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Cultivo protegido: Aditivos nos filmes plásticos melhoram a eficiência?

Autores

Rhaiana Oliveira de Aviz
rhaianaoliveiradeaviz@gmail.com
Luana Keslley Nascimento Casais
luana.casais@gmail.com
Engenheiras agrônomas – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Luciana da Silva Borges
Doutora e professora – UFRA, campus Paragominas, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de pesquisa em agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br
Fotos: Ginegar Brasil

No cenário agrícola atual, está cada vez mais crescente a prática do cultivo em ambiente protegido, porque possibilita o controle dos fatores abióticos no cultivo, como temperatura, umidade do ar, intensidade de luz e velocidade do vento. Protege, também, de chuvas e granizo, além de possibilitar o cultivo contínuo de determinada cultura, diminuindo a sazonalidade de oferta do produto (Hortifruti Brasil, 2014)

Essa proteção está ligada ao uso de filme plástico, que é um dos principais materiais utilizados nessa prática de cultivo. O material serve tanto de cobertura para casas de vegetação quanto para o solo, e pode ser utilizado em várias etapas de produção, desde a produção de mudas até o cultivo no campo.

Dependendo do tipo de filme plástico empregado, ele pode conter aditivos que atuam de várias formas, melhorando as condições de cultivo. Algumas funções desses aditivos são o bloqueio da radiação ultravioleta (UV), aumento da vida útil do filme plástico e controle da luminosidade do ambiente. Também podem reduzir a incidência de pragas e doenças. Essas qualidades favorecem o desenvolvimento adequado e mantêm a sanidade da cultura (Lonax, 2017).

Aditivos existentes no mercado

No mercado existe uma variedade de filmes plásticos com diferentes aditivos, de acordo com a necessidade do produtor. São eles: aditivos anti-UV, filtros-UV, difusores de luz, aditivos anti-gotejo, refletores de luz, aditivos térmicos, aditivos atérmicos (ou antitérmicos), pigmentos (preto, branco, coloridos), aditivos anti-neblina, anti-poeira e inseticidas (Cobapla, 2018).

No Brasil, o mais utilizado pelos produtores é o filme composto de polietileno de baixa densidade transparente (PEBDt), com aditivos ultravioleta. A transmissividade da radiação solar nesse filme é de 80%. Além disso, os aditivos permitem que o material resista a ação de raios ultravioleta, adquirindo maior durabilidade (HOLCMAN, 2009).

O filme agrícola com aditivo difusor também é bastante utilizado no país, e é composto de materiais que possuem adição de cristais que são distribuídos em todo o filme. Esse filme balanceia a intensidade da luz dentro do ambiente, espalhando a luz por toda a área e distribuindo de maneira uniforme os raios solares (Silva, 2018).

Benefícios ao cultivo protegido

A utilização de filmes plásticos com aditivos interfere diretamente na qualidade e produtividade das plantas, pois são capazes de alterar o ambiente e proporcionar condições favoráveis ao desenvolvimento das culturas.

Em regiões de clima tropical, os aditivos são capazes de controlar a temperatura e intensidade de luz, auxiliando no sucesso do cultivo de hortaliças que são sensíveis às altas temperaturas. Além disso, mantêm a umidade e diminuem a evaporação da água, assim como a necessidade de água da planta. O uso desse material também reduz a incidência de pragas e doenças, reduzindo o uso de defensivos agrícolas e possibilitando a prática do cultivo orgânico (Lonax, 2017).

Manejo

Primeiramente, deve ser realizada construção da estrutura que será suporte para o filme. Vários são os materiais para a construção da estrutura, como por exemplo, madeira, metal, concreto, entre outros. Deve ter um pé direito de cinco metros, enquanto o comprimento e largura dependem do tamanho da produção que será realizada.

