pixabay

A espécie Anethum graveolens L., popularmente conhecida como aneto, endro ou dill, apresenta origem controversa, sendo a mesma atribuída ao Sul da Europa ou Oeste da Ásia. Trata-se de uma planta da família Apiaceae, de ciclo anual e herbácea, de porte ereto, que pode alcançar 1,20 m de altura. Na aparência, é semelhante ao funcho Foeniculum vulgare Mill., por pertencerem à mesma família botânica.

O endro é uma planta glabra, ramificada, com haste sulcada e entrenós ocos. As folhas são finas, alternadas, pecioladas, verde brilhantes e filiformes, semelhantes às do funcho, porém menores. As flores são amarelas, dispostas em quatro a oito umbelas, sendo visitadas por abelhas e moscas, enquanto o fruto apresenta uma semente marrom.

Características

Pode ser utilizado para fins medicinais, aromáticos e como condimento. Apresenta sabor levemente amargo e picante, sendo as sementes e as folhas as partes da planta mais utilizadas. Para preparo de molhos, saladas e sopas são usadas folhas (frescas ou secas) e inflorescências.

Conservas podem ser saborizadas mediante o uso das inflorescências e dos frutos maduros. Também é possível obter óleos essenciais por meio das partes verdes (óleo da erva de endro) e dos frutos (óleo da semente do endro), sendo utilizados, respectivamente, como aromatizante e tempero na indústria alimentícia e como medicinal, no alívio de problemas digestivos. Em geral, o endro apresenta propriedade carminativa, estimulante e diurética, além de aumentar a produção de leite materno.

Atratividade aos inimigos naturais

Além da importância medicinal, aromática e condimentar, o endro fornece recursos alimentares importantes para os inimigos naturais, como pólen e presas, pois a cultura hospeda insetos fitófagos; e atua como substrato para acasalamento e oviposição, o que favorece a manutenção de insetos predadores na área de cultivo e auxilia na redução da densidade populacional dos insetos-praga.

Na tabela a seguir são apresentados alguns predadores que foram relatados na cultura do endro (Tabela 1).

Tabela 1. Predadores associados à cultura do endro Anethum graveolens L.

Nome comum Espécie Ordem (Família)
Aranha Misumenops sp.1 e 2 Araneae: Thomisidae
Crisopídeo Chrysoperla externa Neuroptera: Chrysopidae
Cycloneda sanguinea
Joaninhas Hippodamia convergens Coleoptera: Coccinellidae
Harmonia axyridis
Eriopsis connexa
Percevejo Orius insidiosus Hemiptera: Anthocoridae
Tesourinha Doru luteipes Dermaptera: Forficulidae
Tripes Franklinothrips vespiformis Thysanoptera: Aeolothripidae

Fonte: Lixa et al., 2010; Resende et al., 2012; Resende et al., 2017.

Cultivares

[rml_read_more]

Dentre as cultivares de endro que apresentam registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, têm-se as seguintes: Aneto-Endro, Dill Bouquet, Dill Fernleaf, Dill Plain, Dukai-Dilo, Endro Dill ou Aneto (MAPA/CultivarWeb, 2022).

Propagação e cultivo

O plantio do endro pode ocorrer durante todo o ano, principalmente no início da primavera, sendo sua propagação realizada por sementes. Inicialmente, deve-se eliminar torrões dos canteiros até 20 cm de profundidade, a fim de favorecer o desenvolvimento do sistema radicular.

O solo deve apresentar pH variando de 5,5 a 6,5. Quanto à adubação, pode ser utilizado esterco e 300 g de adubo mineral formulado (NPK) para cada 10 m2 de canteiro. No que diz respeito à umidade, o solo deve ser úmido, pois solo seco e alta temperatura do ar contribuem negativamente para florescimento precoce, o que faz com que a planta apresente menor teor de óleo essencial, o que não é desejável.

A semeadura pode ser direta ou realizada em sementeira, com a semente colocada de 0,5 a 1,0 cm de profundidade. A germinação ocorre de sete a 21 dias, sendo que no caso da sementeira o transplantio das mudas deve ocorrer de 25 a 30 dias após a germinação. O espaçamento praticado para a cultura varia de 0,30 m x 0,30 m ou 0,40 m x 0,30 m, entre linhas e plantas, respectivamente.

Durante a condução da cultura, é necessário eliminar as plantas daninhas por competirem com o endro por água, luz e nutrientes. É importante salientar que a cultura é sensível a ventos, devendo o cultivo ser protegido dos mesmos. Também não é recomendável fazer o cultivo do endro próximo ao funcho, em função do cruzamento interespecífico.

Colheita e comercialização

O ciclo da cultura varia de 90 (verão) a 120 dias (inverno), sendo que a incidência direta de luz solar durante todo o dia favorece o crescimento e desenvolvimento das plantas. Na colheita do endro, pode-se optar por colher somente as folhas, até a floração, ou a planta inteira.

Para obtenção das sementes, o ideal é não colher as folhas, para não prejudicar a produção. Frutos de coloração amarronzada são um indicativo de que as sementes estão prontas para serem colhidas.

No que diz respeito à comercialização, nos hortifrútis o endro é encontrado para venda na forma de maço com valores entre R$ 7,99 a R$ 9,95. No entanto, esses preços podem sofrer grande variação, dependendo da região.

ARTIGOS RELACIONADOS

Abóbora Takayama F1 se destaca pela produtividade e adaptabilidade em diferentes solos e climas

  Originária das Américas, a abóbora é conhecida e cultivada em todos os continentes e largamente empregada no consumo humano, animal e na indústria para...

Novo calendário da soja x ferrugem asiática: quem tem razão?

José Luiz Tejón, membro do Conselho Científico Agro Sustentável, reflete sobre o novo calendário do plantio da soja em artigo.

Escolha da variedade de cebola resistente às doenças foliares

  Douglas José Marques Professor de Olericultura, Genética e Melhoramento Vegetal " Unifenas douglas.marques@unifenas.br Hudson Carvalho Bianchini Professor de Fertilidade do Solo - Unifenas Fábio Augusto Ishimoto Graduando em Agronomia O panorama...

Sementes certificadas – A garantia de um plantio confiável

  O processo de certificação de sementes foi instituído no Brasil pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) por meio de instruções normativas e...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!