23.6 C
Uberlândia
domingo, outubro 6, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosCultivo em campo aberto ou hidroponia: qual o melhor para o cultivo...

Cultivo em campo aberto ou hidroponia: qual o melhor para o cultivo de folhosas?

Gustavo Hacimoto
Desenvolvimento de Produtos – Enza Zaden Brasil

Quando se trata de comparar os métodos de produção de folhosas, seja no solo em campo aberto ou na hidroponia em cultivo protegido, é necessário considerar os prós e contras de cada sistema. Essa análise detalhada é crucial para que produtores possam tomar as suas decisões para que ao final tenham êxito em seus negócios.

Analisando friamente, pode-se afirmar que o cultivo hidropônico se destaca como a opção mais “eficiente”. Nesse sistema, os alimentos são produzidos de maneira mais limpa, já que não há contato direto com o solo.

A eficiência no uso de adubos é superior, pois os nutrientes requeridos pela planta são dissolvidos em água, ficando prontamente disponíveis para absorção. Além disso, o ciclo de crescimento das plantas é mais curto do que no cultivo em campo aberto, o que permite uma colheita mais rápida.

Outro ponto forte da hidroponia é a capacidade de cultivar mais plantas por metro quadrado, o que resulta em maior rendimento por área. Com ajustes na estrutura e na adubação, é possível cultivar uma ampla variedade de itens ao longo de todo o ano, garantindo oferta constante para os clientes finais, uma vantagem significativa em termos de mercado.

O outro lado da moeda

Por outro lado, há desvantagens na hidroponia que não podem ser ignoradas. O investimento inicial é substancialmente alto, exigindo estufas, plásticos, perfis ou calhas para condução das plantas, bombas, reservatórios de água e solução nutritiva, entre outros.

A vantagem do fornecimento direto de nutrientes pode se transformar em desvantagem caso ocorra algum erro no preparo da solução nutritiva, seja por quantidade ou incompatibilidade entre os adubos, levando a desequilíbrios nutricionais que prejudicam o desenvolvimento das plantas.

Além disso, as mudanças ambientais bruscas podem exigir ajustes imediatos na adubação. Por exemplo, dias nublados e de temperaturas mais baixas seguidos de um aumento repentino na temperatura podem causar deficiência de cálcio, resultando na “queima de borda” ou “tipburn”.

Outro ponto crítico é a dependência constante de energia elétrica para o funcionamento do sistema, o que exige planos alternativos para possíveis interrupções no fornecimento, especialmente em regiões mais quentes.

Quanto a pragas e doenças, o cultivo protegido não está imune a esses problemas, que apenas mudam de natureza e podem causar danos equivalentes aos observados no campo aberto, seja diretamente às plantas ou indiretamente como vetores de doenças.

CONFIRA ESSE CONTEÚDO EM FORMATO REELS:

O campo aberto

Por sua vez, o cultivo no solo em campo aberto apresenta suas próprias vantagens. O investimento inicial em infraestrutura é consideravelmente menor do que na hidroponia. O solo atua como um efeito tampão em relação à adubação, mascarando erros e mitigando impactos negativos no desenvolvimento das plantas.

A vasta e rica biodiversidade do solo, com milhões de microrganismos, pode ser uma aliada no combate a fitopatógenos e pragas, além de auxiliar no crescimento das plantas por meio da produção de compostos benéficos ou no fornecimento de nutrientes.

No entanto, a biodiversidade do solo pode ser comprometida em cultivos comerciais sucessivos em uma mesma área, facilitando o estabelecimento de fitopatógenos de forma mais agressiva, causando danos às plantas e consequentemente à produção final.

Por isso, é essencial cuidar do solo, adotando práticas como rotação de culturas e incrementando a matéria orgânica através de uma adubação verde para preservar a saúde do solo e garantir a sustentabilidade a longo prazo.

É preciso organizar bem a área que se possui para o cultivo de modo que se tenha sempre lotes em produção e lotes em rotação.

Desafios

No entanto, o cultivo em campo aberto enfrenta desafios significativos durante períodos chuvosos e de altas temperaturas, como maior incidência de pragas e doenças, além de dificuldades operacionais no preparo do solo e dos canteiros.

Essas condições podem impactar negativamente a disponibilidade e qualidade dos produtos ao longo do ano, um fator crucial para atender às expectativas dos consumidores.

Comparativo

Considerando a parte prática de ambos os cultivos, para ter uma alta escala de produção a demanda por mão de obra é alta em ambos os casos, especialmente nas operações de plantio e colheita, que são predominantemente manuais.

Em alguns casos, como na hidroponia, há a necessidade adicional de operações como o transplante em fases de berçário, o que aumenta ainda mais a necessidade de pessoas.

Em termos de sabor, há quem defenda que rúcula ou agrião cultivados em campo aberto têm mais sabor e intensidade do que os cultivados em hidroponia. Isso pode ser atribuído à diferença na nutrição das plantas em cada sistema.

Na hidroponia os nutrientes são dissolvidos em água e disponibilizados à planta como se fosse uma injeção na veia. Com isso o desenvolvimento é mais acelerado e esse controle de qual nutriente aumentar ou diminuir pode ser feito diariamente, de acordo com a demanda da planta.

Em campo aberto, além desse processo de nutrição ser feito de outras formas, há interação da planta com o próprio solo, com a matéria orgânica e todos os microrganismos presentes nele. Na comparação com injeção na veia e hidroponia, no cultivo em solo estaríamos nos alimentando de uma dieta diversificada, com arroz, feijão, salada e proteína.

Em resumo, a intenção não é apontar qual sistema é superior, mas sim destacar que, de acordo com a realidade de cada produtor e região do Brasil, uma opção pode ser mais viável do que a outra.

É essencial considerar os recursos disponíveis e trabalhar para mitigar os pontos negativos, visando ao sucesso na produção.

ARTIGOS RELACIONADOS

Folhosas : Em destaque no cenário nacional

As folhosas ocupam lugar de destaque no cenário nacional da olericultura brasileira. De acordo com recente levantamento do Cenário Hortifrúti Brasil, quatro culturas pesquisadas (alface, repolho, couve e brócolis) envolvem um contingente próximo a 1,5 milhão de produtores, com grande destaque para São Paulo, porém, marcando presença nos cinturões verdes das principais cidades em todos os Estados do País.

Produção de folhosas durante o verão 2023/24

Folhosas correspondem a 60% da produção desse segmento em nosso país.

Como iniciar seu projeto hidropônico

O primeiro passo é pesquisar muito sobre o assunto.

Medidas preventivas são fundamentais para evitar doenças na hidroponia

A hidroponia é a técnica de cultivar plantas sem solo, onde as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada que contém água e todos os...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!