A instalação do filme agrícola deve ocorrer no início da manhã, para evitar danos ao material, sendo que a instalação em horários muito quentes pode causar estiramento e rasgo do filme. Evite desenrolar o filme sobre objetos pontiagudos, ou que possam rasgar ou perfurar a lona. Estique com cuidado e uniformemente sobre toda a estrutura. Após instalar, o filme pode se soltar e será necessário esticar novamente (Silva, 2018).

Para que a vida útil do material seja longa, é recomendado fazer manutenções periódicas, ter sempre em mãos fita adesiva específica para coberturas e utilizá-la em caso de furos ou rasgos. Após a instalação do filme plástico, deve ser realizado o preparo do solo de acordo com a cultura a ser utilizada.

No cultivo protegido com filmes agrícolas a produtividade pode aumentar em 50%, porque nesse ambiente há maior distribuição da luminosidade, favorecendo a fotossíntese, e maior eficiência de irrigação e adubação, evitando doenças e algumas pragas.

Pesquisas

Em trabalho realizado por Andrade et al. (2011), verificou-se o comportamento do ambiente em duas condições de ambiente protegido, sendo elas estufa de arco coberta com filme de polietileno normal e estufa de arco coberta com filme térmico difusor de luz, no município de Ilha solteira (SP). Constatou-se que o uso de filme térmico difusor de luz proporcionou redução de densidade de fluxo de radiação solar e temperatura do ambiente, melhorando o ambiente para o cultivo de olerícolas.

Escolha certa

É importante atentar-se aos fatores de instalação ou de uso que possam influenciar de maneira negativa na produção. A escolha do filme com aditivos específicos deve ser realizada com cautela, e de acordo com a necessidade da cultura e as condições climáticas do ambiente.

Um erro frequente é adquirir um filme plástico com aditivos que influenciam no aumento de temperatura e luminosidade para uso em locais tropicais. O horário de instalação do filme também é outro aspecto importante, pois, dependendo da temperatura, o filme pode dilatar (temperaturas altas) ou contrair (temperaturas baixas).

Caso a instalação seja realizada em horários com níveis críticos de temperatura, pode ocasionar o rasgamento ou pode não ficar bem esticado na estrutura (Lonax, 2017).

A escolha do tipo de filme com aditivos deve ser realizada com cautela, levando em consideração tanto as exigências da cultura quanto as características climáticas da região onde será cultivado. Existem filmes voltados para vários tipos de regiões, como por exemplo, climas tropicais, temperados, entre outros.

A vida útil do material também deve ser observada, pois ao longo do tempo de uso o material perde a transmissividade e deve ser trocado. O tempo de troca varia de acordo com o tipo de filme agrícola (Lonax, 2017).

Para maior garantia de sucesso e aumento de produção de tomate no ambiente protegido utilizando filme agrícola, é recomendado que o produtor siga sempre as instruções de um engenheiro agrônomo, que realizará o devido planejamento da instalação do filme e manejo da cultura.

Investimento x retorno

A prática de cultivo em ambiente protegido para início de produção é considerada de alto custo, porque, além da aquisição do filme plástico, também há os gastos com materiais para a construção da estrutura de sustentação e mão de obra, podendo chegar a R$ 40 mil em caso de construções com maior nível de tecnificação.

Entretanto, dependendo da produtividade da cultura e demanda do mercado, o gasto com a implantação pode ser pago em até um ano. Além disso, existem outros fatores que tornam o investimento favorável à produção agrícola, como a redução da sazonalidade da produção, atendendo durante o ano inteiro o mercado. Isso porque o ambiente protegido com filme agrícola permite a produção em qualquer período climático de uma região (Hortifruti Brasil, 2014).

Há uma redução de gastos com aplicação de defensivos agrícolas, pois o microclima gerado com o uso de filmes agrícolas diminui a incidência de doenças e também de algumas pragas. Com a possibilidade de cultivo sem o uso desses produtos, fica mais fácil a prática do cultivo orgânico, agregando maior valor ao produto.

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